Juiz mantém prisão preventiva de Marcelo Miranda em Sala de Estado no QCG da PM

Juiz federal considerou como graves os elementos que motivaram a prisão dele. Além do ex-governador, seu pai Brito Miranda, e seu irmão Brito Miranda Júnior, também estão presos

Ex-governador Marcelo Miranda
Descrição: Ex-governador Marcelo Miranda Crédito: Reprodução

O juiz federal João Paulo Abe manteve a prisão preventiva do ex-governador do Tocantins, Marcelo Miranda (MDB). O magistrado considerou como graves os elementos que motivaram a prisão dele. Ele será encaminhado para uma sala de Estado Maior no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar (PM), em Palmas, onde aguardará a continuidade das investigações.

 

O ex-governador do Tocantins e presidente do MDB no Estado, Marcelo Miranda, foi detido na manhã desta quinta-feira, 26, em Brasília, no apartamento funcional pertencente a deputada federal e sua esposa, Dulce Miranda (MDB).

 

A detenção faz parte da Operação “12º Trabalho”, visando desarticular organização criminosa envolvida em várias investigações da Polícia Federal, suspeita de manter um sofisticado esquema para a prática constante e reiterada de atos de corrupção, peculato, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais, sempre com o objetivo de acumular riquezas em detrimento aos cofres públicos. 

 

Além do ex-governador, foi expedido mandados de prisão contra o seu pai, José Edmar de Brito Miranda, e seu irmão, José Edmar Brito Miranda Júnior.  

 

Conforme decisão do juiz João Paulo Abe, da 4ª Vara da Justiça Federal de Palmas, agentes da Polícia Federal  também cumprem mandatos de buscas de documentos, arquivos em mídia, HDs, laptops, pen drives, smartphones, arquivos eletrônicos, de qualquer espécie, agendas manuscritas ou eletrônicas, além de valores em espécie ou bens de alto valor para a comprovação dos crimes de fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, falso documental e peculato.  

 

As investigações que levaram aos suspeitos foram posssíveis após colaborações por meio de delações premiadas de Alexandre Fleury e Rossine Aires Guimarães, Cid Hoffmann Madureira e Jairo Arantes

 

Operação “12ª Trabalho” 

 

Aproximadamente 70 policiais cumprem 11 Mandados de Busca e Apreensão e três Mandados de Prisão Preventiva nas cidades tocantinenses de Palmas, Tocantínia, Tupirama e  Araguaína, além de Goiânia/GO, Santana do Araguaia/PA, Sapucaia/PA e São  Felix do Xingu/PA. 

 

Após a deflagração de diversas operações da Polícia Federal, dentre elas “Reis do Gado” (STJ, 2016), “Marcapasso” (4ª Vara Federal/TO, 2017), “Pontes de Papel”  (STJ, 2017), “Convergência” (STJ, 2017) e “Lava-Jato” (STF, com delação firmada  em 2017), a PF diz que constatou-se que um núcleo familiar composto por Marcelo Miranda, Brito Miranda e Brito Júnior sempre estiveram no centro das  investigações, com poderes suficientes para aparelhar o estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização  criminosa. 

 

Além da obtenção de novas provas, com a ação de hoje, busca-se interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro, uma vez que os investigados permanecem praticando atos de lavagem por meio de sofisticado esquema, utilizando-se de “laranjas” para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de propinas em troca de favores a empresários dos diversos ramos de atividade que mantinham contratos com o poder público. 

 

Mesmo depois das investigações tornarem-se públicas, o grupo prosseguiu realizando operações simuladas envolvendo o comércio de gado de corte e empresas de fachada, construção e venda de imóveis, tudo para ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores provenientes, direta ou indiretamente, das infrações penais. 

  

Com o avanço das investigações, foi possível identificar que os ilícitos praticados pela organização criminosa estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias, compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros. As provas reunidas na ação penal decorrente da Operação Reis do Gado apontam que os suspeitos atuaram e ainda agem de maneira orgânica e sistematizada, com divisão de tarefas, cujos atos são detidamente planejados para assegurar o produto dos crimes. Os investigados também agem no curso do processo, por meio da manipulação de provas, seja pela falsificação de documentos ou comprando depoimentos, com o claro objetivo de tumultuar e dificultar as investigações em andamento. 

 

Estima-se que a organização criminosa causou prejuízos da ordem de mais de 300 milhões de reais ao erário. O nome da operação faz referência ao 12º Trabalho de Hércules, seu último e mais complexo desafio, que consistia em capturar Cérbero. 

 

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