Os dias difíceis que esperam Marcelo

Governo adia compromissos e transfere para o próximo governante responsabilidades como pagamento de fornecedores e férias de funcionários que já estavam programadas: na Assembléia, regalias à vista...

Marcelo Miranda: sem acesso às contas por enquanto
Descrição: Marcelo Miranda: sem acesso às contas por enquanto Crédito: Bonifácio/T1Notícias

O cenário vivido pelo governo do Estado do Tocantins neste final de 2014, com a derrota do grupo governista que ocupa o Palácio Araguaia na sucessão de Siqueira Campos, não projeta boas expectativas para o começo do ano. Ao contrário.

 

Enquanto empresas se adequam ao pagamento de três folhas – outubro, novembro e dezembro -  mais o 13o salario de seus funcionários e tentam encontrar saída para a o abatimento que se vê no mercado pós eleição, o governo, como se vê, protela responsabilidades.

 

O pior: programa para fevereiro, responsabilidades que eram suas, e estavam programadas para agora. Como as férias dos servidores públicos em diversas secretarias, objeto de matéria publicada no T1 Notícias no final da semana que passou.

 

Os servidores, evidente, estão indignados. Compraram pacotes, parcelaram passagens aéreas, fizeram toda uma programação e foram surpreendidos pelo corte. Muitos argumentam que preferiam receber depois, mas usufruir agora. Não adianta. Estão suspensas as férias. E quem vai pagar, é Marcelo Miranda, governador eleito.

 

Garantindo regalias

 

O governador tampão, Sandoval Cardoso -  que  nos bastidores afirma não querer judicializar o resultado das eleições – protela no entanto, para depois da diplomação, a abertura das contas a Marcelo Miranda, no que seria normal fazer: um processo transparente de transição.

 

Nada de moderno na atitude. Como se vê, Carlos Gaguim era mais moderno que Sandoval Cardoso. Não só nomeou a equipe de transição naquele pós eleições, como indicou Eduardo Siqueira, à época para coordenar os trabalhos da comissão.

 

Ao contrário, o que se ouve nos bastidores é que o grupo governista empurra as contas para o sucessor pagar e tenta garantir regalias.

 

É o caso de um projeto que estaria no forno, e que teria o objetivo de garantir em lei duas coisas: que ex-governadores eleitos direta ou indiretamente tenha direito a uma equipe de segurança composta por quatro oficiais; e que os ordenadores de despesas (ex-secretários e afins) tenham garantido em lei que o Estado pagará advogados para que respondam os processos no TCE e outras instâncias que questionem a lisura das contas pelas quais são responsáveis.

 

Com uma Assembléia Legislativa renovada em mais que 50%, o que o governo eleito precisará fazer com urgência para garantir governabilidade é jogar luzes sobre tudo o que vai passar pelo legislativo neste final de ano. E garantir através de medidas judiciais que seu primeiro semestre não seja inviabilizado, tornado caótico por irresponsabilidade administrativa dos que querem postergar suas obrigações.

 

Do jeito que a coisa vai, Marcelo Miranda enfrentará dias difíceis. A questão, é que ele é mandatário popular. Tem a missão de organizar a casa. Quem sofrerá com as medidas não é a figura do governador eleito, tão somente, mas a coletividade. A começar pelos servidores públicos, passando pelos fornecedores, até chegar à ponta, no cidadão comum que não trabalha para o governo, não vende para o governo, mas vive as consequências de todas as ações governamentais na pele.

 

Na prática: o que já começou a acontecer agora, se refletirá sobre todos nós quando fevereiro chegar.

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