“Eles não estavam preparados para isso”… o drama das famílias dos presos da Ápia

Familiares dos presos pela Operação Ápia sofrem com as prisões e suas consequências. Já no governo, o clima é de tensão na Infraestrutura, onde todos os contratos e aditivos são feitos há longos anos

Wilmar sendo levado por agentes da PF
Descrição: Wilmar sendo levado por agentes da PF Crédito: Foto: T1 Notícias

O dia de ontem, segunda-feira,17, que deveria supostamente ser marcado pela libertação dos presos temporariamente pela Polícia Federal durante a Operação Ápia, trouxe a notícia da prorrogação dos mandados de prisão do ex-governador Sandoval Cardoso(SD), do seu cunhado e primo Kaká Nogueira, e de mais nove pessoas. 

 

 

O grupo de sete primeiros inclui os empresários proprietários de construtoras: Marcos Vinícius Lima Ribeiro, Wilmar Oliveira de Bastos, Humberto Siqueira Nogueira e Francisco Antelius Servulo Vaz, além dos ex-servidores Bruno Marques Rocha e Ciro Caetano da Silva, que permanecem presos. Também além deles, seguem presos, Rossine Aires Guimarães, proprietário da CRT Construtora, em prisão domiciliar por motivos de saúde e Geraldo Magela Batista de Araújo, sócio da Construtora Barra Grande, que permanece no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, por ser militar da reserva.

 

 

Os efeitos da prisão dessas pessoas são devastadores em dois grupos: os familiares dos presos, gente que nunca passou por qualquer experiência envolvendo cadeia, e o grupo de políticos e servidores públicos, que teme ser afetado por declarações e seus desdobramentos.

 

 

O que se escuta em qualquer roda é que a tensão é grande na Secretaria de Infraestrutura do Estado, onde as obras acontecem. E por onde passaram processos e mais processos de contratação de obras, com aditivos contestados nos últimos anos. Enquanto as ações eram provocadas pelo Ministério Público Estadual, poucos se importavam. Mas com MPF, CGU e Polícia Federal, a coisa é bem diferente.

 

 

O que corre à boca pequena, é que os primeiros a depor teriam não só confessado os atos ilícitos praticados para beneficiar um grupo de empresas, como detalhado práticas que ampliariam o foco das investigações. A Polícia Federal, obviamente, não atencipa conteúdo de depoimento. Tudo segue cercado do maior sigilo. Mas muita gente já sabe de parte do conteúdo que envolve revelações explosivas. O que só contribui para aumentar a tensão…

 

 

Despreparados para tal situação

 

Se o clima dentro do governo e na roda de conhecidos empreiteiros é tenso, o drama das famílias é imenso.

 

 

No caso do ex-governador Sandoval Cardoso, que deixou uma vida de bem sucedido fazendeiro e empresário para ingressar na política, os efeitos de sua prisão é devastador para sua mulher Marcela e para o pai, especialmente.

 

 

O próprio Sandoval, segundo relatos vazados em off, teria chorado, literalmente, ao ter que tirar a própria roupa e vestir o uniforme da CPP para ir depor. Uma cena inimaginável, com certeza, nem nos seus piores pesadelos. A família se deslocou para Palmas, aguarda o desenrolar dos acontecimentos e busca encontrar a melhor defesa para Sandoval.

 

 

Outro bastante abalado emocionalmente é Wilmar Bastos, da EHL, que tem tocado grandes obras no Estado há muitos anos e que atualmente estava à frente da obra da alça viária Norte Sul, em Palmas. 

 

 

Parênteses.

 

 

Embora tenham estabelecido uma parceria intensa e um convívio muito próximo durante o governo Sandoval, o ex-governador e o empresário foram conduzidos na mesma Van sem trocarem palavra um com o outro.

 

 

As relações entre os dois teriam esfriado, por motivos que se desconhece. Alguns especulam que isso ocorreu depois da reaproximação entre Wilmar e Marcelo Miranda. O governador quando eleito, se recusava a pagar as faturas das obras de Wilmar, especialmente a lama asfáltica que considerou mal feita e chegou a rotular de “lambança”. Nos bastidores, Marcelo dizia que só pagaria Chatão (apelido de Wilmar), se ele refizesse o serviço.

 

 

No último ano, Wilmar e Marcelo se reaproximaram. Deram coletiva juntos no canteiro de obras em Palmas, onde Miranda elogiou os serviços da EHL. A proximidade com o atual governador, pode ter contribuido para afastar Chatão do ex-companheiro Sandoval...

 

 

Fecha parênteses.

 

 

O que a Operação Ápia vai revelando sem dó nem piedade é que além de aditivos absurdos e inexequíveis, parte do que foi pago nem chegou a ser executado.

 

 

Em meio à tristeza e abatimento que tomou conta de muitas rodas em Palmas - onde todos se conhecem e quase todos são amigos - uma frase tem sido repetida: “eles não estavam preparados para isso”.

 

 

O “isso”, que é a prisão, a exposição pública, a humilhação de calçar havaianas e dormir em colchões no chão de uma cela sem ar condicionado, parece um pesadelo sem data para acabar.

 

 

É que quanto mais gente depõe e dá detalhes dos até aqui improvados esquemas de favorecimento, mais longe fica de acabar o que parecia ser uma prisão temporária de 5 dias. A tendência é que para os principais envolvidos, se transforme em prisão provisória.

 

 

Haja coração para muitos dos que conviveram de perto ou se beneficiaram com essas contratações e pagamentos.

 

 

O pesadelo pode estar só começando…

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