Dilma escala Kátia para fazer a revolução que falta na Agricultura

Embora não confirme que foi convidada para assumir o Ministério da Agricultura a partir do próximo ano, Kátia Abreu mostra proximidade com a presidente e reúne condições para revolucionar o setor

Kátia com Dilma na Expozebu
Descrição: Kátia com Dilma na Expozebu Crédito: Web

Desde sexta-feira, quando a Folha de S.Paulo vazou o convite feito pela presidente Dilma Rousseff à senadora Kátia Abreu para assumir o Ministério da Agricultura, uma sucessão de manifestações pró e contra agitam a imprensa nacional e as redes sociais sobre o tema.

 

Os movimentos contrários mais significativos, sob o ponto de vista partidário, nascem do PMDB – especialmente na Câmara onde nasceu o racha para apoiar Aécio Neves no segundo turno – e das alas mais radicais do próprio PT, informa a jornalista Míriam Leitão. Esta última, alimenta lá - como outros alimentam cá – antipatia pela senadora, que preside a CNA. Natural que com motivação pessoal contrária, uns e outros venham a tecer em suas linhas bem ou mal escritas, notas de rancor e ressentimento.

 

Já os favoráveis extrapolam os limites das fronteiras do Tocantins. É o caso da defesa feita pelo Blog Amigos do Lula, para quem no cenário geral, é uma boa mexida.

 

Afinal, ao fim e ao cabo, o PT ganha um senador, com Donizeti Nogueira. Aliás, um suplente que não pode ser desqualificado como se tenta nas redes sociais. Além de comandar o PT no Estado por anos importantes, foi suplente de deputado federal eleito em 2010 com uma boa votação, antes de ocupar a suplência de Kátia Abreu.

 

A Agricultura, no entanto, não tem sido o problema do Brasil nas últimas décadas, para merecer tanta polêmica, diante de uma indicação -  que caso venha a se concretizar -  atende do quesito técnico ao político, sem qualquer sombra de dúvidas sobre competência ou merecimento.

 

É um setor crescente, pujante, que exibe números sólidos e responde por uma parte significativa do PIB brasileiro, mas do Ministério e suas ações pouco se escuta falar.

 

Kátia Abreu o domina com o conhecimento de quem saiu da fazenda para um Sindicato Rural, de lá para a Câmara Federal, posteriormente foi ao Senado e dele à Confederação Nacional da Agricultura. Tornou-se uma estudiosa dos problemas nacionais que criaram gargalos ao setor produtivo ao longo de sucessivos governos, defende a modernização das práticas no campo para atender a novos índices de produtividade sem a necessidade de abrir novas fronteiras, sem derrubar um pé de árvore.

 

Politicamente, a senadora, reconduzida à CNA, onde tem posse marcada para 15 de dezembro próximo, saiu da oposição combativa ao presidente Lula, para uma convivência diplomática com Dilma, junto a quem conquistou boa parte das bandeiras que o Agronegócio levantava há quatro anos. Bandeiras como a atualização do Código Florestal, emperrada por décadas.

 

No campo partidário, deixou o Democratas pelo PSD, já posicionando-se mais ao centro e dele migrou para o PMDB, onde reforça o time de Michel Temer e Valdir Raupp entre outros. Do outro lado, como se sabe está a troupe de Eduardo Cunha, na Câmara Federal, o PMDB da confusão e da eterna briga por cargos. Natural que venham de lá os ecos da insatisfação.

 

Ocorre que Dilma não tem exatamente o perfil de quem entrega cotas e deixa os partidos escolherem. Quem não se recorda da briga homérica com o PR – João Ribeiro estava vivo e ativo – quando a presidente desmontou o esquema da Valec e trocou todos os quadros, enfrentando a chantagem de alas do partido que ameaçavam com o rompimento?

 

Natural por outro lado, que o MST – cujas práticas ilegais Kátia Abreu combate com veemência – se incomode com sua eventual indicação. O mesmo raciocínio serve para ONG’s mantidas por grupos internacionais de interesses nem sempre claros e republicanos. Mas Dilma não convidou Kátia Abreu para o Ministério do Meio Ambiente, nem está propondo entregar a ela o comando da reforma agrária no País.

 

Aqui vale um parênteses.

 

No despeito implícito no texto de Míriam Leitão no final de semana - quando diz que Dilma escala sua mais nova amiga de infância para a Agricultura ignorando aliados – está o desconhecimento de como Kátia Abreu vem conquistando o respeito da presidente.

 

É trabalho. Idéias. Projetos. Trata-se de um processo de aproximação construído propondo solução para problemas e assumindo riscos, como no apoio à MP dos Portos. Expondo a importância de integrar os sistemas de transporte e escoamento da produção. A necessidade de buscar meios mais eficazes, barateamento do frete, para colocar produtos nacionais com competitividade no mercado internacional.

 

De Kátia Abreu podem dizer seus desafetos, que não é pessoa fácil de conviver. Não tem meias palavras. Apurou a inteligência e o senso prático, visão de águia para enxergar longe e foi perdendo no meio do caminho o trato que a maioria dos políticos busca cultivar no jogo diário das trocas que o poder exige. É um preço a pagar, mas sua dureza tem sido de eficácia brutal também para romper barreiras.

 

Fecha parênteses.

 

No último final de semana, durante a comemoração de aniversário do futuro superintendente do Sebrae Tocantins, Omar Henneman, a senadora desconversou sobre o convite da presidente. “Estou correndo de jornalistas”, brincou, para depois confirmar que jantou de fato com Dilma na quarta-feira passada, mas para convidá-la para ser sua madrinha de casamento com Moisés Gomes, com data agendada no começo de fevereiro.

 

Enquanto adversários e desafetos tentam reverter a possível nomeação de Kátia Abreu num futuro próximo para a Agricultura, o mercado se degladia mesmo é em torno dos nomes já anunciados para a nova equipe econômica, como vai no UOL nesta segunda-feira, o fogo amigo que Joaquim Levy, por exemplo, já sofre.

 

A tendência é que o assunto se pacifique no decorrer da semana, com os outros problemas, maiores a mais urgentes que a presidente tem em pauta para resolver.

 

Uma vez confirmada nas alterações que Dilma com certeza tem para fazer, uma certeza afetos e desafetos podem ter: Kátia Abreu fará uma passagem histórica pelo Ministério da Agricultura. Uma gestão de resultados, como tem sido sua marca.

 

Como diria Salomão Wenceslau, se estivesse vivo: ela atravessou o rubicão, rompeu as fronteiras, levou seu nome para além de onde nossas vistas alcançam.

 

O Tocantins dificilmente será o mesmo depois disso.

 

 

 

 

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