Cidade vai bem, mas Amastha se torna alvo: já são os ecos pré-eleitorais?

Prefeito vive dias difíceis com ataques feitos por aquele que era um aliado de primeira hora, Wanderlei Barbosa. Na defesa da gestão municipal, vereadores dizem que o deputado quer antecipar eleição

Amastha vive dias difíceis com ataque de ex-aliado
Descrição: Amastha vive dias difíceis com ataque de ex-aliado Crédito: Bonifácio/T1Notícias

Companheiro costuma ser aquele que até vê os defeitos de uma gestão, mas trata deles reservadamente, na intenção de melhorar. Adversário, já faz o contrário: busca as falhas onde existem e até onde podem existir, para jogar no ventilador.

 

O prefeito Carlos Amastha, polêmico, inovador – e por vezes destemperado – não mediu palavras contra seus adversários nos últimos dois anos de gestão. Agora, no terceiro, vive dias de inferno astral ao ver seu aliado de primeira hora, deputado Wanderlei Barbosa, voltar artilharia contra sua gestão, nas últimas três semanas, direto da tribuna da Assembleia Legislativa.

 

Eleito com maior base de votos na Capital, após diversos mandatos de vereador em Palmas, o deputado de Taquaruçu também é figura controversa. Tanto nas pautas que defende, quanto nas mudanças de posição adotadas nos últimos anos, sempre com motivação eleitoral. Até aí tudo bem, mas não se pode negar que exerce seu direito de cidadão e de parlamentar ao apontar erros que considera graves na gestão do ex-companheiro e aliado, Carlos Amastha.

 

Por conta desta postura, Barbosa abriu guerra contra o prefeito e sofre o contravapor de antigos companheiros seus, da Câmara de Palmas. No foco, os recursos investidos no Esporte. Lá, pairam dúvidas sobre repasses feitos no ano passado, ano eleitoral, para diversas entidades. A suspeita de favorecimento, de má aplicação destes recursos e até de que alguns tenham devolvido recursos para bancar campanha, movimenta o Ministério Público Estadual. É o que se escuta nos bastidores e que o deputado levou a público durante suas últimas incursões na tribuna. Da suspeita à prova, vai uma distância grande. Até porque, se alguém pegou dinheiro a mais do que usaria, para devolver e beneficiar candidato, dificilmente irá às portas do MPE se autodenunciar.

 

A suposta má gestão destes recursos e a obra paralisada da reforma do Ginásio de Taquaruçu, alvos de Wanderlei Barbosa, expõem o que até aqui pode ser o calcanhar de Aquiles de uma gestão que tem se destacado pelo bem que vem fazendo à cidade. No pano de fundo, a guerra particular por votos e influência sobre Taquaruçu, de dois quase parentes e antigos aliados: Barbosa de um lado e Major Negreiros de outro. O vereador, ex-presidente da Câmara de Palmas, através de seu grupo, comanda o Esporte na cidade.

 

Daí, a resposta que virou meme ontem, do Major a Wanderlei: “peita em mim”…

 

Pano rápido.

 

Justiça seja feita a Amastha: da melhoria no transporte público, com novos investimentos, ao cuidado com a cidade (talvez nunca antes tão conservada, limpa, bem tratada), às reformas de postos de saúde (UPAs), novas creches (CMEI’s), recuperação de recursos federais, investimento em drenagem e pavimentação, tudo em Palmas dá sinais de que a população que quis a mudança, não tem do que reclamar. A cidade mudou de fato. E visivelmente para melhor.

 

Por que então, só a esta altura, o tiroteio recrudesce, coisa que não aconteceu ano passado, por exemplo?

 

Na fala dos vereadores da base do prefeito – algumas exacerbadas demais – o argumento é de que Barbosa antecipa o ano eleitoral. As defesas mais contundentes (e que pelo estilo dos nobres, recrudescem) partem justamente de José do Lago Folha Filho e Milton Neris. Este último, prejudicado neste mandato, que assumiu pela metade, após uma doação eleitoral feita a… Wanderlei.

 

Abre parêntese.

 

Entre as trocas de acusações, os vereadores desencavaram argumentos para criticar a passagem de Berenice Barbosa pela Educação do município, usando um episódio noticiado aqui, no T1 Noticias: a denúncia de que o filho de Barbosa estaria recebendo da Prefeitura para despachar currículos no gabinete do pai. Na época, esta jornalista e o Portal se tornaram alvo da ira de Wanderlei, com pouca repercussão na Câmara. Afinal, eram todos companheiros…

 

Passado o tempo e com a proximidade das eleições, amigos se tornam inimigos, simpatias transmutam-se em antipatias na vida que segue.

 

Fecha parêntese.

 

A quem observa fica a certeza de que o que move os políticos, na maioria das vezes, não é o interesse público, mas o pessoal, o eleitoral.

 

De claro mesmo neste cenário é que a lua de mel com Amastha e a classe política de agora em diante, tende a deteriorar-se. Afinal, quem não quer a Prefeitura de Palmas? Pelos recursos e pelo que representa na caixa de ressonância política do Estado, por ela passa a formação de novos grupos ou não. O fortalecimento do governo ou da oposição, o ressurgimento de antigos líderes…

 

Se a reforma política vingar, forçando o prefeito a desincompatibilizar-se seis meses antes, caso deseje a reeleição, teremos novos capítulos do tiroteio público que suas Excelências trocam de casa a casa legislativa.

 

Afinal, o cenário com o prefeito candidato é um. Mas aí teríamos o PMDB de Jr. Coimbra e Rogério Freitas no comando do Paço. Sem Amastha candidato, caberá ao grupo do prefeito encontrar um sucessor capaz de representar a ele ao seu legado nas urnas. Quem será este nome? Conjecturas.

 

Por hora, de casa, na TV e nos portais, assistimos aos ecos pré-eleitorais. Resta ver o que trarão de positivo para o grande público: revelações importantes sobre o uso do dinheiro público, ou mais do mesmo debate rasteiro?

 

Quem viver verá.

 

O cansaço que dá é que ano ímpar deveria ser dedicado apenas ao trabalho. Deveria. Mas se o Brasil sofre com estas eleições de dois em dois anos, o Tocantins sofre mais. Aqui tudo gira em torno do poder público e suas benesses. Por isso se luta tanto por elas, e com tanta antecedência. Uma pena.

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