Alunos da Faculdade Católica Dom Orione realizam manifestação em defesa de professora

Em um comunicado emitido no último dia 17, a instituição recusou a sugestão de participação da palestrante, conhecida no meio acadêmico por seu posicionamento feminista e favorável ao aborto

Estudantes protestam contra veto a professora
Descrição: Estudantes protestam contra veto a professora Crédito: Foto: Divulgação

Na noite de ontem, 19, acadêmicos do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione, de Araguaína, realizaram uma manifestação após o veto da instituição à participação da palestrante Valeska Zanello, professora doutora da UnB, no "I Encontro de Psicologia Saúde Mental e Gênero - Novos Tempos, Velhos Paradigmas".

 

Em um comunicado interno emitido no último dia 17, a instituição recusou a sugestão de participação da palestrante, conhecida no meio acadêmico por seu posicionamento feminista e favorável ao aborto. “O próprio Bispo ressaltou que neste momento, diante das investidas de alguns setores da sociedade brasileira em flexibilizar as leis que proíbem a prática do aborto, a Igreja no Brasil tem fixado sua posição, portanto, ele se sentia desconfortado com a presença em nossa instituição de uma militante em favor do aborto”.  

 

De acordo com o Conselho Regional de Psicologia, representado pelo presidente Rodrigo Monteiro de Oliveira, “o CRP-23 manifesta seu apoio ao corpo discente que, exercendo seu papel cidadão e de forma pacífica, militou contra interferências da religião na ciência psicológica. Temos o entendimento de que a militância também contribui de forma significativa para a formação profissional e parabenizamos todas as pessoas envolvidas neste movimento”.

 

Em nota, publicada ontem à tarde, o Conselho Regional de Psicologia considera que a censura pública de temas que são essenciais para a formação do psicólogo é prejudicial para a qualidade da formação profissional. “Entendemos que a discussão de temas essenciais para o desenvolvimento das políticas públicas e a efetivação dos direitos e garantias fundamentais não configuram qualquer tipo de apologia, e que qualquer movimento contrário à liberdade de opinião e de pensamento coloca em sério risco a garantia da psicologia como ciência e profissão no Brasil”, explica o Conselho.

 

Após a repercussão da negativa da Faculdade, o Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Sexualidade, Corporalidades e Direitos da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e Núcleo Aplicado de Minorias e Ações Coletivas da Defensoria Pública da Defensoria Pública do Estado do Tocantins também emitiram nota desfavorável ao posicionamento da instituição.

 

“Estamos tomando todas as medidas cabíveis para este caso e acompanhando diariamente a situação. Estamos em contato direto com a equipe docente e já solicitamos uma reunião emergencial com a direção do campus para tratar do assunto, após essa reunião, caso seja necessário, encaminharemos denúncia ao MEC e ao Conselho Federal de Psicologia”, explica o presidente do Conselho.

 

(Com informações da Ascom/Conselho Regional de Psicologia)

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