Casa 8 de Março retoma atuação e elege nova diretoria para agenda feminista

O funcionamento do abrigo mantido pela entidade foi suspenso no final do ano passado em função dos custos relativamente altos e da falta de estrutura suficiente.

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Para dar continuidade e novo fôlego ao enfrentamento dos muitos desafios relacionados aos direitos das mulheres, a mais antiga organização feminista do Tocantins, a Casa 8 de Março, realizou assembleia geral, na noite desta quarta-feira, 20. Ativa há 21 anos, a organização não-governamental (ONG) definiu a sua nova diretoria, por consenso, para os próximos dois anos.

 

Para o cargo de presidente foi eleita Mônica Bandeira e, para o de vice, Márcia da Silva Gomes. A enfermeira Mônica faz parte de um grupo de apoio a ações desenvolvidas pela entidade. Já a estudante e vendedora Márcia foi acolhida na Casa 8 de Março no passado e têm uma história antiga de conexão com o centro feminista que tem sede na Vila União (305 Norte), no Plano Diretor Norte da capital Palmas.

 

“Eu vim para a Casa 8 de Março numa situação de violência. Eu era tão retraída que a minha expressão era assim [fazendo o gesto], olhando fixamente para baixo, com a cabeça numa posição de bloqueio”, conta Márcia, a nova vice-presidente da organização. “E esse apoio da luta e do enfrentamento da violência contra a mulher me ajudou tanto que eu estou assumindo liderança também. Agora vamos ajudar mais pessoas”.

 

Bernadete, que concorreu ao cargo de governador pelo PSOL nas eleições de outubro de 2018, afasta rumores de que a Casa 8 de Março poderia estar encerrando as suas atividades. Ela explica que, de fato, o funcionamento do abrigo mantido pela entidade foi suspenso no final do ano passado em função dos custos relativamente altos e da falta de estrutura suficiente. “Fizemos o recesso, mas houve manifestação de vários movimentos e organizações. E essa manifestação deu esperança e abriu a possibilidade para que pudéssemos conversar e talvez buscar algum apoio. Quando nós reabrimos em janeiro, fizemos uma primeira assembleia e a gente decidiu manter a Casa aberta, com outros projetos. Atuamos com mulheres na área da saúde e da violência, cursos de formação etc., mas o abrigo realmente mantivemos fechado”.

 

Mesmo sem poder acolher mulheres vítimas de violência, a Casa 8 de Março segue com seus trabalhos também nas articulações das pautas feministas, com as mulheres em situação de prostituição, e também no atendimento mais pontual e nos encaminhamentos das mulheres em situação de violência. 

 

“O desafio é tocar uma agenda de empoderamento e emancipação das mulheres mais forte. Representar e fazer o controle social muito bem feito - temos novas representantes para os conselhos de direitos – e realizar todo trabalho de formação com a nossa nova equipe de direção e com as mulheres mais excluídas da sociedade: trabalhadores domésticas, mulheres em situação de prostituição, no uso de drogas, ex-encarceradas”, complementa Bernadete.

 

Durante a Vigília de 1 ano do assassinato da vereadora Marielle Franco, como parte de atos em todo o país realizados no último dia 14 de março, as pessoas presentes, ligadas à Casa, se comprometeram a reforçar as grandes lutas que estão colocadas ao movimento. Na lista, de acordo com Bernadete, estão as mobilizações contra a Reforma da Previdência Social, a continuidade da cobrança para saber ‘Quem Mandou Matar Marielle?’, o enfrentamento das violências contra as mulheres e dos feminicídios e o trabalho para que as políticas sociais com recorte de gênero e sexo não sejam sublimadas, com batalhas para que esse desmonte do Estado e de seus suportes públicos “não se efetive por mais tempo”.

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