MPE pede afastamento de Leonardo Cintra; prefeito rebate denúncias

Sob a alegação de que Leonardo Cintra está transferindo as responsabilidades de seu cargo ao seu pai, o MPE pediu o afastamento do prefeito para não prejudicar as investigações. Cintra nega acusações

Prefeito nega transferir responsabilidades
Descrição: Prefeito nega transferir responsabilidades Crédito: Bonifácio/T1Notícias

O Ministério Público Estadual (MPE) apresentou, na quinta-feira, 11, denúncia contra o prefeito de Almas, Leonardo Sette Cintra, e seu pai Osmar Lima Cintra. A denúncia pede o afastamento do prefeito, sob alegação de que ele vem cometendo crime de prevaricação ao transferir as responsabilidades do cargo ao seu pai, contra quem pesa a denúncia de crime de usurpação de função pública.

 

Segundo uma série de depoimentos colhidos pelo MPE, Leonardo Cintra pouco participaria da vida administrativa e política da cidade. Diante disso, de acordo com o MPE, é Osmar Cintra quem despacha em seu gabinete, participa de solenidades, de reuniões e decide sobre contratações e demissões, entre outros atos. Na denúncia, constam vídeos e áudios que atestam a usurpação de função, inclusive com imagens nas quais o pai do prefeito participa de sessões da Câmara de Vereadores e toma decisões que caberiam ao chefe do Executivo.

 

Ao exercer irregularmente o cargo de prefeito, Osmar Cintra teria praticado também o crime de tráfico de influência, por intervir nas decisões que têm que ser tomadas pelo filho, inclusive convocando reuniões e assumindo compromissos em seu nome.

 

Prefeito rebate

Ao T1 Notícias o prefeito Leonardo Cintra falou que seu pai, Osmar, desempenha a função de chefe de gabinete na prefeitura e que as acusações não são verdadeiras. “Sou gestor e sou eu quem determina as ordens na Prefeitura. Faço minhas obrigações, meu pai é chefe de gabinete e faz as suas funções dentro das suas prerrogativas. Meu pai é um homem competente e não toma decisão nenhuma sem falar comigo”, rebateu o prefeito.

 

Para Cintra, o fato de seu pai ter sido prefeito de Almas e o seu grupo político estar no poder a 20 anos os adversários tem inveja. “Existe uma inveja muito grande contra nossa família e pelo fato do meu pai ter sido prefeito há esse tipo de coisa constantemente”, destacou.

 

Questionado sobre o que iria fazer a respeito da denúncia, Leonardo Cintra informou que ficou sabendo por meio de uma jornalista e disse que vai consultar o seu advogado para se resguardar, mas disse que não tem preocupação. “Não temos nada a temer até mesmo porque não devemos nada”, disse o prefeito ao lembrar que “fazer denúncia é muito fácil”.

 

Prevaricação

O prefeito de Almas está, atualmente, em seu segundo mandato. Segundo a denúncia, a irregularidade quanto à prevaricação persiste desde o primeiro mandato (2009-2012), época em que ele frequentou um curso de graduação, diurno, na cidade de Gurupi, distante 300 quilômetros de Almas.

Apesar de seus afastamentos serem frequentes e costumarem superar 15 dias, Leonardo Cintra nunca teria informado nenhuma ausência à Câmara de Vereadores, a fim de que o vice-prefeito fosse convocado para assumir o cargo, no que contrariou a Lei Orgânica do município de Almas. Em depoimento, o vice-prefeito, Jurimar Trindade, se disse “constrangido” diante da situação. Segundo ele, a Câmara de Vereadores não tem peso para interferir, já que, dos nove vereadores, seis são base aliada ao prefeito e costumam agir sob influência de Osmar Cintra.


Também em depoimento, o vereador e ex-presidente da Câmara Municipal, Narciso Marcos Alves Borges, disse que, em uma ação articulada pelo pai do prefeito, foi retirado da presidência antes do fim do mandato de dois anos, em dezembro de 2014. O motivo seria sua insurgência contra os atos praticados por Osmar Cintra.


"Por tudo que é exposto, é nítido que pai e filho não respeitam a lei, os munícipes, os eleitores, os agentes públicos que insurgem contra suas arbitrariedades e, muito menos, a própria organização da administração pública", alega o Procurador-Geral de Justiça do Tocantins, Clenan Renaut de Melo Pereira, que assina a denúncia.


Proteção

O procurador-Geral de Justiça justifica o pedido de afastamento do prefeito como medida necessária à proteção das testemunhas, já que a maioria delas alegou ter sofrido algum tipo de retaliação após denunciarem a situação ao MPE.


Também visa impedir que o prefeito manipule, fraude ou destrua documentos públicos que possam incriminá-lo, já que há indícios de outros crimes sendo investigados pelo Ministério Público, inclusive um quanto a suposta apropriação indébita de recursos previdenciários.

 

(Com informações do MPE/TO)

 

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