Uma velha mansão a nos representar no Lago Sul e outras extravagâncias

Enquanto os tocantinenses sofrem nas filas e corredores de hospitais, a violência cresce nas ruas, e Estado sofre um triste fim de governo, em Brasília, nossa Representação ocupa endereço vip, no Lago

Uma velha mansão no Lago Sul: R$ 33 mil
Descrição: Uma velha mansão no Lago Sul: R$ 33 mil Crédito: Roberta Tum

Amigos, o Tocantins que se vê em Brasília está longe do estado que vive uma crise na saúde, carece de investimentos em segurança, não paga seus fornecedores e está acima do limite prudencial da folha.

 

Ao contrário. Instalada numa casa cujo aluguel custa incríveis R$ 33 mil reais mensais (acima do mercado mesmo para Brasília, Lago Sul), a Representação não é mais luxuosa, porque além de cara, a casa é velha.

 

Exibe marcas de infiltração na pintura externa, a vizinhança também não está entre as melhores mansões de Brasília e o jardim dos fundos há muito tempo não vê uma cortadeira de grama. Ou quem arranque o capim que cresce solto, enquanto pequenos micos brincam nas mangueiras da área verde que dá acesso ao lago.

 

De passagem por Brasília entre segunda(15) e terça-feira(16) desta semana, fui conferir de perto a sede da secretaria de Representação do Tocantins na capital federal, com a curiosidade inicial de saber se caberão lá, os 30 novos servidores chamados pelo governador Sandoval para o órgão.

 

Olha, vai ser difícil.

 

Os cargos dos novos convocados estão especificados no Diário Oficial. É uma lista que tem entre coisas dignas de atenção, a convocação de 3 desenhistas e mais três motoristas. Soube lá, in loco, que a casa já tem dois, para três carros ( um para atender o governador, quando está na cidade, outro para o secretário se locomover e o terceiro para dar apoio a secretários de Estado).

 

 

 

Uma visita à QL 04

 

Cheguei às 11h30, mas segundo soube depois, já era hora do almoço, pois dos cerca de 40 servidores que trabalham lá - (informação extra-oficial, já que há quem afirme que são 60 lotados) - só haviam cinco presentes.

 

O secretário, Francisco Assis, estava fora. Segundo informação do seu gabinete, acompanhando o governador numa audiência na diretoria do Banco do Brasil. Sandoval Cardoso tem reclamado que o BB vem dando calote”no Estado ao não repassar verbas destinadas a pagar obras. Só para o serviço de lama asfáltica do programa de “recuperação” dos municípios algo em torno de R$ 186 milhões.

 

Parênteses.

 

 Não precisa ir longe para saber que fontes ocultas” no Senado, em Brasília zelam para evitar que o dinheiro caia em conta neste triste fim de governo e tome rumo difícil para ser recuperado.

 

Fecha parêntese.

 

Bem recebida, pude percorrer as dependências da Secretaria de Representação -  que mudou-se de sua antiga sede na W3, para as margens do Lago, setor das embaixadas, em 2012 -  e conhecer do gabinete do governador à área de festas com churrasqueira, piscina e até uma quadra de tênis, abandonada lá para baixo do jardim mal tratado.

 

Se foi luxuosa algum dia, a antiga mansão de R$ 33 mil, mais lembra uma casa velha, mal tratada. O luxo mandou lembranças no preço.

 

Caminhando pelas dependências e pela área externa tentei encontrar os sinais da reforma que consumiu quase meio milhão de reais e foi contratada pela Infra estrutura quando o imóvel foi locado. Se algum dia esteve no preço de mercado, hoje não está mais. Segundo um consultor imobiliário ouvido pelo T1 Notícias, a casa está entre 20 e 30% acima do valor de outras na mesma região, observado o custo do metro quadrado.

 

Para os funcionários que efetivamente trabalham na Representação, nada prático. Longe das rotas de metrô e ônibus, longe de onde se possa comer na hora do almoço, a sede que não ostenta nenhuma placa (no muro ou na área interna) para identificar o que funciona alí, exige sacrifício dos servidores. Alguns levam a boia fria, para esquentar na hora do almoço.

 

Aguardando até agora a resposta do secretario de Representação ao email que enviei pedindo informações e sua avaliação a cerca da necessidade de mais 30 servidores para a pasta, busquei ouvir outras pessoas.

 

O ex-governador Carlos Gaguim, eleito deputado federal, me dando uma carona depois, da Câmara dos Deputados para o aeroporto, fez sua estimativa: “Eu fui governador, tenho noção das coisas. Essa secretaria não deve custar menos que R$ 320, a R$350 mil por mês. Faz as contas aí, da uns R$ 4 milhões e 200 mil por ano”.

 

Algo que nos dias atuais - quando recebe o relatório da grave crise econômica enfrentada pelo Estado - faz repensar ao governador eleito Marcelo Miranda(PMDB) o que fazer desta secretaria. Qual será seu custo benefício? Precisamos mesmo de tudo isso?

 

Para um tocantinense desavisado que chegue em Brasília e procure saber onde é o escritório de representação do seu Estado, ou precise de algum apoio do poder público por lá, a coisa toda soa meio irreal de se ver.

 

Resta saber que sonho megalomaníaco moveu a locação deste imóvel a este preço, para reformá-lo regiamente, a ponto de encontrarmos a antiga mansão no estado em que está.

 

Uma quadra de tênis às moscas, uma piscina que ninguém usa, uma área de festas que no máximo tem abrigado as confraternizações da própria equipe.

 

Pobre Tocantins com pinta de rico. Só seus filhos mais necessitados do poder público sabem quanto tem custado tanta extravagância... 

Comentários (0)