DPE pede apuração sobre caso de adolescente com deficiência que teve braço fraturado

As lesões foram constatadas dias após o ocorrido. No domingo, 21, o paciente passou por cirurgia ortopédica

Caso ocorreu no Hospital Regional de Araguaína
Descrição: Caso ocorreu no Hospital Regional de Araguaína Crédito: Foto: Divulgação

A Defensoria Pública do Tocantins pediu à Secretaria Estadual da Saúde agilidade na apuração de um caso envolvendo o adolescente J.V.A.G., de 17 anos, portador de deficiências mental e motora, que está internado há mais de três meses na UTI1 do Hospital Regional de Araguaína, onde sofreu duas fraturas no braço esquerdo, ocorrida supostamente no dia 13 de maio.

 

Conforme a Defensoria, as lesões foram constatadas pelos profissionais plantonistas dias após o ocorrido, tendo sido registrado Boletim de Ocorrência no último dia 16 de maio na Delegacia Especializada da Criança e do Adolescente de Araguaína. A direção da unidade informou que solicitou a instauração de “Sindicância Administrativa Investigativa”.

 

Ainda segundo a DPE, no domingo, 21, o paciente já passou por cirurgia ortopédica e mudança do leito de internação, para a UTI2 do hospital. O paciente, portador de paralisia cerebral quadriplégica espática, foi admitido com um quadro de crise convulsiva e pneumonia aspirativa pós-parada cardíaca e insuficiência respiratória.

 

Além de notificar a Secretaria da Saúde do Tocantins, a Defensoria acionou o Ministério Público Estadual, a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Conselho Estadual dos Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência, buscando apurar a conduta profissional. Para o coordenador do Núcleo Aplicado de Minoria e Ações Coletivas de Araguaína, defensor público Sandro Ferreira, as informações recebidas e as lesões verificadas tem indícios de violação de direitos humanos contra o paciente. “Preliminarmente, o adolescente foi vítima, no mínimo, de conduta culposa ou houve irregularidades na custódia hospitalar do paciente”, supôs.

 

Cuidados

Cerca de uma semana antes da fratura no braço, a família do paciente alegava que J.V.A.G. já apresentava uma lesão no ouvido e demonstraram preocupação quanto aos cuidados oferecidos no hospital e buscavam, inclusive, ampliar o tempo de visita para que pudesse a própria família cuidar do acondicionamento do paciente no leito. Diante do caso, a Defensoria em Araguaína recomendou uma melhor assistência. A unidade afirma que no exame físico de admissão na UTI, o paciente já apresentava lesão na aurícula esquerda com característica LPP – Lesão por Pressão, não tendo sofrido negligencia por parte da equipe multiprofissional envolvida na assistência.

 

Segundo a unidade, devido sua condição física que dificulta a mobilização no leito, mesmo com acompanhamento da equipe de estomoterapia, essas lesões podem ocorrer porque o paciente tem peculiaridades em sua anatomia, o que dificulta a mudança de posição a cada duas horas, sendo mais indicada a posição lateralizada à esquerda para a melhora do padrão respiratório dentro da normalidade com saturação entre 90%-100%, bem como, a causa pode ser decorrente de hipotrofia muscular, que propicia o surgimento de lesões, principalmente em áreas de proeminências ósseas, já que ocasionam pressão nos tecidos, diminuindo assim a oxigenação das áreas. 

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