Sindepol aponta situação de risco e pede que população não procure delegacias

De acordo com a presidente do Sindepol, os delegados estão sem saber como trabalhar e correm risco sendo os únicos armados na delegacia. 85% das armas dos grevistas já foram entregues.

Cinthia de Lima, presidente do Sindepol-TO
Descrição: Cinthia de Lima, presidente do Sindepol-TO Crédito: Da Web

A presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado (Sindepol-TO), Cinthia de Lima, afirmou ao T1 Notícias na manhã desta quarta-feira, 18, que os delegados colocaram as armas à disposição do Governo. De acordo com ela, “o Sindicato deixou os delegados a vontade para tomar a decisão, porque eles estão em uma situação de risco sendo a única pessoa portando arma na delegacia, e aí ele ficaria responsável por toda a segurança do local, o que pode causar riscos não só pra ele, como também para os demais”.

 

Questionada se essa seria uma forma de apoio á greve dos policiais civis, Cinthia ponderou: “não podemos dizer que apoiamos a greve. Esse é um movimento decidido por eles e os delegados não interferiram. Nós decidimos pelo Pacto da Legalidade, mas não temos nenhum poder sobre o comando grevista dos policiais. Só que com esta medida do Estado [Portaria da SSP e da Seds] nós fomos atingidos, porque nós trabalhamos em conjunto”.

 

A presidente do Sindepol ressaltou que cada delegado passa por uma situação particular e a orientação é para que eles procurem a administração. “Os delegados estão se sentindo acuados”, reiterou. Ela afirmou, ainda, que na ultima segunda-feira, 16, enviou um oficio ao secretário de Segurança Pública, César Simoni, pedindo uma orientação quanto ao problema. Nesta terça-feira, 18, outro ofício foi encaminhado, mas ainda não obteve resposta.

 

“Vamos fazer só o serviço interno, mas cada situação ainda é muito individual. A realidade é que nós estamos dentro de um caos, todos os dias estão deixando de ser lavrados autos de prisão em flagrante e nós já comunicamos isso ao Ministério Público”, pontuou a presidente.

 

De acordo com ela, os serviços essenciais estavam sendo oferecidos, mas agora também estão prejudicados. “Temos delegados ameaçados e nós pedimos às pessoas que não procurem as delegacias neste momento, porque elas podem estar correndo risco dentro da própria delegacia. Quando o secretário fala que os serviços estão funcionando, ele está enganando a imprensa. Esse mecanismo usado foi totalmente irresponsável e inconsequente e trouxe mais caos”, disparou Cinthia.

 

A presidente disse, também, que está preocupada, já que amanhã, quinta-feira, 19, é feriado em Palmas e em seguida vem o fim de semana. Ela diz aguardar a orientação da administração.

 

Entrega das armas dos policias civis

Cerca de 900 armas já foram entregues pelos policiais civis em greve. Os dados foram atualizados pelo presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sinpol), Moisemar marinho, ao T1 Notícias nesta manhã. De acordo com ele, esse número corresponde apenas à região Central do Estado, das cidades próximas a Palmas, tendo em vista que os policiais do interior estão entregando as armas nas delegacias regionais e o número das armas entregues no interior ainda não foi atualizado. Moisemar afirmou que 85% das armas já foram entregues.

 

Negociações com o Governo

Questionado sobre as negociações com o Governo, tendo em vista a entrega das armas, o presidente do Sinpol afirmou que os policiais têm cedido e cumprido as determinações do Estado, mas que o Governo ainda não abriu diálogo. “O Governo pediu para a Polícia Civil ceder, abrimos mão das unidades prisionais, só que o Governo não abriu o diálogo ainda, fechou as portas”, disse.

 

Moisemar declarou, ainda, ao T1 que a entrega das armas legalizou a greve: “este ato legalizou a greve da Polícia Civil, não conseguimos mais nem o serviço essencial. O Governador quis acabar com uma instituição, que é de responsabilidade dele”. O presidente considerou que o Estado vive uma situação caótica e que os presos estão sendo soltos porque não há condições de que as investigações continuem. 

 

Sobre a ocupação da Polícia Militar nos presídios do Estado, Moisemar disse que “a PM não está preparada para cuidar dos presídios, mas vemos com bons olhos porque os policiais não têm condições de ficar nos presídios desarmados. O serviço da PM é preventivo, as consequências são o Estado e a população que vão sofrer”.

 

Em relação à situação da população que precisa dos serviços e acaba prejudicada por conta da greve, com muitos cidadãos se posicionando contrários à paralisação da PC, Moisemar disse que a solução está nas mãos de Marcelo Miranda. “É uma situação que quem resolve não é o Sindicato, mas o próprio governador. Ele tem uma estrutura imensa de comunicação, que ventila uma informação distorcida que de tanto se repetir vira verdadeira, como as de que as delegacias estão funcionando, que a greve é ilegal, que os servidores não querem voltar a trabalhar”, concluiu.

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