Campanha nas ruas, Sandoval já paga o preço de menosprezar Siqueira

Sandoval viu as pesquisas e recebeu a orientação do marketing: dissociar-se rápido da figura de Siqueira. As ruas começam a mostrar que cometeu um erro: desprezou quem tem liderança consolidada...

Sandoval e Amastha: discurso anti Siqueira
Descrição: Sandoval e Amastha: discurso anti Siqueira Crédito: Lourenço Bonifácio

Amigos, não comento números de pesquisas que não sejam os meus, das pesquisas contratadas pelo T1.

 

Dito isto, não se pode ignorar a realidade que vai nas ruas: a da liderança inconteste de Marcelo Miranda no cenário político e eleitoral do Estado nesta segunda-feira, 18, véspera de estréia do programa eleitoral na TV e no rádio.

 

Independente dos números que variam entre os institutos, algumas coisas são incontestáveis. Uma delas é que Sandoval Cardoso colocou a campanha na rua antes de Marcelo. 

 

Com equipe de marketing contratada antes da convenção e lendo pesquisa qualitativa desde o ano passado, quando a cúpula governista decidiu que não seria Eduardo Siqueira o candidato ao governo, era de se esperar mais do que carros plotados nas ruas e apoios anunciados da maioria dos prefeitos do Estado.

 

Pode ser que mude, mas Sandoval não empolga além do reduzido grupo que é de políticos que o apoiam. Especialmente seus colegas de Assembléia.

 

Ao buscar ouvir o que as pesquisas mostravam -  que o povo quer mudança -  e inventar uma mudança aparente para vender às pessoas, o grupo que decide cometeu um erro grave de avaliação: deixou de fora da campanha o Siqueira que tem história, que tem carisma e que tem voto.

 

E olha, que pode terminar a campanha de costas para o outro Siqueira: o que tem o comando de metade do grupo. Sim, por que hoje já existem dois grupos dentro da “nova” UT. E pode haver três, já que ninguém se engane com Carlos Amastha: ele não será destruído neste processo, mesmo que esteja momentaneamente diminuído por ter engolido o discurso e abraçado antigos adversários. 

 

E aqui vale um parêntese sobre os efeitos que causa o discurso do prefeito e a movimentação do seu grupo.

 

Constrangendo Eduardo

 

Dia destes passou desapercebido por muitos as cenas assistidas na inauguração do comitê político de Tiago Andrino, candidato a federal pelo PP.

 

Eduardo não foi convidado. Mesmo assim, decidiu ir à inauguração. Foi ver o movimento, segundo contam nos bastidores.

 

Chegou, subiu no palanque, mas não foi recebido com a deferência esperada. Exemplo: não foi aplaudido pela claque. Pode-se argumentar que a claque que estava lá era a dos deputados que dobram com Andrino: a de Barbosa, Major Negreiros, Lúcio Campelo, e outros tantos vereadores candidatos a deputado. Claque, já se sabe, aplaude o patrão. E Eduardo não levou a sua.

 

Mas não ficou por aí.

 

Logo que começaram os discursos, Carlos Amastha começou a elogiar Sandoval do jeito que sabe fazer: criticando os governos anteriores. E dá-lhe dizer quer Palmas agora saiu do apagão, que Palmas não vinha recebendo recursos nem apoio nos últimos anos. 

 

Sandoval pegou corda no discurso do prefeito e devolveu a gentileza: agradeceu Amastha por estar cuidado de Palmas, e emendou no tom de que ele agora está mudando tudo.

 

Lá embaixo, um incrédulo Eduardo ouvia as críticas explícitas ao governo do pai, que de fato, ele mesmo dividiu.

 

Coisas da política.

 

Fecha parênteses.

 

Siqueira assiste de longe

 

Considerado prejudicial à campanha, Siqueira Campos não foi sequer à convenção do SD e partidos aliados. Jaime Café levou um “recado” e um abraço do ex-governador.

 

Não é mentira que a orientação do marketing é dissociar a imagem de Sandoval da de Siqueira. Podem eles estarem certos. Posso estar errada na minha avaliação, o tempo dirá.

 

O que penso e vejo nas ruas é que o Tocantins tem duas grandes lideranças consolidadas em nível de governo: Siqueira e Miranda.

 

Marcelo está na frente por vários motivos, mesmo tendo chegado à campanha atrasado por conta de todo o imbróglio jurídico gerado pelos adversários. Mas um dos motivos pelos quais sua campanha, mesmo tímida e pouco organizada ganha as ruas e a preferencia do eleitor, é por que está diante de um adversário pouco consistente.

 

Sandoval erra e muito, ao desprezar Siqueira.

 

De longe, lá em Brasília onde tem ficado, o ex-governador viu a matéria da Folha em que seu sucessor, feito presidente da Assembléia pelo seu grupo e feito governador por decisão do filho declara que não nasceu deste berço político. Não gostou.Não é pra menos. Sandoval virou governador como? no PMDB?

 

Siqueira de fato cometeu seus erros ao longo de anos de vida pública. Posto na balança seu último governo é indigno de sua biografia, de seu histórico de realizações. 

 

Só que ao fim e ao cabo, com todos os prós e contras, Siqueira é o ícone que é na política tocantinense.  Muitos de seus fiéis eleitores de anos ainda se perguntam quem é Sandoval.

 

(Atualizada às 10h44)

 

Comentários (0)