Um doleiro atropelando a pauta

Governo precisa agir rápido para conter os danos materiais e a crise de imagem que se abate com o rombo de R$ 104 milhões perdidos em títulos podres pelo Igeprev...

PF apreendendo bens e objetos do doleiro
Descrição: PF apreendendo bens e objetos do doleiro

 

Amigos, estamos há um ano das eleições, portanto, nenhuma mídia negativa a políticos tocantinenses pode ainda ser atribuída às artimanhas da oposição. Ainda mais essa, de contornos nacionais e que mira prender muito além de um deputado federal tocantinense em suas teias.

 

O que acontece aqui há alguns dias – rumores de escândalo por conta de aplicações mal feitas pelos gestores do Igeprev em títulos podres -  estourou ontem em mídia nacional, com contornos bem maiores do que se podia imaginar.

 

O nome do deputado Eduardo Gomes (PSDB), juntamente com o do assessor que o acompanha desde os tempos de Câmara Municipal de Palmas, o conhecido Amando, está rolando não só em boca de Matilde. Mais grave do que isso: num inquérito da Polícia Federal, repercutido no Jornal Nacional, UOL, Bom dia Brasil e por consequência em centenas de blogs e portais Brasil a fora abordam o assunto.

 

Gomes e mais dois deputados federais foram flagrados em escutas telefônicas de um monitoramento legal e autorizado pela justiça à PF, que mirava na verdade o doleiro Fayed Trasbulsi e sua organização criminosa. Mas não é só isto. Como tudo que vaza na PF escapa a conta-gotas, podemos esperar mais para os próximos dias.

 

Caderninho explosivo

 

À moda da máfia italiana nos filmes que estamos acostumados a ver na TV, o doleiro tinha um caderninho. Uma imagem dele, com nomes anotados e valores ao lado, foi parar no Jornal Nacional.

 

É neste caderno, anexado aos autos que subiram para o STF, que está o nome de Eduardo Gomes, ao lado de dois números: 250 e 60. Dando raias à imaginação sobre o que significa isto.

 

De prático, a PF rastreou dois depósitos na conta de Amando Almeida Leão Neto, feitos, segundo vai no inquérito, por laranjas de Fayed. A título de quê? Não se sabe.

 

Por estas e outras -  Amando tem um lado assessor e outro empresário, sócio da Pró 2 – o processo ainda tem muito a caminhar até que tudo se esclareça.

 

No caso do Tocantins, outros nomes aparecem no caderninho. E outros supostos valores pagos pelo doleiro a título de comissão/participação a agentes públicos. Um deles é o do presidente afastado do Igeprev, Rogério Villas Boas.

 

Nas escutas, conforme informações que já se alastram nos bastidores, surge outro personagem importante no esquema de fraude que se instalou no Igeprev: o “professor”. Este, supostamente também ligado ao Instituto, era quem esclarecia aos envolvidos no esquema, de que forma proceder.

 

Em pleno mês de outubro, aniversário do Estado, tudo o que o governo não precisava era de um doleiro atropelando a pauta de anúncios de investimentos  nos municípios e comemoração festiva dos 25 anos do Tocantins. Aconteceu.

 

Agora, o desafio é fazer um limpa no Igeprev e instalar uma auditoria urgente dentro do instituto. Afinal, como é que o Estado -  e consequência disto o servidor público, beneficiário do fundo -  toma um prejuízo acima de R$ 104 milhões e fica tudo por isso mesmo?

 

Se não colocaram a ratoeira para funcionar antes, é urgente estancar a crise e conter os danos, não só materiais, mas de imagem.

 

Com todos os problemas que tem para gerir e eventuais defeitos que seus adversários possam nele enxergar, o governador Siqueira Campos não merece mancha tamanha no governo que fechará a sua história política e administrativa no Estado. 

 

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