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A resposta dos “imbecis” gera problema para Amastha discutir na justiça

Ex-prefeito minimiza danos, mas a rejeição das contas gera no mínimo uma discussão jurídica sobre elegibilidade em 2022. É o troco dado pelos vereadores ao tratamento de Amastha, Andrino e seu grupo

Ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, e Tiago Andrino (PSB).
Descrição: Ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, e Tiago Andrino (PSB). Crédito: Reprodução

O ex-prefeito, Carlos Amastha (PSB), vai ter trabalho na justiça nos próximos anos para reverter a inelegibilidade cravada hoje, quarta-feira, 9, em seu currículo político, com a rejeição pela Câmara de Palmas, de suas contas do exercício de 2013, que tinham parecer favorável pela aprovação, do Tribunal de Contas do Estado.

 

A rejeição, como ficou evidente na movimentação de diversos vereadores nos últimos dias, foi resposta política ao comportamento do próprio Amastha, e do vereador Tiago Andrino, derrotado na disputa para prefeito este ano representando o grupo que governou o Paço por dois mandatos seguidos.

 

Os vereadores - que a princípio iam aprovar 2013, mas tinham ressalvas com relação a 2014 – se irritaram com o que chamam de ação proposital da dupla Amastha/Andrino nas redes e nos veículos de comunicação, para “queimar a imagem” dos vereadores junto à população.

 

Ontem, terça-feira, 8, Andrino voltou à carga para criticar a nota assinada pelo presidente da Casa em que Marilon Barbosa, em nome do grupo, tentava explicar o imbróglio da edição de um decreto legislativo para resolver o que ficou conhecido como 14º salário e auxilio-paletó.

 

“Ele agora vai entender que não pode sair chamando vereador de imbecil. Em política, nenhuma ação fica sem reação”, resumiu um dos vereadores que votou pela rejeição das contas. 

 

Se iam aprovar as contas de 2013 e rejeitar as de 2014, o gesto do vereador Tiago Andrino em voltar ao ataque, azedou a disposição do grupo.

 

Só não votaram pela rejeição quatro vereadores: Filipe Martins (que tinha combinado com o grupo que rejeitaria), Pastor Rogério, Moisemar Marinho e Erivelton, do PV. Dois deles estão se despedindo do mandato de vereador.

 

Relação atribulada começou no primeiro mandato

 

Procurando se posicionar de forma sempre a se diferenciar dos políticos que encontrou no poder quando assumiu a prefeitura de Palmas, numa virada histórica sobre seu oponente de então, Carlos Amastha nunca viveu em lua de mel com a Câmara.

 

Primeiro foi a pecha de “vagabundos”, que disse em bom som num auditório lotado e depois tentou amenizar, mas que já na época acendeu o sinal de alerta dos vereadores eleitos em 2012 com ele.

 

Neste último episódio, Amastha também não economizou nos adjetivos pejorativos. O de “imbecil”, por exemplo, marcou essa crise.

 

Nos bastidores ninguém entente muito o gesto de Andrino, que passou os últimos três anos aguentando gracinhas e ataques à sua honra, questionamento da sua masculinidade, sem nunca subir o tom com os colegas.

 

No uso da verba de gabinete, grande divergência sua com os colegas, uma vez que começou a devolver logo no início do mandato este dinheiro, Andrino nunca usou o que sabia para atacar os demais vereadores. Mesmo tendo acesso a documentos. Fez o jogo da boa vizinhança para sobreviver minimamente sem ser isolado.

 

Depois de uma campanha em que tomou literalmente o gosto por fazer a política combativa do tempo da militância estudantil, o vereador parece querer seguir no mesmo tom. “Ele, os meninos do Somos e aquele Gustavo Somera parece que não desceram do palanque”, comentou uma fonte com o Blog.

 

De fato, Alexandre Peara foi dos que mais repercutiu nas redes o auxílio-paletó (verba destinada à compra de roupa adequada ao comparecimento nas sessões, e que existe também na Câmara dos Deputados e na Assembléia Legislativa do TO). Foi para a porta de entrada da Câmara confrontar os vereadores enquanto os companheiros gravaram vídeos que circularam nas redes.

 

A ação fez efeito. Aprovado em primeira instância, o projeto que regulamentava este auxílio e o salário por assiduidade (o que se fossem todos pagos em um mesmo ano, configuraria 14 salários no exercício), saiu de pauta.

 

“Não me causa problema nenhum”, diz ex-prefeito

 

Falando por telefone com o Blog, Carlos Amastha disse estar indignado com a reação do grupo, mas nada preocupado. “Foi mais uma sem-vergonhice deles, mas que não me causa nenhum problema por que não houve dolo”, explicou. Segundo Amastha, coisas deste tipo não vão mudar seu comportamento de “denunciar o que quer que façam em prejuízo da população de Palmas”.

 

Ele admitiu que a reação pode ter sido reposta à repercussão na opinião pública do tema tratado pelo seu grupo nas redes.

 

Com um futuro político que permitiria uma candidatura a deputado estadual ou até federal em 2022, dependendo da estrutura que desse aos nomes do PSB nos principais municípios do Estado, Amastha pode estar vendo seu sonho ficar mais difícil.

 

Se a rejeição de contas conseguirá gerar inelegibilidade, terá sido um troco desproporcional ao dano que causou aos ex-companheiros. 

 

Mas é um indicativo de rejeição do “jeito Amastha de fazer política”.

 

Afinal, todos estes vereadores em algum momento se sentaram à mesa com ele, disputaram eleição com ele e votaram suas matérias.

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