Nos 32 anos de Palmas, aniversário celebrado neste dia 20 de maio, a prefeita de Capital, Cinthia Ribeiro (PSDB), em entrevista concedia ao T1 Notícias na véspera da comemoração, reconheceu o problema de mobilidade urbana enfrentado pelas consequências do crescimento populacional, industrial e comercial e estuda alternativas para estabelecer um novo modelo de transporte perante os desafios da necessidade de oferecer um serviço qualidade à população.
Cinthia acordou que uma nova modal é necessária e disse que a prefeitura de Palmas prepara melhorias enquanto o novo modelo é desenvolvimento. “É possível fazermos ajustes para melhorar essa frota enquanto pensamos em uma nova modal de transporte”, disse a chefe do executivo municipal.
A prefeita afirmou que o formato em curso passará por modificações. “No formato que está hoje, nós precisamos de uma frota mais nova, de um maior número de veículos, para dar uma dinamicidade maior e a redução de tempo de horário. Isso já tem um estudo avançado, mais de 90% dele pronto, inclusive para formar o próprio tempo de referência para essa licitação”, destacou.
Quanto ao aumento tarifário do atual transporte, Cinthia assegurou que a prefeitura estudou a proposta e tende a autorizar o ajuste do valor cobrado por cada passagem para R$ 4,09, e não para R$ 6,91, como o Seturb (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros) solicitou. Contudo, a intenção é que a quantia seja mantida em R$ 3,85. A gestora ressaltou que a empresa alegou prejuízos maiores do que de fato houveram, e que esse ponto é o mais urgente de transporte que a gestão busca resolver. Conforme ela, um conselho se reuniu ontem, 19, e se encontrará na semana que vem para discutir a proposta do reajuste. O trabalho é feito pela Agência de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos de Palmas.
Palmas estuda alternativas para um modelo de transporte mais adequado
A possibilidade de retomar o projeto original do BRT (Bus Rapid Transit), ou Transporte Rápido por Ônibus, foi dispensada pela gestora por estar “totalmente cercado de vícios”, como apresentou a Justiça Federal e o Tribunal de Contas da União à época. Cinthia ressaltou que cabe à prefeitura da Capital balzaquiana desenvolver um projeto mais adequado à realidade. “Agora, cabe um projeto menor, nós fazermos uma readequação, mas aí vamos ter que começar do zero, em todos os sentidos. A prefeitura estuda um outro modelo, uma proposta de licitação mais ajustada à nossa realidade em termos financeiros e de capacidade”, disse.
Cinthia informou que aguarda sanção de Projeto de Lei do Governo Federal que prevê destinar aproximadamente R$ 4 bilhões para subsidiar o transporte público de todo o Brasil. A prefeita pediu ajuda dos representantes federais do Tocantins para aprovação. “Cobrem da nossa bancada, dos nossos senadores, nossos deputados federais que fazem parte dessa base. Assim que o presidente autorizar, as coisas ficam pelo menos um pouco menos pesadas para o município. Porque tirar dinheiro da saúde, tirar dinheiro do social, das nossas obras, para destinar hoje para subsidiar o transporte coletivo e no formato de uma tarifa que não é transparente a nossa formatação, isso aqui de fato nós não vamos fazer”, destacou Cinthia.
A gestora destacou, ainda, como alternativa outro projeto em curso, do VLT (Veículo leve sobre trilhos), apresentado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, na época Ministério das Cidades. Conforme Cinthia, a proposta passa por uma fase de “estruturação, de orçamento, inclusive de procurar forma de financiamento para isso, seria um organismo internacional para esse financiamento, com recursos próprio da prefeitura a gente não pode comprometer, não dá para comprometer um orçamento tão grande assim de mobilidade, mas já há uma coisa rascunhada, uma coisa boa para apresentar”, garantiu.
Transporte público atual
Enquanto a prefeita de Palmas busca soluções para que o transporte público seja concedido para a população com qualidade e eficácia, os problemas seguem sendo enfrentados pelo povo, principalmente com a distância entre a região sul e o Plano Diretor, que oportuniza emprego. A região sul serve de abrigo para quem mora distante, o que acarreta em vários problemas em relação ao deslocamento e qualidade de vida dos que necessitam trabalhar tão distante. Os problemas de transporte, como qualidade, superlotação, rotas, trânsito e frota que não atendem os palmenses, vão além do possível aumento tarifário, persistem no dia a dia de moradores e refletem em suas rotinas.
No cenário atual, o contrato de concessão de transporte público municipal com as três empresas prestadoras pelo serviço em Palmas está vigente até novembro de 2022.
Aumento tarifário
Recentemente, a empresa Expresso Miracema, através do Seturb, pediu aumento da atual tarifa de R$ 3,85, cobrada por cada viagem, para R$ 6,91. A empresa solicitou à Justiça de 44,88% de sua frota na Capital, alegando prejuízos na ordem de R$ 12 milhões, em 2020. O Seturb cobrou da prefeitura a revisão tarifária ou subsídio. O aumento pedido é de 79,49%, recusado de forma imediata pela prefeita.
A moradora do bairro mais populoso de Palmas - que faz parte da região sul -, o Aureny III, Ana Silva, 31, reclamou da solicitação de aumento da tarifa. “Olha, é um absurdo e uma falta de respeito que em plena pandemia estejam cogitando esse aumento. Quem não perdeu seu emprego está apertado com todos os outros aumentos que já ocorreram. E, além disso, não condiz com o serviço nem a tarifa que está em vigor hoje, pelo serviço oferecido pela Miracema. Que demora muito em todas as linhas e os ônibus são antigos e sempre lotados apesar de não poder andar dessa forma por conta da Covid-19”, considerou.
Cinthia Ribeiro informou que a análise feita pela ARP será disponibilizada para a população e que a prefeitura levará o documento em mãos à Câmara Municipal. “Vamos entregar essa cópia para cada um dos parlamentares para que eles possam fazer esse trabalho conjunto conosco, e abrir esse formato para discussão em audiência pública, da construção não apenas da formatação da tarifa, mas também da concessão”.
A população está satisfeita com o transporte público ofertado?
O T1 Notícias fez uma pesquisa rápida na véspera do aniversário da Capital, quarta-feira, 19, na estação de ônibus de Taquaralto, ponto inicial que leva os moradores ao centro de Palmas para trabalharem. “Você está satisfeito com o transporte público?” foi o questionamento a 20 passageiros, dos quais 18 responderam a opção “não” e apenas dois a opção “sim”.
Crescimento populacional
Com uma população de 306.296 habitantes, estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2020, Palmas ultrapassou 300 mil habitantes em 2020, com 31 anos desde sua fundação, em 1989. O número é 2,4% maior que o registrado pelo Instituto na projeção de 2019, quando a cidade possuía 299.127 habitantes. Com o crescimento, principalmente nos últimos anos, o transporte público tornou-se alvo de reclamações de muitos palmenses, deixando a incumbência de um dos maiores desafios da prefeitura: ofertar uma solução que atenda com eficácia a população que depende da frota de ônibus todos os dias para se locomover.
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