Estresse, dívidas e o que mais adoece a PM no Tocantins

A morte de militares, por depressão que leva ao suicídio, ou por problemas de saúde gerados pelo estresse da profissão esconde problemas de estrutura que já adoecem a Polícia Militar no Tocantins

PM no TO: muito trabalho, estresse e dívidas
Descrição: PM no TO: muito trabalho, estresse e dívidas

A morte de dois policiais no final de semana em Palmas - Tenente Feijão e Sargento Rosendo - reacendeu dentro da corporação e fora dela, entre amigos e familiares, algumas discussões pertinentes sobre o momento vivido pela PM no Tocantins.

 

A partida trágica do Tenente Feijão, que tirou a própria vida com sua arma, enquanto bebia num bar da capital, quadra em que era conhecido e muito querido, é contabilizada por alguns militares como a sexta, nos últimos anos.

 

Em nota ao T1 Notícias, a assessoria da PM fala em um caso no último ano. Ainda está recente na memória o que ocorreu no Sudeste, abalando também lá, os companheiros de farda do policial que partiu, sem explicações.

 

A morte do Sargento Rosendo, por outro lado, se deu por uma parada cardíaca enquanto o mesmo caminhava no parque Cesamar. Relativamente novo, partiu aos 50, possivelmente por problemas de saúde não identificados a tempo.

 

A verdade é que a rotina estressante que já faz parte naturalmente da função exercida na rua por policiais militares, ganhou alguns componentes preocupantes nos últimos anos.

 

Um deles é provocado pela aposentadoria que chega para muitos, sem que haja reposição do efetivo que está nas ruas. Isso tem sobrecarregado a tropa, e segundo relato de alguns amigos militares, força uma excessiva carga de trabalho.

 

Policial sobrecarregado se alimenta mal, enfrenta jornadas exaustivas, descuida da saúde.

 

Na outra ponta, os cedidos ou em funções burocráticas, enfrentam  o sedentarismo como inimigo.

 

Nos últimos meses, em que os problemas financeiros do Estado se agravaram, a PM vem enfrentando entre outras dificuldades, a falta de gasolina nas viaturas, o que restringe ainda mais a atuação militar.

 

Ninguém duvida da escalada geral da violência, especialmente dos roubos à mão armada, já tão comuns em Palmas, Araguaína e outras cidades de grande e de médio porte no Tocantins.

 

Somado à tudo isso, um fator gera ainda mais estresse e pode estar na raiz da depressão que vai tomando conta de muitos: as dívidas, especialmente com bancos.

 

É que o governo do Estado deixou de pagar, já faz pelo menos dois anos, os empréstimos contraídos por militares que anteciparam a indenização à qual tinham direito e que foi negociada no governo Carlos Gaguim.

 

A consequência é que os bancos não perdoam ninguém e passaram a descontar direto na conta salário dos militares as parcelas devidas, que o Estado não paga. Para  muitos, isso faz toda a diferença. O salário curto, ficou menor ainda.

 

Não é difícil entender que a rotina de quem está nas ruas, vestindo farda e portando arma, venha se tornando exaustiva, e depressiva. 

 

Trata-se de arriscar a vida quase que diariamente e não ser capaz, no final do mês, de dar à família, o sustento de suas necessidades de maneira integral.

 

De todas as falhas que uma gestão pode cometer, ao adiar providências dolorosas, mas necessárias, está o comprometimento das condições de trabalho de quem tem que zelar pelos três princípios básicos da administração pública: segurança, saúde e educação.

 

A rotina crítica que a PM vive no Tocantins hoje é reflexo da falta de medidas tomadas a tempo para sanar problemas de Estado. E esse é só um dos problemas.

 

Que esta realidade seja revertida enquanto ainda temos uma das melhores polícias militares do Brasil.

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