Aberta pela oposição, sessão da Câmara vira palco para grevistas contra Amastha

Sessão foi acompanhada pelos grevistas que apresentaram reações diversas ao discurso dos vereadores da base

Professores viram as costas em pronunciamento de vereador da base
Descrição: Professores viram as costas em pronunciamento de vereador da base Crédito: Andréa Nobre/ T1 Notícias

Com sessão aberta contra a vontade do presidente da Casa, Folha Filho, nesta quinta-feira, 21, os vereadores mais uma vez discutiram a greve dos professores municipais. Com discursos inflamados os parlamentares do bloco de oposição reafirmaram apoio aos grevistas e ameaçaram trancar a pauta da Casa, caso a gestão não atenda as reinvindicações da classe. Os professores e trabalhadores da educação que lotaram o plenário para acompanhar a sessão manifestaram reações contra os vereadores da base aliada do prefeito virando de costas para a tribuna, levantando cartazes e entoando palavras de ordem. Em entrevista ao T1 Notícias, o vereador Major Negreiros, líder do prefeito na Câmara, e a vereadora Laudecy Coimbra explicaram que intermediaram o diálogo com o prefeito e que houve avanços nas negociações, mas quanto ao corte do ponto dos grevistas, o prefeito Carlos Amastha não abrirá mão.

 

Os vereadores de oposição, Leo Barbosa, Milton Neres, Lúcio Campelo, Filipe Fernandes, Júnior Geo, compareceram a sessão, mas depois se ausentaram para irem até as escolas e CMEIS que estão recebendo as pessoas de outras áreas para substituir os professores e farão uma denúncia ao Ministério Público Estadual (MPE-TO) alegando usurpação de cargo público.

 

Retaliações ao executivo

Os vereadores do bloco de oposição criticaram a administração municipal pela falta de negociação com os professores em greve. O vereador Filipe Fernandes sugeriu que os parlamentares trancassem a pauta. “Acho que poderíamos deixar de votar tudo o que vier, até resolverem pagar os professores".

 

Vereador Milton Neres, presidente da Comissão de Finanças, questionou o pagamento dos profissionais que deverão substituir os professores e também ameaçou barrar a tramitação de projetos que passar pela comissão. “Como tem dinheiro para pagar 500 profissionais e não tem para pagar os professores?! Eu como presidente da Comissão de Finanças também vou segurar tudo o que chegar lá, até que o executivo resolva isso”, declarou.

 

Governistas explicam

Mesmo em momento tenso e diante de reações acaloradas, o vereador Tiago Andrino reafirmou sua posição governista e questionou a presença dos deputados estaduais, na tarde desta quarta-feira, 20. “Quero saber como o Deputado Vicentinho votou sobre a previdência social, sobre os direitos trabalhistas. Vamos parar de demagogia. Eu acho que ele não cabe nessa discussão e nem representa esse movimento. Acho um oportunismo muito grande. Vem querer discutir aqui na Câmara o que os vereadores dão conta do recado, mas não querem discutir o assalto que tá acontecendo no Estado e o rombo da previdência”, comparou.

 

Em conformidade com o pronunciamento de Andrino, a vereadora Laudecy Coimbra afirmou que os professores estão sendo usados por pessoas que tem objetivos políticos. “Não se deixem enganar por discursos demagogos de pessoas que já foram contra os professores e agora, porque é conveniente, estão à favor”, alertou. Em protesto ao pronunciamento da parlamentar os trabalhadores da educação e alunos interromperam a sessão virando de costas para a tribuna e cantaram o hino nacional.

 

Laudecy lamentou em entrevista ao T1 Notícias, os rumos que a greve está tomando. “As reivindicações da educação saíram da pauta e entraram as pautas políticas porque agora muita gente quer tirar proveito da situação. Eu estive no gabinete do prefeito tentando chegar num consenso então me furtei do debate. Eu reconhecendo que as reivindicações são justas, que existe um tratado que não foi cumprido, só que agora não temos mais o que fazer. A decisão está nas mãos da gestão e não da Câmara Municipal”.

 

Em entrevista ao T1 Notícias, o líder do prefeito na Casa, vereador Major Negreiros, concorda que a greve é direito dos trabalhadores, apesar de ter sido declarada ilegal. “Faz parte da democracia, mas acho que não podemos partir para as ofensas pessoais e o único caminho é o diálogo”.

 

O parlamentar pontuou ainda que avançaram em algumas demandas, mas o corte de ponto dos grevistas será mantido. “Conseguimos conciliar sobre a data-base que até dia 31 de dezembro será paga a todos. O retroativo de janeiro a abril será feita a quitação, mesmo de forma parcelada e também quanto aos diretores de escola, que o Secretário Danilo já está encontrando uma forma de conciliar. No entanto, foi barrada a questão do corte de ponto dos grevistas. A greve foi considerada ilegal e o prefeito não vai ceder nesse ponto. Eu particularmente discordo desse ponto de vista, acho que teríamos que chegar num consenso para acabar logo com esse problema e os professores retornarem a sala de aula, mas ele é o gestor. A palavra final é dele”, explicou Negreiros.

 

Sem solução

Após reações dos presentes no plenário e ânimos exaltados que impediam de ouvir os pronunciamentos, o presidente da Câmara, Folha Filho, encerrou a sessão desta quinta-feira, 21. Alguns vereadores saíram abalados da sede da Câmara.

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