Federação expõe problemas de militares, cobra concurso e elogia editorial do T1

Em carta, Federação que representa associações de militares destaca problemas enfrentados pelos militares, cobra concurso público e elogia abordagem de drama em editorial da jornalista Roberta Tum

Faspra se manifestou sobre artigo
Descrição: Faspra se manifestou sobre artigo Crédito: Foto: Divulgação

Através de uma carta resposta encaminhada no início da noite desta terça-feira, 08, a Federação das Associações de Praças Militares do Estado do Tocantins (FASPRA-TO) parabenizou a editora-chefe do Portal T1 Notícias, a jornalista Roberta Tum pela abordagem sobre o drama vivido por militares no Estado no artigo “Estresse, dívidas e o que mais adoece a PM no Tocantins”. A carta ressalta a coerência do artigo e “agradece pelo respeito com o qual transmitiu essa questão ao grande público”.

 

Confira a carta na íntegra:

 

 

CARTA RESPOSTA: FASPRA comenta artigo de opinião da jornalista Roberta Tum sobre a PMTO

 

Após as mortes dos policiais militares Sargento Rosendo e Tenente Soares, ocorridas no último sábado (5), a jornalista Roberta Tum publicou na coluna de opinião do seu portal de notícias um artigo problematizando as condições de trabalho dos policiais militares do Tocantins e os fatores que estariam segundo ela, adoecendo a PMTO.


Diante da sóbria análise feita pela jornalista sobre as mazelas sofridas pelos policiais militares, a Federação das Associações de Praças Militares do Estado do Tocantins (FASPRA-TO) vem, através desta carta resposta, parabenizá-la pela coerência e empatia ao expor os problemas da corporação e agradecer pelo respeito com o qual transmitiu essa questão ao grande público.

No artigo de opinião publicado na manhã desta terça-feira (08), Roberta Tum faz a seguinte colocação “A verdade é que a rotina estressante que já faz parte naturalmente da função exercida na rua por policiais militares, ganhou alguns componentes preocupantes nos últimos anos.”. De acordo com o texto, tais componentes seriam, por exemplo: a não reposição de efetivo após aposentadorias; problemas de logística como a falta de combustível nas viaturas; e o endividamento com os bancos, os quais passaram a descontar direto no contracheque dos militares as parcelas devidas que o Estado não paga.

A FASPRA-TO concorda com as colocações da jornalista e com a veracidade dos fatores expostos.

Esta Federação lembra ainda que recentemente foi divulgado o Décimo Anuário de Segurança Pública no qual pode-se observar, através de dados oficiais, que a grande problemática que paira sobre a Segurança Pública parte da falta de investimento somada à má administração dos poucos recursos. Segundo os dados do anuário, no Tocantins as despesas realizadas com o policiamento no ano de 2015 teve uma variação de -21,3% comparado às despesas do ano anterior.

Em consequência ao baixo recurso e às falhas administrativas o resultado que temos são exatamente os elencados pela jornalista e acrescidos de muitos outros, a exemplo da a falta de combustível para abastecimento das viaturas, baixo efetivo agravado pela procrastinação na realização dos concursos, sem contar com problemas estruturais em diversos destacamentos que precarizam ainda mais as condições de trabalho dos policiais.

Salientamos ainda que a Federação vem cobrando constantemente às autoridades responsáveis melhorias em todos os âmbitos citados acima, mas geralmente não obtém retorno. Diante da negligencia das partes competentes e dos dados negativos de investimento na área, fazemos a seguinte pergunta: Será que segurança pública realmente é prioridade para a atual gestão?

A jornalista acertadamente fala também sobre a condição de estresse vivida pelos integrantes da corporação, condição esta que culmina em graves casos de depressão. A isto relacionamos ainda a falta de fatores motivacionais. A tropa necessita com urgência de uma readequação justa e humana na escala de serviço, e para que isso seja possível a Federação há muito tempo vem cobrando a publicação do edital do concurso da PM a fim de que a carga horaria seja estabelecida por lei em 40h semanais de serviço prático, só assim conseguiremos preservar o maior patrimônio da entidade que são os homens.

Outro ponto destacado pelo artigo de forma muito precisa é o problema das dívidas enfrentadas no momento atual por grande parte dos militares. De 2015 até a corrente data aumentou vertiginosamente o número de militares associados que estão passando por problemas de endividamento. As reclamações são constantes, os empréstimos consignados dos militares são descontados do pagamento e os valores não são repassados aos bancos, as indenizações que os militares e pensionistas anteciparam também não têm sido repassadas aos bancos, tal situação vem ocasionando uma série de transtornos e afetando a situação financeira e psicológica dos militares e suas famílias. Podemos juntar ainda o não cumprimento das leis referentes à categoria, a exemplo do acordo dos 4.68% de reajuste que virou lei e o pagamento foi interrompido repentinamente pelo governo, além do não cumprimento das tabelas de progressão de 2013 que também está resguardada em lei.

Roberta Tum resume bem a situação vivida pelos policiais militares com a seguinte fala: “Trata-se de arriscar a vida quase que diariamente e não ser capaz, no final do mês, de dar à família, o sustento de suas necessidades de maneira integral.”. A falta de compromisso com o cumprimento das leis e das questões financeiras agregadas à uma profissão que por natureza já traz uma grade carga de estresse são fatores que indiscutivelmente têm adoecido a Polícia Militar do Tocantins.

Por fim, esta Federação agradece a jornalista por relatar de maneira verdadeira, competente e humana os problemas dos policiais militares.

“Que esta realidade seja revertida enquanto ainda temos uma das melhores policias militares do Brasil.”, assim seja.



São entidades filiadas à FASPRA:

Associação dos Praças Militares do Estado do Tocantins (APRA-TO)
Associação dos Praças e Servidores Militares do Estado do Tocantins (ASPRA GURUPI)
Associação Independente de Cabos e Soldados e Demais Praças do 7º e 3º BPM (ASSICASOL)
Associação dos Cabos e Soldados de Colinas (ACS COLINAS)
Associação dos Cabos e Soldados do 5º BPM do Estado do Tocantins (ACS PORTO NACIONAL)
Associação dos Militares de Paraíso e Região (ASMIPAR)
Associação dos Cabos e Soldados de Dianópolis (ACSD)
Associação dos Praças Militares de Araguaína (APA)
Associação dos Praças do Bico (ASPRA BICO)

 

(Atualizada às 20h08)

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