Com salários atrasados, professor de Goiatins sobrevive vendendo picolés

Professor de Goiatins alega que está desde fevereiro sem salários e que, por isso, tem de vender picolé para sobreviver: Prefeitura afirma que salários de março serão pagos dia 22.

Professor vende picolé na rua
Descrição: Professor vende picolé na rua Crédito: Rede social

A situação pela qual passa o professor Adonel Tranqueira Filho, de Goiatins, retrata bem como é tratada a maioria dos professores no Brasil. De acordo com Adonel, seus salários estão atrasados desde fevereiro e, para sobreviver e sustentar uma família de quatro filhos menores, ele é obrigado e vender picolés, “geladinho” e cremosinho, nas ruas do distrito de Alto Lindo.

Professor das séries iniciais de Português e Matemática do Ensino Fundamental, Odonel afirma que trabalha na rede municipal de ensino há17 anos e que nunca havia passado por situação semelhante. “O último salário que recebi foi em fevereiro. Tenho quatro filhos para sustentar e não tem outro jeito: no período que não estou em sala de aula vendo picolé e cremosinho para sobreviver”, afirmou o professor ao Portal T1 Notícias.

De acordo com o professor, sua situação é desesperadora. Ele argumenta que tem um salário de R$ 2.175,00 mensais, do qual paga pensão alimentícia para um dos filhos. Sua situação ganhou repercussão nas redes sociais quando ele postou uma foto vendendo picolés pelas ruas da pequena comunidade e um apelo para o prefeito da cidade, Vinícius Donnover Gomes (PSD), relatando suas dificuldades. “Imagine-se, senhor prefeito, na fila de um posto de saúde, às cinco da manhã, esperando por um atendimento que talvez nem aconteça. imagine-se, caro prefeito (bem caro mesmo!), vivendo – ou sobrevivendo – com saldo negativo em minha conta corrente porque você não paga meus R$ 2 175,00 mensais. Imagine-se você senhor prefeito vendendo picolé, geladinha e cremosinho nas ruas de Alto Lindo para dar comida pra seus filhos! Mais isto sim é trabalho digno. Não sei da sua origem, senhor. Não sei se já nasceu em berço esplêndido ou se nasceu pobre, puxou o tapete de meio mundo e venceu na vida vendendo até o que não tem”, escreveu o professor na rede social.

De acordo com o professor, mesmo fazendo “bicos” durante os horários de folga não é possível sustentar a família. “Como a comunidade é pequena, só consigo arrecadar cerca de R$ 200,00 extras por mês. Mas se a Prefeitura pagasse meu salário em dia eu não estaria passando por esta situação”, afirmou Adonel Tranqueira. E finaliza seu recado irônico para o prefeito: “Um grande puxão de orelha deste cidadão que não tem mais o que fazer na vida”.

Pagamento sai dia 22

O secretário da Administração de Goiatins, Francisco Aurélio, negou ao Portal T1 Notícias que os salários estejam atrasados desde fevereiro. De acordo com ele, os professores da zona urbana já receberam os salários atrasados. Francisco afirmou que o município deve apenas o mês de março aos servidores, cujo pagamento será efetivado na segunda-feira, 22.

De acordo com o secretário, em relação aos professores, o município enfrenta uma situação complicada. Ele afirmou que são 202 professores concursados. “A nossa média é de nove alunos em sala de aula por professor e, em um seminário que tivemos com representantes do Ministério da Educação, em Palmas, eles deixaram claro que o município que não tiver pelo menos 25 alunos em sala de aula por professor não tem condições de pagar os salários”, afirmou.

Segundo Francisco Aurélio, a administração municipal vem dialogando com a categoria para encontrar uma solução para este para este problema. “Nosso município enfrenta os mesmo problemas financeiros que a maioria dos municípios brasileiros em função da queda na arrecadação”, argumentou o secretário.

Clique no link para acessar a rede social do professor 

https://www.facebook.com/adonel.tranqueira

 

 

 

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