Quando quem deve guardar a lei espiona adversários

Quem não viu a entrevista do delegado aposentado Tuma Jr ao Roda Viva há alguns dias, precisa ver. Ele escancara a prática do governo de espionar adversários com escutas telefônicas ilegais

Tuma Jr.: esquema era fabricar dossiês
Descrição: Tuma Jr.: esquema era fabricar dossiês Crédito: Da Web

Tuma Jr, o tuminha, arrepiou. É um relato de como o governo brasileiro usou da estrutura de segurança pública para espionar adversários políticos com escutas ilegais num passado bem recente, em 2007.

 

Um vídeo compilado dos melhores momentos da entrevista de Tuma Jr pode ser visto aqui.

 

No Tocantins existe a história, as versões e as lendas quando o assunto é escuta telefônica não autorizada.

 

Na última campanha ao governo do Estado, corre nas rodas mais fechadas a história da Van.

 

Ninguém sabe a cor e há apenas suspeitas sobre quem dirigia, mas a dita cuja circulava por aí supostamente munida de uma maleta israelense de escuta ilegal prestando serviço a uma determinada campanha, grampeando celulares ao gosto do freguês e mudando frequentemente de local para não ser flagrada pela Polícia Federal.

 

Guardião: a serviço de quem?

 

Legalmente falando o sistema Guardião é utilizado por autoridades de segurança pública, com a devida autorização judicial, para monitorar criminosos. Aqui, até onde se sabe governo do Estado tem um, controlado pela Secretaria de Segurança Pública e o Tribunal de Justiça teria outro. Fora a PF que tem sua estrutura própria mas está noutra esfera e noutro nível, se vocês me entendem.

 

Pano rápido.

 

Reza a lenda que um ex-secretário de segurança virava a noite dando risadas das gravações que mandava fazer durante o dia, monitorando afetos e desafetos. E sabia de tudo: desde o que realmente interessava, até inconfidências e infidelidades de casais conhecidos na política tocantinense.

 

Outro ex-secretário, de outra pasta, já ligou para gente do parlamento tocantinense tirando satisfações de conversa ocorrida entre A e B, por telefone, na madrugada. O que dá o que pensar sobre como ele saberia do conteúdo...

 

Fecha parênteses.

 

E porque entro no assunto nesta terça-feira de fevereiro, prenúncio dos dias de carnaval que virão?

 

É que já correm rumores nas rodas reservadas que o Guardião no Tocantins virou instrumento de vigilância de adversários políticos do governo. Uma suspeita tenebrosa já que vivemos supostamente numa democracia e que existe uma coisa imaginária no Brasil chamada “estado de direito”.

 

Algo assim tão horroroso é coisa do tipo que prefiro nem acreditar, tamanho o desânimo que me abateria...

 

Mas vamos adiante, no campo das hipóteses.

 

Se real, este uso leva a uma pergunta que não quer calar: quem vigia os vigias?

 

Quanto tempo será preciso esperar para saber que ordens tortas estariam comandando os instrumentos de controle que devem estar a serviço da lei, utilizados dentro da lei e para monitorar bandidos? E não pessoas comuns sobre as quais não pesa qualquer acusação ou crime a não ser a discordância de muitos fatos que estão aí, nas vistas de todos...

 

Por mais que seja corriqueiro ouvir em Palmas a frase “cuidado com o que diz, estou grampeado”, ela nunca esteve tão presente. E se político grampear político já não é novidade, temos que conviver com a suspeita de que o grampo não autorizado agora mira jornalista.

 

Para quê? Vai saber....

 

Pode ser a curiosidade mórbida de alguns poderosos em saber o que é dito a seu respeito. Ou pior ainda: escutas e monitoramento ilegal para buscar forjar situações que levem pessoas ao descrédito.

 

Resumindo: golpe baixo, de gente sem limites e sem escrúpulos.

 

O que há de verdade naquilo que se ouve nas ruas, só vamos saber daqui há alguns anos, quando um Tuma Jr tocantinense da vida abandonar o esquema e abrir a boca para contar o que teve que fazer e a quem teve que ouvir.

 

Uma coisa é certa: quem tem fé em Deus e a consciência limpa segue em frente com a certeza de que um dia essa realidade muda.

 

Quem sabe então poderemos confiar que os que são pagos para nos proteger não estão perdendo seu tempo monitorando gente de bem, ao invés de ir atrás dos verdadeiros criminosos.

 

Afinal, vivemos atualmente um tempo de violência demais e polícia de menos para garantir a segurança dos cidadãos tocantinenses.

 

E pensar que ainda há quem perca tempo criando conspirações e se ocupando em tentar destruir a reputação de quem ganha a vida honestamente, trabalhando.

 

Loucura, loucura, loucura. Daquelas que só tarja preta controla.

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