Sem satélite, Redesat é acionada por aluguéis e mantém jornalistas sem contrato

Numa crise nunca vista na sua história, Redesat mantém jornalistas trabalhando sem contrato e sem salários há quatro meses, não tem gasolina para veículos, nem material de limpeza. Sinal só em Palmas

Sucateamento da Redesat é denunciado
Descrição: Sucateamento da Redesat é denunciado Crédito: Foto: Carlos Magno

A Redesat de Televisão, fundação sem fins lucrativos subordinada à Secretaria de Estado da Educação vive crise sem precedentes em sua história, sob o comando da jornalista Valéria Kurovski (foto), que respondeu ontem, segunda-feira, 10, aos questionamentos enviados pelo T1 Notícias, após diversas denúncias recebidas nas últimas semanas relativas ao estado de sucateamento em que se encontra a emissora.

 

Sem propagar seu sinal para as cidades do interior, em virtude de estar sem contrato que disponibilize satélite para tanto desde o começo do ano, o trabalho sofrido que ainda é realizado pelas equipes de jornalismo da emissora está restrito a ser assistido apenas na Capital, Palmas. As equipes trabalham em péssimas condições de segurança, já que a manutenção nos veículos é precária. Nas últimas semanas as reportagens são internas, já que as equipes estão sem veículos para se deslocar, pois falta gasolina para abastecimento. “Os órgãos do governo que são objeto de alguma reportagem precisam mandar buscar a equipe”, informou em off, um dos jornalistas.

 

Falta material de limpeza para os banheiros, falta papel higiênico para uso dos funcionários, lâmpadas queimadas não são repostas e o clima é de desânimo na equipe.

 

O aluguel mensal de R$ 15 mil está atrasado há meses, o que gerou uma ação de cobrança na justiça, com pedido de despejo, mas a presidente, em resposta ao T1 Notícias afirma desconhecer o teor da ação de número 0032062-71.2016.827.2729, em valor superior a R$ 270 mil, por não ter sido notificada. O T1 questionou o atraso em virtude de que deve haver previsão orçamentária para quitação destes compromissos.

 

Valéria Kurovski não nega, no entanto, a existência da dívida em virtude dos aluguéis atrasados. “A Fundação Radiodifusão Educativa do Estado do Tocantins – Redesat não foi notificada a respeito da ação citada, portanto não há como responder à primeira pergunta. Quanto à segunda pergunta, sim, a despesa com aluguel do prédio que sedia a Fundação Redesat (Administração e estúdios da TVE Tocantins e Rádio 96 FM) está prevista no Orçamento da pasta”.

 

Satélite estaria em licitação

Segundo informa a presidente, a emissora está com o sinal limitado desde o final do ano passado, quando o equipamento apresentou defeito. “Desde 25 de dezembro de 2015, quando um dos equipamentos do conjunto up link (HPA) apresentou defeito e foi enviado à fábrica para conserto. Paralelamente a esse evento, venceu o contrato emergencial de Cessão de Segmento Espacial (Satélite) firmado em julho/2015, com prazo máximo de 180 dias (sem possibilidade legal de prorrogação), para atender à necessidade da TVE Tocantins enquanto tramita o processo licitatório – Processo n° 2015/20340/000133”.

 

A licitação, no entanto, não teve vencedor, conforme segue explicando a presidente Valéria Kurovski, em nota: “Tendo a referida licitação resultado deserta em três sessões seguidas, a Fundação Redesat deu sequência ao processo para contratação direta, cujo procedimento, após tramitar pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) e Controladoria Geral do Estado (CGE), com pareceres favoráveis, encontra-se aguardando liberação de saldo financeiro por parte da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), para assinatura do contrato. Após assinado e publicado o extrato no Diário Oficial do Estado (DOE), a empresa deverá liberar a transmissão do sinal da TVE Tocantins, via satélite, a partir de quando a equipe técnica da Redesat passará a realizar visitas às estações retransmissoras no interior do Estado para os ajustes técnicos e restabelecimento, município a município, da recepção do sinal da TVE Tocantins”.

 

Jornalistas trabalham sem contrato

Segundo informações levantadas pelo T1 Notícias pelo menos cinco profissionais de comunicação estão trabalhando sem contrato e sem receber há pelo menos quatro meses. Questionada, a presidente nega que haja servidores com até cinco meses de salário em aberto. “Há 9 (nove) contratos temporários vencidos em julho (dias 6, 15, 24 e 27) e agosto (dias 01, 02 e 11) em fase de prorrogação, cuja autorização pelo Grupo Gestor de Controle e Eficiência do Gasto Público, última etapa do processo legal para concretizar as prorrogações, foi concluída na data de hoje”, sustenta Valéria Kurovski.

 

“A situação é difícil, por que quatro meses sem receber, só sabe o que é quem está passando por isso”, disse ao T1 Notícias um dos profissionais que prefere não ser identificado por temer retaliações. A relação entre a gestora e os servidores tem se tornado difícil nos últimos meses, com diversas reclamações sobre o estilo “duro” adotado por Valéria Kurovski. “Quando questionada ela apenas responde: o que eu posso fazer?” A falta de trânsito dentro do governo e de acesso ao governador é apontada por alguns servidores como o maior problema da gestão atual.

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