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Wanderlei Barbosa, o pagamento dos passivos e a (boa) escolha por fazer política

Gesto de começar a pagar progressões de 2015 e data base, ainda no mês de dezembro, é marco do governo Wanderlei Barbosa na interinidade que começa a resgatar passivo com servidores...

Wanderlei Barbosa anuncia pagamento de data base
Descrição: Wanderlei Barbosa anuncia pagamento de data base Crédito: Washington Luiz/Secom

O ato de governar, é em síntese, o ato de fazer escolhas.

 

Quando o governador em exercício, Wanderlei Barbosa anunciou na semana passada que iniciará o pagamento de mais de 14 mil progressões -  totalizando R$ 7 milhões e 100 mil reais – e a data base referente a quatro meses de 2015 (de junho a setembro), totalizando mais R$ 42 milhões, 540 mil reais a serem creditados na folha que será paga no dia 24 deste mês, véspera de Natal, uma luz de alerta se acendeu.

 

Então, era possível fazer esses pagamentos? Ou seja, havia caixa e condições legais para pagar e o governo Carlesse optou por não fazê-lo, protelando o direito do servidor público de receber?

 

Tuitei a pergunta e imediatamente recebi, via Whatsapp respostas de dois homens fortes do governo que está afastado. A primeira, dizendo do impeditivo legal de aumentar custos com pessoal este ano, devido às restrições impostas pelo governo federal quando começou a financiar os estados no enfrentamento à pandemia. “Se pagar, vai ter que devolver o que o governo recebeu da União”, vaticinou um.

 

“Este pagamento só é possível devido aos ajustes feitos nas despesas do Estado com pessoal, pelo governador Carlesse”, cravou outro.

 

É verdade. Uma MP do governo federal cerceou os governos de aumentar gastos com pessoal. Mas é uma meia verdade, pois o pagamento de retroativos, desde que dentro da capacidade financeira do Estado, não está vedado. O que veda o aumento dos gastos este ano, é uma lei estadual, que pode ser revogada.

 

Sobre o caixa ter sido feito por Carlesse, é outra verdade. O ônus de exonerar, ajustar, reduzir recursos de custeio, entre outras medidas, foi do governador eleito. Que planejava e anunciava começar a pagar os passivos dos servidores ano que vem, uma vez que sem isso não realizaria o anunciado concurso do Quadro Geral do Estado.

 

O problema é que anunciou, mas não pagou. E Wanderlei vai pagar, só neste mês, algo em torno de R$ 50 milhões.

 

Para quem faz a leitura do cenário político ao longo de uma linha temporal, fica claro que Barbosa tem a caneta na hora do bônus e que todas as boas ações que fizer na interinidade, repercutirão lá na frente, no momento de uma candidatura a reeleição,  caso a Assembléia Legislativa efetive o processo de impeachment iniciado semana que passou.

 

Acontece que o servidor está pouco se importando se a medida tem ou não efeito eleitoral. Quer e tem direito, de ter seu dinheiro no bolso.

 

Sem adentrar no mérito do impeachment – que chega como um remédio apressado para evitar o retorno de Carlesse ao comando do Estado -  ou nas razões dos deputados que o apoiam para tocá-lo num mês de recesso parlamentar, o que fica claro antes mesmo do afastamento do governador eleito completar 60 dias, é que a política do governo, ia mal.

 

A base sólida, que exibia 22 votos ou mais na maioria das votações, se dissolveu num passe de mágica.

 

Não se ouve deputados, prefeitos, líderes, lamentando o afastamento do governador. Fica a impressão de que Carlesse exerceu o poder sem criar raízes nos últimos anos. Que os aliados eram circunstanciais e de conveniência. Até os bem próximos. Vide a votação improvisada que o presidente Antonio Andrade fez para dividir com os seus pares a responsabilidade de acolher o pedido de impeachment (que era prerrogativa exclusiva sua). Dos 24, apenas Luana Ribeiro(PSDB), não assentiu, se ausentando da sessão.

 

“Hoje o clima é favorável ao impeachment”-  confirmou um deputado ouvido pelo blog – “mas não quer dizer que todos os deputados que concordaram em abrir o processo vão votar a favor. Isso é outra coisa”. O motivo do distanciamento rápido com o governador afastado, também foi resumido por outra fonte. “Não tinha relacionamento. Era frio. Qualquer vereador de interior tinha mais peso que um deputado”, confidenciou um parlamentar.

 

Nos bastidores aliados e observadores avaliam que por enquanto, Wanderlei Barbosa vem fazendo tudo certo. Inclusive consegue, sendo governo, e tendo sido eleito junto com Carlesse, se posicionar na oposição...

 

Desde a abertura do diálogo com a classe política como um todo, à abertura da porta do Palácio Araguaia, passando por medidas administrativas e escolha de secretariado entre pessoas ligadas politicamente a ele, os atos do governador em exercício têm sido elogiados nos bastidores.

 

Na toada que vai e se não houver a “cassação da cassação”, será páreo duro em 2022. Justamente por que optou por fazer política. Aquela política paroquial, que reconhece o tamanho de cada um, valoriza os líderes e não esquece o peso que tem o servidor nas urnas.

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