Médicos se recusam a fazer plantão extra e Dona Regina fechará 10 leitos de UTI

Cumprindo apenas a escala normal de trabalho, a quantidade de médicos trabalhando hoje é insuficiente. Sesau diz que está contratando novos profissionais

Dez leitos de UTI Neonatal do Hospital e Maternidade Dona Regina serão fechados nos próximos dias. A unidade tem 20 leitos e todos estão ocupados atualmente, mas conforme os pacientes obtiverem alta hospitalar, os médicos não instalarão novos recém-nascidos. O fechamento dos leitos acontecerá decorrente da falta de profissionais para atender a todos os pacientes.

 

O diretor clínico do hospital, Dr. Paulo Lázaro Lacerda de Freitas, contou ao Portal T1 Notícias que os médicos se desdobravam em escalas extras de trabalho para conseguir atender aos pacientes, mas com o anúncio do secretário da Saúde, Samuel Bonilha, de que os plantões extras serão incorporados ao salário e não poderão ultrapassar o teto, que é o salário do governador, os profissionais decidiram não fazer mais plantões extras a partir de março.

 

Segundo ele explicou, os médicos continuarão dando atendimento normal aos 20 pacientes hoje internados nas UTI’s Neonatal, mas dez leitos serão fechados conforme os bebês recebam alta. O médico também pontuou que os plantões extras são necessários porque não há médicos suficientes e que a situação se repete em todos os hospitais da rede estadual.

 

“Falta médico. Os hospitais do estado estão funcionando com número de médicos bem abaixo da quantidade necessária. Esse tempo todo funcionava com plantões extras e agora o governo falou que não vai pagar. O último mês que pagou foi em agosto [de 2014], de lá para cá o governo ficou enrolando e agora estamos trabalhando de graça. Ninguém vai trabalhar de graça”, disse.

 

Sobre o anúncio de Bonilha, o diretor clínico disse que “isso não existe. Não pode incorporar porque é hora extra. Pergunta se ele vai incorporar para aposentar? Vai incorporar para pagar INSS? Não vai. Estão criando uma forma de não pagar. Hora extra é hora extra, não tem como incorporar em salário”.

 

Paulo Lázaro também pontuou que boa parte dos médicos já recebem valores aproximados ao teto e, com a incorporação anunciada, os profissionais não receberiam os valores totais referentes aos plantões extras. “A maioria desses médicos já está no teto, então eles não receberiam um real por isso. Como é que podem me obrigar a trabalhar tantas horas extras de graça?”, questionou.

 

Outro ponto reclamado é que os plantões extras feitos no ano passado, cujos valores retroativos devem ser pagos em parcelas, também foram afetados pela medida. “O retroativo inclusive [será incorporado]. É um absurdo isso. A partir de agora já está errado, porque isso não é salário, é trabalho extra. Mas, tudo bem. A gente não vai fazer o trabalho extra, não somos obrigados a fazer trabalho extra. Agora, não pagar o que foi feito no ano passado é complicado”, reclamou o médico.

 

“Ninguém aqui está fazendo greve. Só vamos trabalhar como todo ser humano, normal. Não vamos trabalhar que nem loucos, como a gente trabalha, acelerado, dando alta para abrir espaço para colocar outro cidadão. Nós vamos trabalhar como todo mundo trabalha. Você não vê ninguém se esbaforindo em repartição pública para poder dar conta do serviço porque tem um cidadão na fila esperando. E médico faz isso. Perde a hora de almoço, perde hora do jantar, ou nem almoça nem janta. Vai lá e opera. Mas não é reconhecido”, desabafou Dr. Paulo Lázaro.

 

Até setembro do ano passado o hospital tinha apenas dez leitos de UTI Neotal, até que houve uma paralisação o Estado dobrou os leitos.

 

Nota - SESAU

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informa que está aberta chamada para contratação de médicos e direcionamento destes as unidades hospitalares do Estado, dentre elas o Hospital e Maternidade Dona Regina com o intuito de completar a escala de plantões.

 

Sobre os leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal, a Sesau esclarece que está tomando as providências necessárias para a reabertura de leitos.

 

Acerca da reclamação dos profissionais sobre a incorporação de pagamento de plantões extras à remuneração de servidores, a Sesau reforça que a medida foi anunciada para cumprimento de recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Tribunal de Contas da União (TCU) e outros órgãos de controle.

 

 

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