Clima com partidos e aliados mostra Miranda longe do primeiro erro de Siqueira

A campanha presidencial em pleno segundo turno mantem partidos mobilizados, seja em prol de Dilma ou de Aécio

Marcelo Miranda e sua vice eleita, Cláudia Lelis
Descrição: Marcelo Miranda e sua vice eleita, Cláudia Lelis Crédito: Bonifácio/T1Notícias

O processo eleitoral no Brasil este ano ainda não terminou, com a extensão da disputa presidencial para o segundo turno. As novas eleições acontecem no dia 26 e provocam as manifestações pró reeleição de Dilma no Estado, em contraponto com a mobilização em favor de Aécio Neves por parte especialmente do grupo que perdeu as eleições em 5 de outubro passado.

 

A campanha presidencial tem feito com que os partidos mobilizados em torno da eleição de Marcelo Miranda(PMDB) permaneçam unidos em torno de um objetivo: assegurar a reeleição da presidente, num cenário adverso momentaneamente.

 

Todos os que querem a derrota do PT por vários motivos  estão unidos contra ela. No Estado a busca pelo fortalecimento de Aécio ganha um significado extra para quem perdeu o governo pela necessidade de garantir espaço na esfera federal, já que aqui a perspectiva é de quatro anos na oposição. E especialmente para os sem mandato nenhum.

 

É neste cenário que a transição entre os governos Sandoval Cardoso e Marcelo Miranda começa a ser construída. E justamente este clima em torno de garantir Dilma lá, com as consequentes parcerias que isso significará para o Estado, é que pode ajudar este governo começar bem diferente do outro, que Siqueira começou a construir há quatro anos, no final de 2010.

 

Explico.

 

Apenas quatro partidos construíram a vitória de Miranda. Cada um a seu tempo, somou forças e conceitos importantes na campanha que terminou vitoriosa no domingo, 5.

 

Siqueira fez equipe personalista e isolou companheiros

 

Se começar a planejar seu novo governo com eles, Miranda já eliminará de cara o primeiro fator de desgaste que Siqueira criou. Eleito com poucos, assim como Marcelo, o Siqueira de então isolou-se na hora de formar equipe. Ignorou os partidos que o ajudaram e começou a se distanciar dos principais políticos que criaram as condições eleitorais para ele naquela época.

 

Me lembro que ao convidar pessoas ligadas aos senadores João Ribeiro e Kátia Abreu, por exemplo, Siqueira de cara já descartava o elo entre eles, deixando claro que os convidava pelas qualidades que tinha enxergado neles e não pelo vínculo com quem quer que seja. Na prática, saltou os companheiros de palanque.

 

Marcelo, todos que conhecem sabem, é bem diferente de Siqueira no trato e nos métodos. Construiu a fama de democrático para além do slogan do governo que encerrou em 2009.

 

PV, PT e PSD: quadros e diagnóstico para ajudar a planejar ações

 

Dos três partidos que firmaram aliança com o PMDB, Miranda tem o que aproveitar nesta transição  e planejamento do novo governo.

 

Ninguém percorreu o Estado com método e reuniu tantas sugestões, após ouvir sistematicamente lideranças e o eleitor simples do interior como o PV do deputado Marcelo Lélis. É um material rico o que foi coletado por Lélis, Freire Jr, Joaquim Maia pelas andanças naquele movimento Alternativa de Mudança.

 

O PV também tem bandeiras e expertise nas áreas de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável. Além da experiência pessoal de Marcelo Lélis na área de Turismo, grande potencial adormecido do Tocantins.

 

O PT por sua vez elegeu três deputados estaduais, e já mostra que será sustentáculo de Miranda na Assembléia. Além da consistência ideológica de Um Zé Roberto, ou da verve forte de um Paulo Mourão, o partido tem forte apelo com os movimentos sociais, grande contribuição a dar nos projetos de inclusão social, e não só na habitação, mas na agricultura familiar, como também nos direitos civis cujas garantias pouco evoluíram nos últimos quatro anos no Estado.

 

O PSD, do deputado Irajá Abreu também fez votação importante para a Assembléia e nos quadros que deixou de eleger tem sua contribuição a dar no segmento que mais representa, e que é base forte da economia tocantinense: a agropecuária.

 

Para onde Marcelo Miranda olhar, no rol dos seus companheiros, encontrará valores e talentos a somar. Políticos, com perfil suficiente para comandar quadros técnicos. E bons técnicos com perfil político conferido pela participação nas discussões que evoluíram nos principais temas nos últimos anos.

 

Núcleo de ex-secretários: muito a somar

 

Além de PT, PV e PSD, evidentemente, o núcleo central que compôs o governo anterior de Miranda com sucesso em suas áreas, com certeza terá passaporte garantido nesse novo momento, de um novo governo, que começa seis anos depois do anterior.

 

São pessoas ligadas ao PMDB ou diretamente a Marcelo, e que nunca o abandonaram nos momentos de dificuldade. Os amigos da planície, Miranda tem deixado claro nos bastidores: com certeza terão seu espaço e valor.

 

O certo é que o governador eleito tem tudo para começar diferente de seu antecessor: seu perfil e história de vida o favorecem a abraçar os companheiros e compartilhar o poder que reconquistou a bem duras penas.

 

Até que janeiro chegue é natural muito “empura-empurra” para garantir espaço ou ser reconhecido no grupo que tomará o comando do Palácio Araguaia. A diferença pode estar em dois fatores: a experiência que Marcelo já tem ao lidar com tudo isso, e as lições que os duros anos na planície ensinaram. No Crystal Hall naquele começo de campanha Miranda já sinalizava que não daria espaço aos que não o acompanharam.

 

Se seguir a máxima de valorizar os companheiros e a competência já começará melhor, bem melhor que o antecessor.

 

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