Críticas e acusações entre candidatos a prefeito de Palmas marcam debate na TV

Os candidatos Carlos Amastha (PSB), Cláudia Lelis (PV), Raul Filho (PR) e Zé Roberto (PT) participaram do evento e trocaram várias críticas durante suas falas no debate do SBT Tocantins e T1 Notícias

Candidatos se enfrentam em debate
Descrição: Candidatos se enfrentam em debate Crédito: Foto: T1 Notícias

O primeiro debate televisivo entre os candidatos à prefeitura de Palmas, neste ano, começou às 22h30 de sexta-feira, 23, e terminou às 00h30 deste sábado, 24, no Theatro Fernanda Montenegro, no Espaço Cultural, e foi exibido via satélite pela afiliada canal 09 e 16 NET, ao vivo, para toda a Capital. Os candidatos Carlos Amastha (PSB), Cláudia Lelis (PV), Raul Filho (PR) e Zé Roberto (PT) participaram do evento e trocaram várias críticas e acusações durante suas falas.

 

Realizado pelo SBT Tocantins, com a parceria do T1 Notícias, o debate foi dividido em cinco blocos. No primeiro bloco o diretor geral do SBT, Fernando Hessel fez uma pergunta para cada candidato. No segundo bloco e quarto, aconteceu uma rodada de perguntas, onde candidato perguntou para candidato. O terceiro bloco contou com a participação da jornalista Roberta Tum e no último bloco os candidatos fizeram suas considerações finais.

 

Sem nanicos

Baseada na minirreforma da Lei Eleitoral o SBT decidiu chamar apenas aqueles candidatos que têm acima de 10 deputados federais. Este foi um critério adotado para ampliar o nível do debate e aproveitar melhor o tempo de exposição das propostas. Apenas Sargento Aragão não participou do debate.

 

O debate

Na primeira rodada do debate, a produção do SBT faz uma pergunta aos prefeituráveis: “candidato, o senhor tem caráter para governar a cidade?”.

 

Cláudia Lelis foi a primeira a responder. “Mais do que nunca é a hora de resgatar. Por eu ter convicção de fazer uma política justa, estou colocando meu nome à disposição. Para que possamos governar nossa cidade participativa, onde nossa população tenha voz e vez nesta cidade. Uma cidade mais humanizada”, afirmou Cláudia.

 

Amastha chamou à atenção para sua eleição em 2012. Segundo o candidato “cometi erro como ser humano, mas nenhuma de caráter de políticos. Estou sendo prefeito no momento mais difícil de crise no Brasil. Queria ouvir a vice-governadora falar hoje: ‘estamos fazendo uma péssima gestão, mas vamos mudar isso’”, destacou o prefeito, que pediu para que Raul reconhecesse sua gestão como a dos buracos, em oito anos de governo.

 

Já Raul Filho garantiu fazer uma gestão honesta e rebateu as críticas de Amastha. "Eu não só tenho, como dei provas em 8 anos. (...) E não tenho nenhum processo administrativo até o governo”. Raul afirmou ainda que falta transparência na gestão de Amastha. "Governo mais ‘intransparente’ do que o de Palmas. Esta eloquência com o discurso que veio para moralizar. O trauma que nossa cidade não sofre mais. Um ciclo que começou e já está encerrando”, afirmou Raul.

 

O candidato Zé Roberto criticou os ataques dos demais candidatos e os chamou para apresentar propostas. O candidato lembrou seu primeiro programa eleitoral, no qual sua mãe falou do amor do candidato por Palmas. "Este é o momento de apresentarmos propostas. Em minha campanha eu apresentei quem era o Zé Roberto", garantiu.

 

2ª bloco

No segundo bloco do debate candidato pergunta para candidato. Cláudia destacou a disputa de autoria das obras de drenagem feitas em Palmas por Raul Filho e Amastha e afirmou que  depois da chuva desta quinta-feira, 22, Palmas ficou alagada.

 

Amastha rebateu: “que ótimo, eu e o ex-prefeito Raul Filho podemos disputar o que fazemos. Agora a senhora não pode mostrar o que o governo do Estado está fazendo. Eu não tenho vaidade nenhuma de mostrar o que a gente fez. Absolutamente tudo que a gente fez foi com a bandeira de Palmas. As grandes obras de drenagem foram feitas e estão aí”, ressaltou Amastha.

 

Cláudia, em sua réplica, falou do programa eleitoral de Amastha que mostrou o candidato apresentando as obras de drenagem. “Disse que não tinha vaidade de mostrar as obras, mas estava mostrando. Tivemos a impressão realmente que o nosso dinheiro realmente está enterrado”, afirmou a candidata.

 

“A culpa da inundação do shopping não é do Estado, mas a falta de comida no HGP é”, Amastha respondendo a Cláudia, que citou o alagamento do Capim Dourado ontem.

 

Amastha perguntou para Zé Roberto o que pode ser feito pelo turismo de Palmas. Zé Roberto citou investimentos em pontos turísticos e a realização de eventos, assim como o aumento da rede hoteleira. "No nosso projeto fortaleceremos as parcerias entre o Município e as empresas privadas", afirmou Zé Roberto. 

 

Zé Roberto questionou Raul sobre o que será feito para preencher o vazio urbano em Palmas. Raul Filho lembrou seu governo e projetos, citou o IPTU Progressivo, lembrou do Palmas Minha Cidade e disse que Amastha, depois de prefeito, mudou sua maneira de agir neste sentido. “No nosso governo discutimos exaustivamente de frear o crescimento de Palmas onde ela estava. (...) Causa preocupação mesmo. O prefeito mudou muito a forma de pensar a cidade. O projeto imobiliário fez isso. Palmas está crescendo desordenadamente”, afirmou Raul Filho.

 

Zé Roberto destacou que só o IPTU Progressivo não resolve os problemas de expansão em Palmas. "Se só IPTU progressivo resolvesse, isso já teria sido resolvido". 

 

3º bloco

Raul Filho perguntou a Amastha sobre a transparência de seu governo e lembrou o relatório do primeiro secretário de Transparência, João Lira. “Ele deixou o cargo por falta de transparência”, afirmou Raul.

 

Amastha respondeu: “não entrei na política para ser mais do mesmo. Minhas contas foram aprovadas sem restrição, pelo TCE, as suas não. Todos os nossos processos passam por esta secretaria, que criamos no começo do governo”.

 

Raul citou ainda o contrato no valor de R$ 51 milhões com a Ocip e o contrato suspenso. “O senhor tem contrato que eu considero imorais para explicar para a sociedade”, afirmou.

 

“Eu não negociei com o Cachoeira e nem com a Delta. O senhor e sua esposa serão julgados e certamente condenados. Espero que o senhor não queira ser prefeito para fugir da justiça, por ter foro privilegiado. Minha cidade não é um estágio”, rebateu Amastha.

 

O candidato Zé Roberto questionou Cláudia Lelis sobre o que ela fará no transporte público de Palmas. A candidata garantiu que não fará o BRT. “Não iremos fazer esta obra faraônica que vai levar anos”, garantiu. Cláudia citou ainda que investir em infraestrutura, segurança e ter controle dos ônibus. Zé Roberto informou que irá construir pontos de ônibus e investir em segurança.

 

Amastha destacou a importância do BRT para Palmas e chamou a atenção para a redução do uso de carros. “A gente já chega atrasado sobre o BRT. Em Cingapura temos  um veículo para nove habitantes, em Palmas temos um carro para cada 1.5 habitante”, justificou.

 

Amastha aproveitou a concessão de uma tréplica e afirmou que não responde a qualquer processo. Disse ainda que quando assumiu a gestão, na mesa deixada por Raul Filho não havia nenhum computador. “O senhor não sabe nem entrar na internet”, disse Amastha.

 

Cláudia Lelis questionou Raul Filho sobre a criação do estacionamento rotativo. “Foi implantado pelo senhor e cobrado pelo atual gestor”, lembrou a gestora. Raul respondeu, dizendo que o estacionamento foi criado com objetivo filantrópico para ajudar a Apae, além do controle de tempo e organização no trânsito.  “Este é um dos casos mais generosos do Brasil, que a empresa fica com 92%. Não era para extorquir. Incrível que na época da campanha está suspenso. Não está cobrando”, destacou Raul.

 

Cláudia garantiu que, se eleita, a partir de janeiro será suspensa cobrança do estacionamento rotativo. Defendeu ainda que “vamos divulgar, dialogar para atender os verdadeiros afetados”, afirmou a candidata. Raul ainda defendeu a auditoria no contrato com a empresa Blue, responsável pelo estacionamento. “Não é suspender, é romper. Visa tão somente lucros. Está mais que azul. Está rosa no nosso conceito”, ressaltou Raul. 

 

O terceiro bloco contou também com a participação da jornalista Roberta Tum, que questionou a candidata Cláudia Lelis sobre com qual autonomia governará Palmas, uma vez que enquanto vice-governadora tem recebido diversas críticas. “Com a autonomia de uma prefeita. (...) Ninguém faz nada sozinho. A partir de janeiro de 2017 vamos buscar dialogar com todos”, afirmou Cláudia.

 

Comentando a resposta de Cláudia, Raul Filho disse que o vice precisa ser parceiro. “O governador ou o prefeito precisa ter na pessoa do seu vice um parceiro. Marcelo tem pecado nisso com a senhora”, ressaltou Raul.

 

Ao candidato Zé Roberto a jornalista questionou com que credibilidade o candidato petista busca ser prefeito, diante do envolvimento do PT em corrupção, em um momento em que o partido sofre inúmeras criticas e teve o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Zé Roberto lembrou de sua trajetória enquanto deputado  e servidor público. “Tenho todas as condições pelo meu passado, pela minha experiência e pelo meu presente”, afirmou Zé Roberto. Sobre o assunto Amastha comentou que a  “democracia é maior que o PT e todos os partidos juntos. (...) O PT terá que ser reinventado, não tenho a menor dúvida disso”. Amastha destacou ainda o poder da democracia.

 

Ao candidato à reeleição, Roberta Tum destacou que há poucas críticas sobre obras do atual gestor, porém a população reclama do alto custo de vida em Palmas. Amastha citou o IPTU Progressivo e a frota de ônibus com ar condicionado. “Nós pegamos uma cidade cara e estamos buscando a democratização do espaço público”, afirmou Amastha.

 

Cláudia questionou a afirmação do prefeito. “Acho engraçado. É taxa em cima de taxa. Eu creio que precisamos rever os conceitos de caro e barato”, destacou a candidata.

 

Roberta Tum questionou a Raul Filho o fato de sua candidatura ser mantida por meio de liminar e perguntou sobre qual segurança jurídica o candidato terá para chegar até o final da sua gestão, caso seja eleito. “Nós superamos todas estas fases. Quem vai decidir minha elegibilidade é o judiciário. A minha foi mais especial (...) determinou que o TRE incluísse meu registro”, ressaltou Raul Filho.

 

O candidato Zé Roberto aproveitou para defender que é ficha limpa. “Eu sou ficha limpa. Tenho todas minhas contas e atitudes transparentes e aprovadas”, afirmou o candidato.

 

4º bloco

Zé Roberto criticou a troca de provocações feitas entre os candidatos, pediu para que todos se comportassem e os considerou “mal educados”, propondo mais uma vez a apresentação de propostas.

 

O ex-prefeito Raul Filho criticou a saúde do município. Amastha, porém, afirmou que em sua gestão houve mais contratação de médicos, ampliação das Unidades de Saúde e pediu para que Raul falasse a verdade. “O senhor está falando sério? O senhor me entregou era postinho de saúde. Eram casinhas alugadas (...). Todos nós sabemos que nossa saúde melhorou e muito”, rebateu o prefeito.

 

“Quem está falando não sou eu é o Ministério Público. (...) São suas palavras que o senhor encontrou a melhor saúde, uma saúde funcionando. O senhor está usando um discurso meu de 2004”, respondeu Raul Filho.

 

Amastha lembrou ainda da dívida de ISS quando assumiu a prefeitura em 2013. “Fui a Brasília negociar. O senhor deixou Palmas pendurada na Justiça”, destacou o prefeito.

 

5º bloco: considerações finais

No último bloco do debate os candidatos fizeram suas considerações finais.

 

O candidato Zé Roberto defendeu uma gestão participativa, investimento no transporte público e ainda políticas públicas voltadas à população. “Nossa conduta será esta até o fim da campanha. A gestão pública, o Município pode fazer mais para nossa população”.

 

Cláudia Lelis lamentou algumas discussões do debate. “Pensei que fôssemos discutir Palmas, e mais uma vez discutimos o Estado. Pensei que íamos discutir o Tocantins, tivemos que nos ater ao passado. A saga continua: quem foi que fez o que. (...) Vamos pensar no futuro, vamos mudar”.

 

Raul Filho destacou que retomará o crescimento de Palmas. “Nem sempre conseguimos apenas discutir projetos, afinal somos políticos (...) De qualquer forma todos ganham. Estamos voltando para retomar o desenvolvimento público. A economia que está crescendo em Palmas é a economia pública”.

 

Amastha chamou  os eleitores a participarem da política. “Eu tenho muito orgulho de ter quebrado esta velha política (...) Falam em humanidade enquanto as pessoas estão morrendo de fome, não estão sendo atendidas. Uma gestão é um todo e vamos continuar a fazer muito mais por Palmas", finalizou o prefeito.

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