De como 2018 vai engolindo 2016, com exceção ao atrevimento dos Lélis

Líderes que não estão na disputa este ano, movem aliados como peças de xadrez num jogo que tenta esconder as intenções para 2018. Com exceção de Cláudia Lélis, que já enfrenta fogo amigo...

A semana terminou para a política tocantinense, com um fato digno de análise, ocorrido em Palmas.

 

A Frente que leva o nome da capital, oficializou como pré-candidata a prefeitura da cidade, a vice-governadora Cláudia Lélis, do PV. Imediatamente após o anúncio, começaram a operar os autores de um processo de “desmonte”, com o claro objetivo de tentar fragilizar a propositura da pevista.

 

Como jacaré não sobe em árvore, nem na vida, nem na política, desperta curiosidade todo o movimento que se observa e a quem são ligadas as pessoas que assim agem. Claramente orquestradas, fotos e manchetes foram plantadas  aberta e quase imediatamente, revelando não só de onde vem o fogo amigo mas o objetivo que o move.

 

Abre parênteses…

 

Não é segredo para ninguém, por exemplo, que o PRB, de César Hallum, namora o Palácio Araguaia há meses, trazendo na manga o nome do empresário Fabiano do Vale.

 

O desejo de Hallum é garantir a vaga de candidato a Senador na chapa de 2018. Aproximou-se de Miranda no momento em que este se distanciava da senadora Kátia Abreu, de quem já foi aliado e tornou-se opositor. Já aproximou-se e aparentemente distanciou-se de Carlos Amastha… Faz um jogo legítimo, mas com objetivo claro como a luz do sol.

 

Daí que vai ficando a cada dia mais verossímil a tese de que a pré-candidatura do empresário não representa a si mesma, e só decola se conseguir o apoio político do Palácio. Não tem sido pequeno o esforço para posicionar Fabiano em oposição a Amastha, ainda que os dois representem aos olhos da população, o mesmo conceito de gestor. 

 

Fecha parênteses.

 

Não é difícil neste contexto, compreender o movimento de cavaleiro andante de Derval de Paiva que assinou documento na Frente por Palmas, que definia critérios para a escolha do seu pré-candidato (pesquisa e maior apoio entre os partidos). Driblou Valdemar Jr., foi a campo buscar apoio para seu próprio nome como pré-candidato a prefeito, flertou com a outra Frente (que reúne PDT, PPS, SD, Democratas, PSC, PRB) e depois de faltar ao evento dos partidos da composição que integra, saiu disparando na imprensa que é prematura a escolha feita. Com base nos critérios que ele mesmo endossou.

 

Como que antevendo na ausência mal justificada, o inconformismo de Derval, ou sabendo bem como funciona o partido ao qual pertence (hoje com triplo comando), o vereador Rogério Freitas, presidente da Câmara de Palmas, discursou mais cedo, no lançamento da Frente se antecipando e tocando na ferida ao afirmar que o PMDB é useiro e vezeiro em se dividir em grupos, mas que alí naquele momento estava definido: integrava a Frente, não imporia o nome do vice, como chegou a ser veiculado na imprensa e de forma enfática: “o PMDB não discute mais o nome da candidatura majoritária, esse nome é o da vice-governadora Cláudia Lélis”.

 

Como o presidente do PMDB Metropolitano, Lázaro, praticamente porta voz de Derval, também foi enfático no apoio, só resta aguardar o dia 25, para conhecer o grupo que ainda quer discutir, de que fala Derval…

 

Todos, ou quase todos, com segundas intenções

 

Se não é segredo para ninguém que o prefeito Carlos Amastha trabalha sua reeleição com especial cuidado e sem abrir mão de escolher pessoalmente seu vice, sinalizando a pretensão de disputar o Senado em 2018, também não é segredo as intenções de outros líderes que comandam partidos.

 

Eli Borges, por exemplo, levará o Prós no caminho que lhe garantir vaga para disputar a Senatória em 2018. Vereador do partido, com capital político considerável, Júnior Geo já andou - pelas mãos do vereador Lúcio Campelo -  discutindo a possibilidade de apoiar Raul Filho. Este por sua vez, está no projeto do Senador Vicentinho Alves, dono de uma das vagas da Senatória e que sonha ser governador. Este, flerta com a possibilidade de compor grupo com a senadora Kátia Abreu. Ela própria, virtual candidata a governadora na sucessão de Miranda.

 

Atrás da Senatória caminham ainda o PP de Lázaro Botelho e Valderez e o Solidariedade de Eduardo Gomes. 

 

É nesse campo de muitos interesses que as eleições municipais deste ano já estão se desenrolando.

 

Por isso, não deixa de ser interessante observar o atrevimento de Cláudia Lélis em meio a este cenário.

 

Sem pedir licença a ninguém, colocou o nome, lá atrás, ato contínuo da decisão do TSE em manter inelegível seu marido. Ignorando os que torceram o nariz para sua pré-candidatura com argumentos diversos, foi às ruas com o PV Ouvindo Você e ocupou o vácuo.

 

Não é de se estranhar que tenha alcançado a casa dos 12% da preferência de um eleitorado do qual era praticamente uma ilustre desconhecida.

 

A bem da verdade é preciso reconhecer que como poucos, os Lélis, jogam o jogo do agora. Marcelo, inelegível, deixa de representar perigo na disputa por qualquer posição em chapa majoritária em 2018. Ao contrário, torna-se, pelo capital político que demonstra manter na capital, um cobiçado cabo eleitoral.

 

Cláudia por sua vez, terá o tamanho que alcançar no projeto que constrói agora.

 

A independência dos dois é o que parece assustar e mobilizar a trupe do desmonte.

 

Se a vice conseguirá escapar do desgaste automático que herda por integrar o governo, se provará ao povo de Palmas que é capaz de gerir a cidade com pulso próprio (tornando-se maior que a influência e a herança política do marido) se terá mais ônus ou mais bônus, são respostas que só o tempo trará.

 

Neste momento o que os fatos demonstram é que o Palácio Araguaia não pariu um candidato. Não se preocupou com isso. Não viabilizou nome algum do PMDB com perfil competitivo. E por hora, vem a reboque do trabalho organizado que os Lélis e o PV foram capazes de fazer nos últimos meses. 

 

Talvez seja esse “topete”  aí que já incomoda muita gente…

 

 

 

 

 

 

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