Com o pai pré-candidato a governador, Vicente Jr. ensaia retirada do PSB

Demonstrando insatisfação com a entrega do comando do PSB no Tocantins a Amastha, Vicente Jr. anuncia que quer deixar o partido: o pai é pré-candidato a governador. Amastha também pode ser...

Deputado federal Vicentinho Jr
Descrição: Deputado federal Vicentinho Jr Crédito: Divulgação

O deputado federal Vicentinho Jr.(PSB) concedeu entrevista esta semana ao Conexão, anunciando que pretende deixar o PSB, após o anúncio da entrega do comando pela Nacional ao prefeito de Palmas, Carlos Amastha, filiado à legenda no primeiro semestre deste ano. De volta, diga-se de passagem, ao primeiro partido ao qual se filiou, ainda em Santa Catarina.

 

Nos motivos alegados por Vicente Jr. o de que não se submete ao comando do prefeito da capital. Em Brasília, há uma tendência a que deputados federais tenham o comando dos partidos nos estados, para facilitar o trâmite na Nacional e fortalecer no Congresso Nacional quem tem direito a voto, e peso na hora de definir horário de TV e fundo partidário. O PSB no Tocantins vinha no entanto sob a batuta do prefeito de Gurupi, Laurez Moreira, que vinha manejando o partido como quis e só havia sido ameaçado antes na posição pelo procurador federal Mário Lúcio Avelar, quando este procurava legenda para candidatar-se ao governo do Estado. Avelar namorou muitos mas acabou fazendo a opção que inviabilizou seu projeto: o PPS.

 

Na gritaria de Vicente Jr. -  que não se importava em ficar sob o comando de Laurez - estão os motivos que só se compreende mesmo ao olhar por trás dos panos que escondem dos olhos atentos da platéia todo este teatro que há na política brasileira em geral e na tocantinense em particular.

 

Vicentinho, senador, hoje no comando do PR no Estado, sonha de há muito, ser candidato a governador. É uma postulação legítima. Vicentinho construiu sua história na política prestando serviço ao Estado, em várias posições e mesmo antes, como aviador, já dava sua contribuição para esta região. Foi Siqueirista convicto e fiel durante muito tempo e por isso alçado à segunda vaga ao senado, quando Siqueira disputou ao lado de João Ribeiro, em 2010, a chance de cumprir seu último mandato à frente do Estado. É bem quisto, conhece o jeito tocantinense de ser na política. Tem potencial.

 

Em Natividade, numa solenidade de entrega de medalhas da Ordem do Mérito da Divina Providência, Vicentinho, o senador, me explicava, lá em maio de 2014, os motivos do ingresso do filho na política, para disputar uma vaga de deputado federal - que conquistou - “não posso me dar ao luxo de ficar oito anos sem disputar uma eleição”. Faz sentido. Ocupar espaços neste Tocantins de meu Deus é cada vez mais imperioso.

 

Até aí tudo bem e dentro da lógica.

 

A questão é que o PSB, sem candidato próprio e com a influência do único deputado federal do partido, seguiria quase como consequência para uma aliança com o PR de Vicentinho, que se contrapõe na Capital a Amastha, a partir de Raul Filho, ex-prefeito que deixou o PT e recentemente se filiou ao partido de Vicentinho, pelas mãos do Senador.

 

O que a Nacional do PSB faz, mesmo que deixando descontentes, é uma opção política, por um projeto político: quer eleger o maior número de prefeitos nas capitais. Mais que isto: enxergou em Carlos Amastha, o potencial eleitoral futuro. Ou alguém duvida que o prefeito vai se cacifando para uma disputa ao governo lá na frente? Ou quem sabe para o Senado, sonho que também acalenta  e não nega desde que chegou ao Tocantins?

 

Amastha por outro lado não é político que tenha entrado na vida pública tutelado. Não pertence ao grupo de ninguém, faz seu próprio grupo.

 

Assim, o que se assiste nestes ecos do mês de julho, é o cenário se desenhando, em lances lentos, mas decisivos para quando Outubro, data limite de filiações, chegar. Carlos Amastha não é mais apenas o controverso e polêmico prefeito de Palmas. É presidente de um partido. Provavelmente sua figura emblemática vai atrair no interior, outros líderes com esse perfil de independência das forças políticas tradicionais. 

 

O PSB fez sua escolha. Vicente Jr. , também tem a sua, natural. A depender de como conduzir o discurso, pode até ser liberado para mudar de partido. Ou usar a brecha dos 30 dias que vão se abrir lá na frente, matéria aprovada duas vezes na Câmara, que sá seguiu para o Senado,. E tem tudo para somar no projeto do pai ao governo, seja na posição que estiver até lá.

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