Servidores voltam a denunciar caos no HGP:faltam médicos, remédios e acomodações

Documentos comprovam falta de medicamentos, pacientes sendo atendidos nos corredores, cirurgias sendo canceladas por falta de materiais e contratação de médica com indicação política

Hospital Geral de Palmas
Descrição: Hospital Geral de Palmas Crédito: T1 Notícias

Servidores públicos, que não serão identificados na reportagem para preservar seus respectivos empregos, lotados no Hospital Geral de Palmas (HGP), entraram em contato com o Portal T1 Notícias para relatar que estão ocorrendo diversas irregularidades nas salas de internação da principal unidade hospitalar do Estado. Os denunciantes destacaram principalmente a insuficiência de médicos, falta de medicamentos e condições precárias de acomodação de pacientes nas salas de internação.

 

A reportagem teve acesso a algumas páginas dos relatórios de plantão noturno e diurno e de passagens de plantão das salas verde, amarela, vermelha e dos corredores. Nas cópias, que o T1 disponibiliza em anexo, é possível constatar que a principal reclamação dos profissionais é com a constante falta de medicamentos.

 

Em um dos documentos, um médico suspende a cirurgia de um paciente por falta de implantes ortopédicos e finalizou o aviso de suspensão destacando que é um absurdo. “Dieta livre. Cirurgia suspensa! Motivo: Falta de implantes ortopédicos no HGP. Absurdo!!!”, transcrição do aviso de suspensão.

 

Os servidores denunciantes explicaram ainda que, mesmo com a falta de médicos, diversos profissionais estão esperando por uma possível contratação, uma vez que já houve uma seleção. Mas o que se viu foi o contrário do que esperavam. Recentemente, apenas uma médica foi contratada e em seu currículo havia indicação política.

 

Desabafo no Facebook

O médico concursado Hugo Magalhães, lotado no HGP, usou sua página no Facebook para desabafar e relatar parte de sua experiência dentro do principal e maior hospital público do Tocantins.

 

No texto Hugo diz que "gostaria que soubessem do caos que nós médicos enfrentamos. A falta de medicamentos constantes, desmarcação de cirurgias por falta de materiais, pessoas dormindo no chão ou em macas sem colchão, número reduzido de colegas da enfermagem e médicos, fornecedores de insumos para o hospital sem receber $ pela mercadoria entregue, falta de leitos em UTI, ver o desespero não só dos pacientes, mas também do corpo clínico pela falta de apoio dos governantes de todas as esferas que você possa imaginar".

 

O médico comenta em sua publicação que em uma ocasião atendeu o pai de uma amiga enfermeira no chão da emergência, que quase chegou sem vida nos braços dela, que implorou "Hugo, salva meu pai".

 

Com relação à escala de plantões, Hugo disse que "simplesmente a escala de plantão da clínica nesse hospital está trabalhando com cerda de 60% do número de médicos necessários para cobrir o plantão, não estamos dando conta de completar a escala e mais cedo ou mais tarde isso iria fatalmente acontecer. O pior de tudo é que desde o mês anterior já havia alertado a direção do hospital sobre os furos nas escalas (isso também por escrito) e nada foi feito pela secretaria. O plantão foi entregue ao diretor técnico, e mesmo assim com déficit de colegas. Estamos trabalhando no limite".

 

Confira a íntegra da postagem do médico Hugo Magalhães aqui.

 

Sesau nega

Por meio de nota encaminhada ao T1, a Secretaria de Saúde negou que haja pacientes no corredor, mas o caderno de troca de turnos assinado pelos próprios profissionais do HGP deixa evidente: "recebemos plantão com 11 pacientes nas salas verdes e 15 no corredor".

 

A nota diz ainda que a Sesau desconhece a contratação da médica com indicação política. Confira abaixo a íntegra da nota da Sesau:

 

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Secretaria Estadual da Saúde – Sesau desconhece a contratação de qualquer servidor por indicação política. Quanto a falta de medicamentos a Sesau esclarece que elas são pontuais e que os medicamentos são repostos de acordo com a demanda da unidade hospitalar.

Quanto a superlotação, a Sesau informa que o fluxo de pacientes atendidos está normal e que não há pacientes internados no corredor.

Palmas, 24 de julho de 2014.

 

(Atualizada às 21h20 com correções)

 

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