A imperiosa necessidade de manter viva a esperança

Clima tenso no País, na economia, no noticiário, traz abatimento e confronto de idéias. No Tocantins, dificuldades do governo geram agenda negativa, desgaste e ameaça a esperança em dias melhores

Amigos, os tempos não estão fáceis. Quem lê portais, jornais e assiste a TV, sabe.

 

O momento é duplamente difícil. No País, onde já vivemos efeitos de uma recessão que vai chegando, o clima é tenso. Quem perdeu a eleição não se conforma e vai se aproveitando da revolta natural das pessoas comuns contra os aumentos (gasolina, impostos) e as faltas (de horizonte, de novas oportunidades). Quem quer minar a imagem e o valor da Petrobrás e tomar o pré-sal, também.

Boa parte desta sensação pesada e ruim acontece não só porque os problemas existem, mas porque são potencializados ao máximo. De certa forma, porque somos impactados diariamente com notícias negativas sobre tudo que vai mal no Brasil. Do escândalo com a corrupção na Petrobrás -  alimentado todos os dias com novas e péssimas revelações – ao escândalo das contas na Suíca via HSBC, ao juiz andando no Porsche do Eike Batista.

 

E pouca coisa de bom circula nas redes, no noticiário, embora existam por aí, na vida.

 

Esta semana, o ápice acontece com a greve dos caminhoneiros, movimento bruto, meio sem controle, fruto do protesto de gente simples, que fecha estradas e não deixa passar nem o colega de profissão que tenta furar o bloqueio para chegar a tempo de comemorar o aniversário da filha... viram isto?

 

Tudo isto junto provoca reflexos e ameaça criar um efeito mais destruidor do que qualquer prejuízo financeiro: mina a fé no sistema político, no judiciário, na grande imprensa e seus interesses. E pior, compromete a esperança.

 

Em meio a tantos males e casos de corrupção que o Brasil passa a limpo, o Tocantins vive seu ano de cão. Desculpem a crueza da expressão, paródia daquele filme antigo, “Um dia de cão”.

 

Este é um ano programado para passar à conta gotas, lentamente, problema a problema.

 

Mudou pouca coisa nos dois meses de governo que vai terminando este fim de semana. Não é de se estranhar. Pouco tempo para desembaraçar um nó criado ao longo dos últimos anos. O HGP continua o mesmo, a fila das cirurgias eletivas também, os fornecedores ainda sem receber, o orçamento sem aprovar e a Assembleia fazendo gênero.

 

Não quero citar nomes neste artigo. Cada protagonista na história política deste Estado deu sua contribuição para chegarmos onde estamos. E agora todos serão chamados a ajudar a desatar o nó.

 

Quem fizer jogo de cena vai ser exposto, invariavelmente, nu nas suas intenções, diante do grande público. Sem perdão.

 

Faço esta pausa no meio do dia, para escrever um artigo não sobre o que vai mal, pois todos já sabem. Basta ler as manchetes.

 

A do dia, fala sobre os dez leitos da UTI neonatal que vão fechar no Hospital Dona Regina. E outra, ainda em produção, sobre os plantões extras de enfermeiros, médicos, nutricionistas, fonaudiólogos, que não receberam hoje, como esperado.

 

O governo criou uma forma de pagar parcelado os atrasados: juntou os plantões a salários, para assim fazer um corte no teto constitucional, que é o salário do governador. Algo perto dos R$ 25 mil.

 

Deste jeito, tem médico que vai levar mais de dois anos para receber 50% do que tem de crédito na Sesau. E ainda não conseguirá.

 

Desde cedo recebendo mensagens no meu WhatsApp (que por sinal tem horas contadas para ser suspenso no Brasil), de grupos de médicos e enfermeiros me solidarizo com quem precisa – e desesperadamente -  de receber o que trabalhou. Vejam, não são novos benefícios, mas velhos plantões, acumulados desde o ano passado.

 

E me pergunto: para onde vai a saúde pública no Tocantins se seus profissionais trabalharem mais desestimulados ainda?

 

Não dá. É gente que está na outra ponta dos números. Gente atendendo e gente esperando parar ser atendida.

 

Com o resultado das eleições de outubro, o governador Marcelo Miranda tornou-se o herdeiro da esperança do tocantinense.

 

Há três dias peregrinando em Brasília pedindo ajuda, retornará ao Estado com mais promessas do que respostas. As coisas não acontecem assim tão rápido.

 

O que não se pode perder de vista, é que em meio ao caos administrativo, financeiro, é preciso que o líder inspire seu povo. Que acene com cuidados. Que não penalize mais, quem já está penalizado.

 

O brasileiro vive dias escuros e o combate ideológico travado nas redes apenas tenta contrapor a onda negativa pontuando que a luta continua, para passar o Brasil a limpo todos os dias.

 

Do lado de cá da fronteira imaginária que o mapa traça no papel, o tocantinense também vive dias difíceis. Tudo que o Estado faz -  e principalmente o que deixa de fazer - impacta a vida das pessoas.

 

Todos os trabalhadores, empresários, empreendedores, donas de casa, estudantes, artistas, políticos, cidadãos que se levantam todos os dias para reescrever uma história de vida e de trabalho merecem que aqueles que governam permaneçam buscando soluções, abram a mente e a porta ao diálogo verdadeiro e mantenham acesa a chama da esperança.

 

Sem ela não dá para viver.

 

E é imperioso que seja mantida acesa e viva, para além dos primeiros meses de uma gestão que já se sabia que seria difícil. Mas que não é impossível.

 

O cavaleiro da Esperança não é apenas o que se senta na cadeira mais cara do Palácio Araguaia. Mas cada um de nós em seu posto e na sua lida.

 

Não vamos deixar morrer a esperança.

 

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