Juízes trocam farpas após Villas Boas questionar voto de Olinto em processos

Clima esquenta no TRE e juízes trocam farpas na sessão desta terça. A discussão começou após questão de ordem ser levantada quanto à participação de João Olinto no julgamento de processos das eleições

O retorno do juiz João Olinto, pai do deputado estadual eleito, Olyntho Neto, aos julgamentos de processos em pauta no TRE provocou uma discussão acalorada na tarde desta terça-feira 18, antes que a transmissão da sessão fosse interrompida via Youtube, para julgamento de processo sigiloso da pauta.

 

Após questão de ordem referente a participação do juiz João Olinto nos julgamentos que dizem respeito ao período de eleições de 2014, uma discussão ferrenha entre o juiz João Olinto e desembargador Marco Villas Vilas esquentou a sessão. No auge da discussão, Marco Antony Villas boas apontou o dedo em direção a Olinto e recomendou que ele tenha cuidado para não sair do Tribunal "pela porta dos fundos". A reação veio após o juiz, que responde questionamento pela sua participação no julgamento do processo de cassação do prefeito Genésio Ferneda -  que apoiou seu filho a deputado estadual - se dirigiu à presidente Jackeline Adorno, levantando a suspeita de que se ele está comprometido, ela também pode estar por ter marido secretário de Governo. 

 

Olinto defende que pode julgar processos do pleito de 2014

João Olinto defendeu sua participação e disse que estava afastado somente até o fim do pleito. A presidente do TRE, desembargadora Jacqueline Adorno levantou a questão de ordem e os magistrados se manifestaram. O desembargador Marco Villas Boas disse que ficou ressalvado a questão quando o juiz se afastou por ter um filho na disputa eleitoral, o deputado eleito Olyntho Neto, e que seria analisado caso a caso cada matéria a ser avaliada. No entanto, Marco Villas Boas foi enfático ao dizer que "realmente o assento ele [João Olinto] tem de volta, agora participar nos processos originários do pleito, seria macular (manchar) de nulidade todos os processos que ele participasse".

 

O clima esquentou pela primeira vez quando o juiz João Olinto se manifestou defendendo-se, e a presidente do TRE disse que ele não estava sendo acusado de nada, e direcionando ao desembargador Marco Villas Boas, João Olinto disse que o chamaria de juiz, por ele ser um juiz, tudo ao tempo em que argumentava que tinha o direito de participar das votações dos processos referente as eleições de 2014. "Na ideia do juiz Marco, pois o senhor é um juiz (...)", provocou João Olinto. Marco respondeu: "Então o senhor diga meu nome completo", rebateu o desembargador ao corrigir o João Olinto. Com os ânimos visivelmente alterados, este retrucou pedindo ao desembargador Marco Villas Boas que também se dirigisse a ele usando seu nome completo.

 

Villas Boas disse a João Olinto que este estava totalmente equivocado. João Olinto continuou afirmando que seu afastamento acabava dado o fim das eleições e a presidente interferiu: "aqui não tem nada pessoal, todas as decisões dessa casa são de cunho de direito", afirmou ao pedir os magistrados para manter a situação no campo das ideias.

 

Marco Antony lembra que Olinto tem postura questionada

Marco Villas Boas disse que deixava a critério de Olinto definir se participava do julgamento dos processos, "a nulidade no processo eleitoral tem um valor, se não apenas o valor moral, tem também o valor material (...) cada um é dono da sua razão, só estou aqui para defender o princípio, uma questão profissional, absolutamente do plano ético (...). Sua excelência já parte para uma carga emocional que não é viável, isso atribula o ambiente de trabalho. (...) Não seja jocoso, não venha com essa espiritualidade, que vossa excelência não venha me provocar, eu não cairei nas suas armadilhas, que vossa excelência prepara", alfinetou Marco Villas Boas lembrando João Olinto que ele está sendo questionado. "Sua atuação está sendo questionada", lembrou Villas Boas.

 

Por diversas vezes Olinto Neto e Marco Villas Boas discutiram e a presidente do TRE teve de interferir para acalmar os ânimos. Num segundo momento, após o Pleno entender, pela maioria dos votos, que João Olinto poderia participar dos julgamentos. Villas Boas disse que o processo eleitoral tem interesses. A presidente, apesar de não votar, quis comentar e ao concordar com o desembargador Marcos disse que há interesses, uma coligação envolvida e a participação do filho do juiz, "apenas acho que a política é feita de interesses. Nada contra o dr. João Olinto", explanou.

 

O juiz João Olinto rebateu a presidente disse que ela poderia "a senhora mesmo, por esse prisma teria impedimento. Seu próprio marido (...) é um secretário e poderia comprometer seu voto", atacou. Ao mesmo tempo, a presidente disse que seu marido não é filiado a qualquer partido e isso nunca comprometeria seu voto.

 

O clima esquentou mais uma vez e Villas Boas interrompeu. Apontando o dedo para João Olinto, pediu ao juiz que se controlasse e afirmou que não deseja que o Tribunal saia com João Olinto pelas portas do fundo. João Olinto rebateu disse que saíra e entrará pela porta da frente, que isso seu pai sempre lhe ensinou. Villas Boas afirmou que Olinto está caminhando para sair pela porta dos fundos.

 

A sessão teve a transmissão interrompida, e toda a assistência teve que deixar a sala para que os juízes deliberassem o próximo item da pauta, que corre em segredo de justiça.

 

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