O homem é um animal político por natureza

Ao ler o artigo da  deputada estadual, Luana Ribeiro, no Jornal do Tocantins do último dia 17, intitulado "O eleitor e suas escolhas precisam de um caminho diferente", gostaria de fazer algumas ponderações sobre essas escolhas do eleitorado e qual caminho ele deve trilhar.

 

A apatia por parte  do eleitorado  creio que não seja natural, e sim, fruto da falta de credibilidade na classe política e de ausência de politização. Quanto às mudanças no processo eleitoral e  a responsabilidade do eleitor dentro deste processo, as considero incipientes, pois, a atual mini-reforma política não fará mudanças substanciais, até porque, se faz necessária uma ampla discussão com a sociedade, sobre o atual sistema de governo, sobre o fim do voto obrigatório, a substituição das eleições proporcionais por voto distrital ou distrital misto, como também,  criminalizar o financiamento de campanha com o uso de caixa dois, que pela legislação atual deixa "caminhos” para  que o caixa dois ainda prevaleça, como também  facilitará o uso indiscriminado de alugueis de CPFs para arrecadação ilegal.

 

Quanto a célebre frase de Platão - “não há nada de errado com aqueles que não gostam  de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam” - eu acrescentaria que na atual conjuntura política, serão governados por pessoas menos competentes.

 

O maior protagonista disto tudo é o analfabeto político, fruto de uma soma de “erros históricos” herdados de um país em que se arrasta ainda com péssimos índices em sua má formação educacional, e principalmente humanística, com relação aos seus direitos e deveres cívicos.

 

Como seria interessante se nosso  povo tivesse aulas sobre seus direitos constitucionais durante sua formação escolar, aí teríamos um povo mais politizado e menos “massa de manobra” nas mãos dos mal feitores políticos.

 

Estamos vivenciando uma revolução com a internet e as mídias sociais, e creio que já temos um cenário "melhorado" com a participação mais ativa da população nas redes, principalmente dos jovens. Porém, isso, não significa que seja uma "politização das massas", pois um dos papéis da  grande mídia é  trabalhar na desconstrução do saber e na manipulação do imaginário coletivo. Um exemplo é que a maioria dos veículos de comunicação de massa está nas mãos de políticos e de uma minoria que detêm o poder econômico.

 

Outro ponto  do artigo é sobre o papel do eleitor junto aos seus representantes e sua apatia pela política. Seria muito nobre se os eleitores pudessem acompanhar e cobrar dos seus candidatos suas promessas, mas esse eleitor não foi politizado para isso, ao contrário, foi seduzido durante  as  campanhas eleitorais, com promessas eleitoreiras, por meio de um excelente marketing político e com o uso abusivo do poder econômico.

 

Quem realmente tem interesse e  assiste a TV Assembleia para acompanhar o seu deputado? Quiçá, TV Câmara e TV Senado? Qual motivo teria esse eleitorado para comparecer  à câmara municipal para assistir a uma sessão em que a maioria dos vereadores está defendendo “outros interesses” do que os interesses da coletividade?

 

Creio que isso vá refletir nas pesquisas que a deputada citou sobre o alto índice de votos nulos, brancos e abstenções nas últimas três eleições no Estado. Em 2014 passaram dos 30%. Se pudéssemos mensurar isso, pós- eleições, e fizéssemos uma pesquisa de campo com esses 30% de eleitores, com certeza teríamos surpresas.

 

Para que o eleitor faça sua parte, é preciso que o político também cumpra seu papel de forma republicana, não paternalista e nem assistencialista.

 

Com a diminuição do tempo de televisão, limites de doação, e prazos mais curtos para a divulgação, talvez, seja o começo de uma nova forma de fazer política.

 

Seria uma oportunidade de fazer as pazes com o eleitorado e apresentar a ele novas escolhas e um caminho a trilhar, mas pautado com a realidade do seu estado e do seu município, sem maquiagem, e o principal, sem desequilíbrio econômico entre os candidatos.

 

E para avaliar melhor seu candidato, o eleitor teria um contato mais direto, corpo a corpo. O candidato, entraria de cara limpa, seja em debates, participação em fóruns, audiências, na casa de leis, ou até mesmo tomando um café na rua, ou num bate-papo na internet.

 

Enfim, a política deveria ser exercitada todos os dias, aí teríamos eleitores politizados, afinal o homem é um animal político por natureza.

 

Marcio Greick é jornalista, pós-graduando pela UFT em Ensino de Comunicação/Jornalismo

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