Ato simbólico em memória à Marielle Franco batiza avenida com nome da ativista morta

Ato intitulado “Quem mandou matar Marielle?” aconteceu no final da tarde de quinta, em frente à UFT

Manifestantes prestaram homenagem e cobraram solução do caso de Marielle Franco, assassinada em um atentado ao carro onde estava no dia 14 de março de 2018. Na ocasião, 13 tiros atingiram o veículo, matando também o motorista Anderson Pedro Gomes. O ato aconteceu em frente à Universidade Federal do Tocantins (UFT), às 17h30.

 

O início da manifestação foi marcado por gritos de justiça, lembranças a Marielle, oposição ao atual Governo e um pedido em favor da democracia. Ativistas de diversos movimentos sociais se manifestaram para cobrar justiça sobre o caso e defender os direitos humanos pelos quais Marielle militava.

 

Em seguida, os manifestantes ergueram uma placa em homenagem a Marielle Franco, batizando, simbolicamente, a avenida em frente a Universidade Federal do Tocantins com seu nome. Logo após, velas foram acessas ao redor da placa como forma de relembrar a morte de Marielle, dizer que para a sociedade ela continua viva e que sua morte não será silenciada.

 

Os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, que completaram um ano hoje, 14, ainda seguem sem grandes respostas. Atos intitulados “Quem mandou matar Marielle?” acontecem por todo país nesta quinta. Em Palmas acontece também uma vigília na Casa 8 de Março (305 Norte, Rua 21), a partir das 20h.

 

Segundo Cristian Ribas, advogado, militante do Coletivo Enegrecer e um dos organizadores da manifestação em Palmas, o ato de hoje é fruto de um diálogo entre diversas organizações, entidades e movimentos sociais que entendem a necessidade de fazer com que o assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes encontre a justiça, e também que a sociedade faça uma reflexão sobre o que esse assassinato representa.

 

"A Marielle é um símbolo da defesa dos direitos humanos no nosso país. O seu assassinato é uma das faces mais cruéis do período de violência e sombras que o nosso país vem vivendo. Junto com a Marielle, a democracia, o estado democrático de direito também foi violentado e alvejado no dia 14 de março de 2018, ano de seu assassinato, ainda não solucionado. O silêncio, essa falta de resposta desse crime não solucionado é algo que a sociedade não pode aceitar", defendeu.

 

Ainda segundo Cristian, o manifesto de hoje é um marco. "Hoje a sociedade, os movimentos sociais e as entidades vão à rua, se mobilizam para lutar por justiça, mas também defender os direitos humanos, o enfrentamento ao genocídio da juventude negra, o feminicídio, o combate a homofobia e a luta por uma sociedade mais justa e igualitária, os ideais tanto defendidos por Marielle", finalizou.

 

Sobre Marielle

 

Marielle se formou pela PUC-Rio, e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua dissertação teve como tema: “UPP: a redução da favela a três letras”.

 
Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.

 

Iniciou sua militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré.

 

Aos 19 anos, se tornou mãe de uma menina. Isso a ajudou a se constituir como lutadora pelos direitos das mulheres e debater esse tema nas favelas.

 

Marielle foi eleita Vereadora da Câmara do Rio de Janeiro pelo PSOL, com 46.502 votos. Foi também Presidente da Comissão da Mulher da Câmara.

 

Prisão de suspeitos

 

Uma operação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na madrugada de terça, 12, dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Os suspeitos são Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, que foi expulso da Polícia Militar.

 

Crime

 

O crime ocorreu no cruzamento das ruas Joaquim Palhares, Estácio de Sá e João Paulo I, pouco mais de um quilômetro distante da casa de Marielle. Um carro emparelhou com o chevrolet Agile da vereadora e vários tiros foram disparados contra o banco de trás, justamente onde estava Marielle. Treze disparos atingiram o carro.

 

Quatro tiros atingiram a cabeça da parlamentar. Apesar dos disparos terem sido feitos contra o vidro traseiro, três deles, por causa da trajetória dos projéteis, chegaram até a frente do carro e perfuraram as costas do motorista Anderson Gomes. Os dois morreram ainda no local.

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