Por falta de material no HGP, jovem demora a fazer cirurgia e vai parar na UTI

Amigos e familiares tiveram que arrecadar dinheiro para conseguir a cirurgia em hospital particular, mas descobriram uma pneumonia que o levou a UTI. Jovem ficou em maca sem colchão

Doemi Cintra está internado em UTI
Descrição: Doemi Cintra está internado em UTI Crédito: Reprodução/Facebook

Amigos e familiares de Doemi Cintra, de 27 anos, estão arrecadando dinheiro para pagar a cirurgia do jovem que sofreu um acidente no cruzamento da LO-05 com a Avenida Theotônio Segurado há uma semana, quando o semáforo da avenida estava desregulado. Ele teria que ficar esperando em média 35 dias para realizar cirurgia no Hospital Geral de Palmas (HGP).

 

O acidente aconteceu no sábado, dia 8, quando Doemi ia trabalhar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele estava em uma motocicleta quando colidiu em um carro de passeio. Doemi foi socorrido e levado para o anexo do HGP, com uma fratura no fêmur. Segundo familiares, para estabilizar a fratura os médicos utilizaram um galão de água. O jovem ficou numa maca sem colchão por aproximadamente 48 horas, conforme contam os parentes.

 

Segundo relataram ao T1 Notícias, os familiares do jovem foram informados de que não havia como realizar a cirurgia necessária por falta de material no hospital. Segundo as informações repassadas pelo HGP à família, as cirurgias eletivas estavam suspensas por falta de material e a média de espera era de 35 dias.

 

Uma amiga de Doemi, Renata Monteiro, que o acompanhou, contou ao T1 que de sábado para segunda o jovem sentiu muita dor, mas só era medicado com dipirona por falta de outro medicamento para dor. “Não havia outra medicação e na segunda-feira descobriram uma nova fratura, na clavícula”, confirmou a irmã de Doemi, Érika Cintra.

 

A vaquinha

“Começamos a correr atrás”, contou a amiga de Doemi, que tomou a iniciativa de criar uma página na internet para arrecadar dinheiro para pagar a cirurgia do jovem em um hospital particular. O menor orçamento foi de R$12 mil no Hospital Oswaldo Cruz, na Capital. Renata destacou que o seguro Dpvat somente trabalha com restituição, ou seja, era preciso arrecadar o dinheiro para somente depois tentar reaver os gastos com o Governo.

 

“A gente criou a campanha no Vaquinha.com”. Através de doações em conta bancária, os amigos de Doemi conseguiram arrecadar o valor correspondente à entrada dele no Oswaldo Cruz e, na terça-feira, 11, o levaram para o hospital particular. “A gente ainda não conseguiu pagar a cirurgia, somente a entrada no hospital. Precisamos arrecadar ainda em torno de R$6 mil”, contou. Quase a metade do dinheiro foi conseguida por meio de doações bancárias. 

 

Estado se agrava

Doemi Cintra passou pela cirurgia do fêmur assim que deu entrada no hospital particular, no entanto, os médicos descobriram que o jovem estava com pneumonia. Segundo a irmã, os médicos disseram que se tratava de “pneumonia hospitalar grave, por causa do ferimento e pelo fato de ter ficado deitado muito tempo numa maca sem colchão. Só conseguiram um colchão para ele no domingo à noite”.

 

Com o agravamento do estado, Doemi Cintra precisou ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A família conseguiu, após procurar o Ministério Público Estadual (MPE) e Defensoria Pública do Estado (DPE), uma vaga do Estado na UTI do Instituto Ortopédico de Palmas (IOP) nesta quinta-feira, 13.

 

“Ele está consciente, mas não consegue respirar direito e no prontuário aponta que o estado dele é grave”, contou a irmã ao lamentar o atendimento que o Governo do Estado oferece aos pacientes que precisam da rede pública.

 

“É tudo muito difícil e é muito triste. São no mínimo 35 dias na fila de espera e quando estávamos lá conhecemos uma pessoa que estava há 62 dias na fila de espera por uma cirurgia”, lamentou a irmã de Doemi.

 

A equipe do Portal T1 Notícias procurou a Secretaria de Saúde que encaminhou a seguinte nota de esclarecimento:


"A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), através do Hospital Geral de Palmas - HGP informa que Doemi Cintra, 27 anos, deu entrada no Pronto Socorro, no último dia 08, vítima de acidente de motocicleta. O paciente passou por exames e foi atendido pela equipe multiprofissional do hospital, decorrente de fratura no fêmur direito.

O paciente aguardava o pré operatório com indicação de tração do membro, e, no entanto por livre e espontânea vontade solicitou alta no dia 11/11, sendo orientado de que sua decisão eximia a responsabilidade do hospital de eventual complicação do seu quadro de saúde.

O paciente retornou para um leito do Sistema Único de Saúde (SUS) custeado pelo Estado em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) na rede privada de Palmas, onde continua a receber os atendimentos necessários.

Não há registro durante a sua permanência no HGP de falta de insumos, o paciente ficou na maca devido à falta de leitos de internação em função da superlotação do Hospital."

 

Atualizada às 9h19 deste sábado ,15

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