Na última terça-feira, 28, completaram-se dois meses de greve dos docentes em 41 seções sindicais, segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes –SN), dentre elas a Universidade Federal do Tocantins (UFT). Sem previsão de fim da greve e nenhum avanço nas negociações com o governo, os docentes devem intensificar o movimento no mês de agosto, quando deveria acontecer a retomada do recesso do período letivo.
A categoria reivindica a defesa do caráter público da universidade, melhores condições de trabalho e ensino, garantia da autonomia universitária, reestruturação da carreira docente e a valorização salarial de ativos e aposentados.
A última reunião entre sindicatos e governo aconteceu no último dia 22, e segundo a representante do comando de greve dos docentes da UFT, Patrícia Orfila, foi apresentada a mesma proposta que a reunião anterior, contrariando os grevistas. “Como o governo apresenta de novo a mesma proposta se isso não vai repor nem as perdas salariais de 2015?”, reclamou a docente.
Patrícia Orfila afirmou que “a negociação foi ruim, o Andes disse que quer uma nova reunião com o governo”, mas que não há previsão de quando isso deverá acontecer.
Outra implicação para o movimento são os cortes orçamentários na educação. Segundo informações na página do Andes, “Recentemente, houve novo corte feito pelo governo federal, no valor de R$ 8,6 bilhões. O último corte nas áreas sociais havia sido de R$ 69,9 bilhões. Agora, o total chegará a R$ 79,4 bilhões.”
Os docentes grevistas da UFT devem se reunir na próxima sexta-feira, 31, para discutir os últimos informativos da greve. Patrícia Orfila deixou bem claro que não será pautado na reunião o fim da greve, pois segundo ela “não há indicação de fim de greve, pelo contrário, é de intensificação de luta e continuidade da greve no mês de agosto”.
Formatura cada vez mais distante
Enquanto os professores lutam por direitos da categoria e a melhoria na educação pública, os acadêmicos veem cada vez mais distante o tão esperado canudo de formatura. Não saber ao certo quando irá concluir a graduação tem angustiado muitos alunos, como é o caso de Bruna Lorrayne Dias Menezes, acadêmica de Letras da UFT no campi de Porto Nacional.
A acadêmica estava no início do penúltimo período do curso quando a greve começou. “Por isso mais a minha aflição”, afirmou Bruna, que estava perto da sonhada formatura, se tudo corresse como planejado.
Bruna reclamou da falta de informações sobre a greve. “As informações são muito cruas, ou seja, quase nada de informações, pois quando sabemos de algo, é porque algum acadêmico falou. Nada muito concreto”.
No entanto, sobre as informações da greve, a professora Patricia Orfila disse que o comando vem atualizando periodicamente a página do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Tocantins (Sesduft) no facebook.
Admitindo que a greve trará prejuízos aos alunos, a professora afirmou que a luta dos professores é pela melhoria do ensino, que beneficiará os próprios acadêmicos. “A universidade está parada... completamente parada e isso é prejuízo. Se voltassem as aulas, não teria condições nenhuma [de dar aula]. Não estão pagando diárias de 2014 que estão atrasadas... não tem condições de ir fingir que tem como dar aula. A gente está lutando pelo aluno também, pela melhoria da educação para eles. O prejuízo é maior se a gente não lutar”.
“Sinto-me triste e indignada, pois meu desejo é formar, trabalhar e seguir minha vida dignamente, como qualquer pessoa. Por um lado apoio essa causa, pois futuramente serei professora e também quero ter meus direitos respeitados e reconhecidos. Mas como aluna, acredito que essa greve não irá resultar em nada, pois pelo pouco que sei, a greve de 2012 também não teve muitos lucros, e a atual ficará somente em propostas e promessas não cumpridas”, lamentou Bruna Lorrayne.
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