Geraldo Azevedo enaltece a cultura brasileira e fala da perseguição na ditadura

Um dos maiores representantes da Música Popular Brasileira pisou nos palcos do 13º Festival Gastronômico de Taquaruçu, neste sábado 7 de setembro

Crédito: Edy César

Quando Geraldo Azevedo iniciou sua carreira, com o lançamento do álbum Quadrafônico em 1972, ele não deveria ter ideia da longevidade e abrangência que ela teria. Não por acaso, sua vida ficou entrelaçada por outro ícone do cancioneiro popular nordestino e brasileiro: sim, estamos falando de Alceu Valença, que gravou junto com Geraldo o Quadrifônico.   

 

Essa parceria de Alceu e Geraldo foi o ponta pé de um dos grandes grupos musicais da história do Brasil, o “Grande Encontro”, quando se uniram a Zé Ramalho e Elba Ramalho para levar a música nordestina para todos os lares do país.  

 

De 1972 a 2019, já são quase 50 anos gravando sucessos estrondosos, músicas que foram cantadas por gerações e, pelo andar da carruagem, seguirá assim no espaço-tempo, pois Geraldo tem essa qualidade indefectível de compor canções atemporais.   

 

E foi assim, com toda essa envergadura cultural, que um dos maiores representantes da Música Popular Brasileira pisou nos palcos do 13º Festival Gastronômico de Taquaruçu, neste sábado 7 de setembro, com um público fiel e de todas as idades, que entonaram em coro grandes sucessos, como “Taxi Lunar”, "Ai Que Saudade D'Ocê”, “Bicho de 7 Cabeças”.  

 

Foi uma noite regada de muito frevo e MPB, que certamente ficará na lembrança do público presente.  

 

Geraldo ainda teve tempo para responder algumas perguntas para o T1: na pauta, questões como carreira, meio ambiente e militância foram respondidas sem papas na língua:  

 

 

T1: O brasileiro é um povo musical?  

G.A: O mais musical do mundo, temos aqui uma mistura cultural muito própria, o frevo, o forro, as danças típicas. Estive um tempo em Angola, que é uma das raízes culturais do Brasil, um povo muito animado e cantante, mas nada se compara com o Brasil.  

 

T1: Você vem de uma geração musical que foi o celeiro da MPB, que coincidiu com os tempos de repressão e conservadorismo, os tempos atuais podem trazer uma nova safra de compositores para o Brasil?  

 

G.A: Quando comecei nos anos 70 era um tempo de repressão, de ditadura, com amigos sendo presos e torturados, mas na cena musical tínhamos grandes artistas, fazendo música de protesto e lutando contra o regime. Quer dizer, fui preso, torturado e tive músicas censuradas por eles. Hoje vejo que não há mais tanto espaço nas rádios para a música popular, mas vejo que os tempos coincidem em muita coisa, com censura e perseguições. Hoje tem muita gente boa compondo e se posicionando, vejo grandes artistas no Brasil, apesar de não ter o mesmo espaço que outros seguimentos.   

 

T1: A pauta ambiental é um assunto em voga no Brasil e no Mundo, acha que ela tem que ter espaço na música?  

 

G.A: Estamos em um tempo ruim para o meio ambiente, olha o que está acontecendo na Amazônia, vejo que os artistas devem sim alertar o povo sobre essas questões, quando cheguei no Tocantins fiquei muito triste com a quantidade de fumaça em Palmas e as queimadas aqui na serra (Taquaruçu).  

 

Álbuns de estúdio  

 

Quadrafônico (1972) ― Copacabana ― LP/CD (com Alceu Valença)  

 

Geraldo Azevedo (1977) Som Livre ― LP/CD  

 

Bicho de 7 Cabeças (1979) Epic/CBS ― LP/CD  

 

Inclinações Musicais (1981) Ariola ― LP/CD  

 

For All Para Todos (1982) Ariola ― LP/CD  

 

Tempo Tempero (1983) Barclay/Ariola ― LP/CD  

 

De Outra Maneira (1986) Echo/RCA ― LP/CD  

 

Eterno Presente (1988) RCA ― LP  

 

Bossa Tropical (1989) RCA ― LP/CD  

 

Berekekê (1991) Geração ― LP/CD  

 

Futuramérica (1996) BMG ― LP/CD  

 

Raízes e Frutos (1998) BMG ― CD  

 

Hoje Amanhã (2000) BMG ― CD  

 

O Brasil Existe em Mim (2007) Sony&BMG ― CD  

 

Salve São Francisco (2011) Biscoito Fino/Geração/Bacana/Terra Brasilis ― CD e DVD  

 

Assunção de Maria e Geraldo Azevedo (2011) Biscoito Fino/Geração/Nossa Música ― CD

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