Os sinos dobram por Edy... enquanto recrudesce o ódio contra homossexuais

Crimes violentos contra homossexuais, em Palmas e no País inteiro, revelam o recrudescimento do ódio, da violência, da intolerância. Até quando a sociedade vai tolerar?

Para quê tanto ódio? Até quando?
Descrição: Para quê tanto ódio? Até quando? Crédito: Foto: Da Web

A morte da travesti conhecida como Edy, que atendia no seu salão de depilação na 307 Norte, em Palmas, choca e deixa inconformados familiares, amigos e a comunidade LGBT da capital, cada vez mais acuada diante das ocorrências de assassinatos de gays. Muitos com requintes de crueldade.

 

O caso, que se soma a outros crimes, corpos encontrados, crueldade, mutilações, espalha uma onda de tristeza e consternação na comunidade. O recrudescimento de uma onda de violência contra homossexuais é evidente e pode ser observado no noticiário nacional, com fortes repercussões. Como o caso do universitário assassinado recentemente no Rio de Janeiro. Ambientes de discussão política, de formação de intelectuais, tomados pelo preconceito de gênero, pela intolerância, avançam para se tornar ambientes da prática de crimes homofóbicos, extremamente violentos.

 

Qual o recado que estes assassinos estão deixando quando picham muros e banheiros com frases que estimulam morte aos gays?  E que recado eles têm de volta das autoridades que precisam defender os direitos humanos, garantir o direito à vida?

 

A primeira reação de muitas autoridades policiais na condução de inquéritos é desqualificar os crimes como homofóbicos. É banalizar, jogar na vala comum da passionalidade, tirar o foco da discussão. Como se ao admitir que há ali um componente de ódio ao gênero, o discurso das entidades que pregam a igualdade, o respeito, fosse ser fortalecido por demais…

 

Até quando? Até onde vai essa onda de ódio? O que fazer para desarmar corações, mentes e punhos cerrados?

 

Eu só vejo saída na educação. No ensinar valores como igualdade e tolerância com o jeito de ser e se expressar de cada um. No reforço ao direito que cada um tem sobre o próprio corpo. No direito de cada cidadão de ser feliz, do seu jeito. Sem necessariamente incomodar ninguém.

 

Edy era uma pessoa doce, de bom trato, profissional de beleza respeitada na cidade inteira. Pelos primeiros relatos colhidos, vizinhos ouviram gritos, pedidos de socorro. Ninguém socorreu. Três dias depois do seu brutal assassinato, o corpo foi encontrado… pelo mau cheiro que já exalava. Triste fim. Por quê? Esta é a pergunta que deverá ser respondida.

 

Sempre reajo quando alguém vem com argumentos do tipo: “ah, esses gays provocam, com seus comportamentos” as reações de violência que sofrem. Como assim? Provocam mortes absurdas por que se expressam? Por que são como são e o fato de ser diferente incomoda? É esta a lição que estamos deixando?

 

Nossa sociedade precisa urgentemente enfrentar as questões de gênero. As escolas precisam tratar das questões de gênero. As igrejas que se dizem cristãs devem estimular a tolerância, a solidariedade, o amor ao próximo, independente de qualquer orientação homoafetiva.

 

Esse ódio, esse discurso primitivo aplaudido nas redes sociais, mata gente. Mata seres humanos. Todos esses mortos têm família. Foram bebês um dia. Esperados, amados, acariciados pelas suas mães, pais, avós. Todo morto tem alguém que chora por ele.

 

Para quê tanto ódio? E até quando?

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