A teoria da negação e uma eleição que pode estar mudando de rumo

Negando-se a dar qualquer satisfação aos eleitores sem que seja provocada pela polícia ou pela Justiça, coligação de Marcelo Miranda deixa no ar a ligação entre Douglas e Júnior: um erro de avaliação

Marcelo Miranda: silêncio sobre caso do avião
Descrição: Marcelo Miranda: silêncio sobre caso do avião Crédito: Bonifácio/T1Notícias

Já se vão mais de 24 horas que o elo de ligação entre Douglas Schmitt, preso com R$ 504 mil e o empresário Brito Jr, irmão de Marcelo Miranda, foi publicado, sem que até agora, Miranda, o irmão, ou a assessoria da Coligação “A Experiência Faz a Mudança” viesse a público para proporcionar ao leitor/eleitor, qualquer tipo de explicação.

 

A posição oficial é de que a coligação só se manifestará se provocada na justiça pela polícia ou Procuradoria Geral da República. 

 

A militância do 15, bombardeada há dois dias -  começando pelas redes sociais -  resiste e encontra motivos para duvidar do que vê, nos menores detalhes. É a hora e o dia registrados pela câmera do circuito interno do hotel que não bate com a data de pagamento. É a via do estabelecimento, que ninguém assume quem vazou e que traz o nome de Brito Jr e o valor pago, anexado ao extrato da conta de Douglas. Ou a crítica à atitude do delegado Ricardo Chueire em divulgar peças do inquérito, já chamado no Twitter de Marcelo Lélis nesta manhã de delegado cabo eleitoral”.

 

Um vereador lá de Aurora, resumiu o momento apostando na obstinação do povo que quer votar em Marcelo Miranda: “Com avião ou sem avião, com dinheiro ou sem dinheiro, o povo quer é o Marcelo e não o Sandoval e o povo do Siqueira”.

 

No Facebook, a militância entoa o mantra: “com Cielo ou sem Cielo, meu voto é Marcelo”.

 

É o caso de se fazer uma  pausa para meditação.

 

A tese da negação

 

Será que a tese da negação vai adiantar? Será que o eleitor vai engolir?

 

Pode até ser que sim. No interior o povo tocantinense anda sofrido demais. Abandonado demais. Sem acesso aos seus direitos básicos, como ao atendimento digno dos seus problemas de Saúde. Quer uma saída.

 

O Estado vive perto de um caos financeiro. A folha acima do limite prudencial. Grande parte dos fornecedores sem receber. E o rombo do Igeprev aumentando a cada dia sem que as pessoas responsáveis por isto assumam a responsabilidade pelos seus atos. A última derrocada foi de R$ 13 milhões no Fundo Viaja Brasil.

 

No Caso Igeprev, como em outros problemas escancarados à luz do dia, o governo e os governistas também usam da tentativa de negar a realidade.

 

Quem vai vencer esta verdadeira guerra de discursos, argumentos e tentativas de convencer que seu candidato é o melhor para governar o Estado pelos próximos quatro anos?

 

Volto à pergunta: será que o eleitor vai engolir esta história sem explicação? pode ser que não. Afinal, os 20 maiores colégios eleitorais do Estado estão conectado à internet.  As pessoas não estão completamente alheias ao que se passa no processo eleitoral.

 

O formador de opinião, o estudante, o aposentado. As pessoas sem ligação direta com nenhuma campanha estão se questionando.

 

De toda forma, uma coisa é certa: não se pode ignorar um fato como este, que atropelou, literalmente, a campanha do PMDB no Estado.

 

 

Um novo processo que nasce

 

 

Vencendo todos os embates jurídicos até aqui, Marcelo Miranda corre o risco de chegar na frente dia 5 de outubro e enfrentar uma Aije. Pode novamente vencer uma eleição para depois não assumir o mandato. 

 

A mistura é explosiva demais: dinheiro, declarações contraditórias, santinhos e agora o irmão pagando a conta do empresário que no dia seguinte carregaria mais de meio milhão em espécie. Onde vai parar um processo assim, é uma incógnita.

 

Será que o irmão faria isto se soubesse que Douglas carregaria dinheiro em espécie? Se comprometeria a ponto de ser filmado num hotel cheio de câmeras? Pagaria com cartão de crédito? Empresário vivido, será que Brito Jr. é tão inocente a este ponto? 

 

São outras perguntas que ficam.

 

Há quem durma com um barulho desses, mas muita gente não.

 

Pode ser que o tempo mostre que estou errada, mas o Tocantins não é mais um grande Estado de municípios isolados e longe do que vai no noticiário. As pessoas ficam sabendo de tudo, raciocinam sobre tudo. E ficam com muitas interrogações na cabeça.

 

É dever de quem quer governar o Estado, tentar respondê-las. Afinal, quem cala consente. E por hora, o silêncio ecoa, ensurdecedor.

 

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