Rombo no Igeprev pode ultrapassar R$ 1 bilhão: diagnóstico levanta responsáveis

O diagnóstico ainda não foi concluído, mas o presidente já levantou todos os fundos com dinheiro do Igeprev e os responsáveis por cada aplicação.

Jacques Silva, presidente do Igeprev
Descrição: Jacques Silva, presidente do Igeprev Crédito: Bonifácio/T1Notícias

O Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev) tem, atualmente, investimentos em sete fundos desenquadrados, ou seja, irregulares e que podem prejudicar a manutenção do Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP). A informação consta no diagnóstico solicitado pelo governador Marcelo Miranda ao presidente do Igeprev, Jacques Silva.

 

Em entrevista ao Portal T1 Notícias, o presidente do Instituto contou que já foram levantados todos os fundos nos quais estão aplicados os recursos do Igeprev, inclusive os irregulares. “Temos muitos fundos sem liquidez, em que o dinheiro praticamente já desapareceu. E estamos agindo de maneira a recuperar esse dinheiro, mas há uma certa dificuldade no ressarcimento”, disse Jacques Silva.

 

Rombo pode chegar a mais de R$ 1 bilhão

Sobre o rombo no Igeprev, que chegou a ser investigado em uma CPI na Assembleia Legislativa e também foi discutido em audiência no Congresso Nacional, em Brasília, Jacques Silva disse que o “o potencial de perca é de bem mais de R$ 1 bilhão”.

 

O presidente explicou que “o que já é dado como perdido estaria em torno de R$ 280 a R$ 300 milhões”. Além disso, “nós temos uma parcela no entorno de R$ 700 milhões de difícil recuperação, inclusive aqueles R$ 418 milhões do Porcão”.

 

Aplicação em fundos sem rentabilidade

Jacques Silva revelou que, desde 2011, as aplicações do Igeprev feitas em fundos mais seguros, como nos bancos Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e HSBC foram retiradas e os valores foram aplicados em fundos sem rentabilidade.

 

Ele contou que as aplicações nos bancos não tinham prazo de carência, o dinheiro poderia ser retirado a qualquer hora. No entanto, os fundos podres nos quais o recurso foi investido estipulam prazo de carência e altas taxas de retirada.

 

“Os administradores [do Igeprev] a partir de 2011 retiraram esses recursos [dos bancos] e aplicaram em fundos, inclusive colocando prazo de carência para 2.024. E colocaram ainda, para dificultar o resgate, taxas de saída elevadas. Tem taxas de saída em torno de 75% do valor”.

 

Os culpados

O presidente contou que o diagnóstico está levantando informações de todos os fundos nos quais há recursos do Igeprev, “fundo por fundo, data da aplicação, quem aplicou, quanto aplicou, o que existe hoje [de recursos], quanto já perdeu”.

 

Questionado sobre os nomes dos responsáveis pelas aplicações em fundos podres, ele disse: “nomes tem sim. É só pegar quem ficou responsável nesse período, de 2011 até 2014”.

 

Ainda de acordo com Jacques Silva, as informações levantadas serão repassadas ao governador, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas.

 

As aposentadorias

Perguntado sobre o futuro do Igeprev e a possibilidade dos servidores públicos serem prejudicados, com o risco de não haver recursos para pagar as aposentadorias, Jacques Silva tranquilizou. “Como nós estancamos essa sangria, eu acredito que não haverá problemas. Fazendo um trabalho sério, a partir de agora, é possível recuperar e o servidores não vão ter problemas. Vai ter dinheiro para as aposentadorias. Agora, se continuasse do jeito que estava, evidentemente que ia sumir tudo.”

 

“A nossa função aqui, por determinação do governador, é fazer a coisa da maneira correta. Sei que teremos dificuldade em recuperar o que foi desviado, mas daqui para frente não vamos fazer aplicações irregulares”, garantiu.

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