O gesto de Carlesse e o gesto de Dertins: na política, cada um escreve os seus

Os afastamentos do governador Mauro Carlesse e os gestos que cada um fez nessas ausências, falam muito do perfil político de cada um nesse momento do Tocantins...

Governador Carlesse passa comando do Estado ao presidente do TJ, Helvécio Maia.
Descrição: Governador Carlesse passa comando do Estado ao presidente do TJ, Helvécio Maia. Crédito: Aldemar Ribeiro/Governo do Tocantins

Passada as eleições e com a vitória em Gurupi, o governador Mauro Carlesse pegou o trecho rumo ao Jalapão para comer galinha caipira e descansar uns dias lá no refúgio do seu Chefe de Gabinete, Divino Alan, em Mateiros.

 

 

De lá observou o movimento da Assembleia Legislativa, encabeçado pelo vice-presidente Eduardo Bonagura (que era do Dertins), sem mover uma palha.

 

 

Conversar com os deputados para entender o projeto que foi desengavetado às pressas para que Antonio Andrade pudesse sancioná-lo, criava a obrigatoriedade de que o governo depositasse nos primeiros dias do mês, num fundo, o dinheiro das emendas parlamentares, já obrigatórias.

 

Na prática engessava ainda mais o orçamento, pois atualmente, mesmo obrigatórias, as emendas não tem data para ser pagas. Depende de dinheiro em caixa, vontade política, essas coisas.

 

Pois bem. Antonio Andrade não assinou. Diferente do que esperaram seus pares, que foram ouvidos pelo chefe da Casa Civil, Rolf Vidal. Este, contrapeso deixado lá no lugar de onde sai o Diário Oficial todos os dias, e por onde teria que passar, obrigatoriamente, a sanção (caso ocorresse) para a publicação.

 

 

O certo é que Andrade entende bem do riscado. O governador lhe entregou a caneta e o cofre. Ele o devolveu iguais. Sem aventuras que comprometessem o bom relacionamento dos dois.

 

Parênteses...

 

Pouco dias depois de retornar ao Araguaia, Carlesse deixa o cargo novamente. Desta vez ele e Wanderley se afastam. Andrade foi fazer uma cirurgia e quem assume é o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Helvécio de Brito.

 

Dança das cadeiras? Falta de decoro em tantos se afastarem?

 

Não. Siqueira fez isso uma vez, com a então desembargadora Jackeline Adorno, primeira mulher a governar o Tocantins.

 

Trata-se de um gesto. Dar uma oportunidade para que presidentes dos outros dois poderes governem.

 

Um gesto de confiança e um sinal de harmonia entre eles.

 

Fecha parênteses.

 

Os críticos da atitude não compreenderam que o gesto é também político além de administrativo. Uma confiança e um desapego que seu antecessor não teve, bem lembrou um aliado do governador ao Blog essa semana.

 

Só quem não compreendeu foi Dertins, que na presidência da Assembleia acendeu um questionamento sobre a diferença entre oportunismo e aproveitar a oportunidade.

 

“Ah Roberta, mas isso é da política, deputados defenderam seus interesses”, podem argumentar alguns.

 

Justamente. Seus interesses.

 

Tudo é política. Mauro Carlesse vem fazendo a sua...

Comentários (0)