Sandoval se apresenta à PF em Palmas, presta depoimento e é encaminhado à CPP

O ex-governador prestou depoimento, em seguida foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames e posteriormente levado à Casa de Prisão Provisória de Palmas

Ex-governador Sandoval Cardoso no IML
Descrição: Ex-governador Sandoval Cardoso no IML Crédito: Foto:Charlyne Sueste

Dirigindo o próprio carro e acompanhado por seu advogado, o ex-governador Sandoval Cardoso se apresentou à sede da Polícia Federal no início da noite de ontem, 13, em Palmas, após chegar de Goiânia (GO). O ex-governador prestou depoimento por quase cinco horas, em seguida foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), por volta da meia noite e meia, onde foi submetido a exames de praxe e posteriormente foi levado à Casa de Prisão Provisória de Palmas, por volta das 2h desta sexta-feira, 14, onde passou a noite. Sandoval é um dos investigados pela PF na operação Ápia, deflagrada ontem, e estava com mandado de prisão temporária expedido pela Justiça Federal.

 

Nesta sexta, segundo apurado pelo T1, audiências de custódia serão realizadas para avaliar a situação dos presos temporários. Até a noite de ontem, dos 19 mandados de prisão expedidos, 13 haviam sido cumpridos. O T1 entrou em contato com a PF para apurar mais informações sobre as prisões e aguarda retorno.

 

Defesa de Sandoval

Em entrevista ao T1, o advogado de defesa do ex-governador, Leandro Fernandes, afirmou que Sandoval respondeu a todas as perguntas durante seu depoimento na PF. Ele informou ainda que já foi solicitado o pedido de transferência do ex-governador para uma cela do Quartel de Comando Geral da Polícia Militar e que agora depende de decisão da Justiça. O advogado defendeu que não há mais motivos para que a prisão temporária permaneça em vigor, já que todas as buscas foram realizadas.

 

“As licitações não eram da época dele, ele nem era o governador. Não tem como ele ter cometido qualquer irregularidade. Ontem ficou bem claro para mim que Sandoval não participava. Existe um corpo técnico e Sandoval não assinava pagamentos, não autorizava medição. Isso é tudo feito por um corpo técnico, inclusive os próprios bancos financiadores possuem também um corpo técnico com engenheiros para atestar se as medições e a obra foram feitas corretamente. Ele está muito tranquilo com relação a tudo isso. Não foi ele que indicou licitação, não indicou engenheiros para medição, nada disso”, afirmou o advogado.

 

A defesa pontuou ainda que Sandoval está respondendo apenas ter sido gestor à época. “Eu não tenho dúvida nenhuma que no final tudo será esclarecido sobre ele. A gestão dele foi muito rápida. Foram dois meses se situando, no outro já entrou em campanha, então isso ficou a cargo de cada parte. Do Sandoval não foi feito praticamente nada. E ele mesmo disse que é a pessoa que mais tem interesse que tudo se esclareça, por que ele não pegou um centavo”, finaliza Leandro Fernandes.

 

Operação

A operação Ápia está desarticulando uma organização criminosa que atuou no Tocantins supostamente fraudando licitações públicas e execução de contratos administrativos celebrados para a terraplanagem e pavimentação asfáltica em 29 rodovias estaduais. Além de Sandoval Cardoso, o ex-governador José Wilson Siqueira Campos foi conduzido coercitivamente à sede da PF, onde prestou depoimento. Em coletiva à imprensa ontem a PF informou que a organização funcionava em três núcleos compostos por políticos, servidores públicos e proprietários de empreiteiras. A suspeita é de que o grupo tenha desviado R$ 200 milhões.

 

Ao todo estão sendo cumpridos 113 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal sendo, 19 mandados de prisão temporária, 48 de condução coercitiva e 46 de busca e apreensão nas cidades de Araguaína, Gurupi, Goiatins, Formoso do Araguaia, Riachinho e Palmas, e também no Maranhão, Goiás, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Cocalinho (MT).

 

Os mandados de prisão temporária, pelo prazo de 5 dias, foram expedidos contra: Sandoval Lobo Cardoso, ex-governador; Círio Caetano da Silva, que já foi servidor público, é empresário em Colinas, dono da Tannara Auto Peças. No governo de Siqueira e Sandoval ele foi presidente da Comissão de Licitação e de Obras, Serviços Públicos de Transportes; Ramilson Ferreira de Oliveira; Renilda Martins Rezende; Alvicto Ozores Nogueira, o Kaká Nogueira, que é ex-presidente da Agência de Transporte e Trânsito (Agetrans), que está com mandado de prisão em aberto; Pedro Olímpio Pereira Furtado Neto, que é engenheiro civil concursado no governo do Estado e atua na Agência Tocantinense de Transportes e Obras; Donizeth de Oliveira Veloso, da empresa Zenite Transportes, responsável pela locação de meios de transporte e aluguel de máquinas e equipamentos comerciais e industriais; Luciano Nogueira Bertazzi Sobrinho; Valdemiro Teixeira Aguiar; Bruno Marques Roche; Estemir de Souza Pereira; Murilo Coury Cardoso; Francisco Antélius Servulo Va; Rossine Aires Guimarães, Jairo Arantes; Luciene da Silva Oliveira; Marcos Vinícius Lima Ribeiro, dono da empresa MVL; Wilmar Oliveira de Bastos, dono da empresa EHL; Humberto Siqueira Nogueira; Renato Hollunder; e Geraldo Magela Batista de Araújo, sócio-administrador da empresa Barra Grande Construtora.

 

(Matéria atualizada às 9h04)

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