Polícia conclui inquérito e indicia 4 suspeitos pela morte do advogado Danillo Sandes

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava o assassinato do advogado e o relatório foi enviado à Justiça.

Advogado Danillo Sandes foi morto com dois tiros na cabeça
Descrição: Advogado Danillo Sandes foi morto com dois tiros na cabeça Crédito: Divulgação

O farmacêutico Robson Barbosa da Costa e mais três policiais militares do Pará foram apontados pela Polícia Civil como mandantes e executores, respectivamente, do assassinato do advogado de Araguaína, Danillo Sandes, ocorrido em julho deste ano. Os suspeitos poderão vir a responder por homicídio triplamente qualificado.

 

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava o assassinato do advogado e o relatório foi enviado à Justiça. Além do farmacêutico, os policiais militares Rone Marcelo Alves Paiva e João Oliveira dos Santos Júnior e o ex-PM Wanderson Silva de Souza estariam, conforme a Polícia Civil, envolvidos no crime.

 

O Ministério Público Estadual aquiesceu com a conclusão da Polícia Civil e pediu à Justiça que os suspeitos tenham a prisão preventiva decretada, já que atualmente eles cumprem prisão provisória. O pedido da polícia e do MPE é para que todos continuem presos até o julgamento. A defesa do farmacêutico disse à imprensa estar tranquila e aguardar a audiência de instrução do caso.

 

Danillo Sandes foi morto na região de Araguaína, após ele se recusar a participar de uma fraude. O advogado representava o suposto mandante do crime em uma disputa por uma herança de R$ 7 milhões e não quis ajudar o farmacêutico a esconder parte do dinheiro dos outros herdeiros.

 

Detalhes sobre o crime

 

Conforme a Justiça, consta nos autos que a vítima, Danillo Sandes Pereira, advogado em Araguaína, desapareceu no dia 25 de julho de 2017, por volta das 8 horas, quando saiu de sua residência dizendo a um familiar que iria até a cidade de Filadélfia. O corpo de Danillo permaneceu desaparecido até o dia 29 de julho de 2017, quando foi encontrado em avançado estado de decomposição em uma fazenda a cerca de 100 metros do quilômetro 20 da TO-222. A perícia concluiu que a causa do óbito de Danillo foram dois disparos de arma de fogo na cabeça.

 

Ainda conforme já apurado em etapas preliminares das investigações, os policiais que investigaram o caso, ao analisarem os extratos de ligações, conseguiram identificar o número da linha telefônica que manteve contato com a vítima no dia de seu desaparecimento. O referido número telefônico estava cadastrado em nome de Wanderson de Jesus, o que, segundo as autoridades policiais, foi realizado de forma criminosa. Por meio dos registros dessa linha telefônica, os delegados apuraram que um dos suspeitos telefonou para a vítima na manhã do dia 25 de julho de 2017, e um encontro entre ambos foi marcado para o momento seguinte, nas proximidades do supermercado Atacadão.

 

De acordo com a polícia, essa linha telefônica foi habilitada no dia 22 de julho de 2017, com o fim exclusivo de ser utilizada na prática do crime contra Danillo. O telefone que o chip foi habilitado foi identificado e no decorrer das investigações, o serviço de inteligência, através do cruzamento dos dados obtidos por quebra de sigilo, detectou o aparelho celular foi usado pelo possível executor do crime que atraiu a vítima no dia de sua morte.

 

Ainda segundo a polícia, o farmacêutico Robson seria suspeito de tramar a dilapidação do patrimônio do inventário no qual a vítima atuava como advogado. Os delegados relataram à Justiça que foi feita uma proposta à vítima, por parte de alguns dos herdeiros, para a ocultação de bens nos autos do inventário, em troca de dinheiro. Por não ter aceitado participar da situação, Danillo pode ter sido vítima de uma trama semelhante ao crime de pistolagem.

 

Ainda conforme a polícia, existem fortes indícios de que a vítima foi morta por se negar a compor esquema criminoso supostamente proposto por Robson. Há nos autos o relato no sentido de que o irmão de Robson teria procurado a OAB, em Araguaína, quando a vítima estava desparecida, fazendo perguntas como: "Como estava o andamento das investigações?", "Quais eram as linhas de investigação?", "Se tinha alguma ligação com algum processo em que o Dr. Danillo atuava?", "Se a polícia já tinha algum suspeito?", “Ele recebeu alguma ligação pela manhã?”.

 

Armas com o suspeito

 

“Com o desenvolvimento das investigações, durante o cumprimento de buscas domiciliares autorizadas, foi encontrado na residência de Robson um verdadeiro arsenal bélico. Havia 1 espingarda, 2 carabinas, 3 pistolas, 2 revólveres, 5 carregadores, aproximadamente 190 munições, mais uma caixa de munições fechadas de calibre .22LR contendo outros 50 cartuchos”, pontuou a polícia.

 

Ainda conforme os delegados responsáveis pelo caso, o avançar das investigações apontaram não só para Robson, mas também para Wanderson Silva de Sousa, Rony Marcelo Alves Paiva e João Oliveira Santos Junior como os autores do crime. Para reforça essa tese, os delegados relataram à Justiça que a linha telefônica utilizada para atrair a vítima no dia do fato, foi habilitada a partir de uma ligação originada na mesma região da residência de Robson. A partir das linhas telefônicas usadas por Robson e seus respectivos interlocutores, a equipe de investigadores conseguiu chegar aos demais coautores do crime, estabelecendo "não apenas seus vínculos com a pessoa do mandante do crime, mas também o trajeto empregado para o cometimento do crime, com posicionamentos e horário, em perfeita sincronia, que os remetem à cena do crime".

 

Policiais Militares do Pará

 

Com o apoio da Corregedoria-Geral da Polícia Militar do Estado do Pará, e mediante investigação, foram identificados como os executores do crime: Wanderson Silva de Sousa, Rony Macedo Alves Paiva e João Oliveira Santos Júnior, todos policiais militares lotados no 4º Batalhão de Polícia Militar da cidade de Marabá.

 

A Polícia assinala, por exemplo, que Rony Marcelo de Paiva e João Oliveira estiveram juntos em Araguaína no dia 5 de junho de 2017, e que desde então eles já preparavam a operacionalização do crime. No dia 22 de junho de 2017, Wanderson Silva de Sousa compareceu até o escritório da vítima com o intuito de tratar de assuntos relacionados à uma história fictícia, montada pelos executores para atrair a vítima à morte. “Wanderson e João Oliveira Santos Junior, iniciaram viagem com destinado a Araguaína, deslocando-se inicialmente da cidade de marabá/PA, e utilizando-se da rota: Marabá/PA > São Domingos do Araguaia/PA >Brejo Grande do Araguaia/PA > Araguatins/TO > São Bento do Tocantins > Angico/TO> Darcinópolis/TO > Araguaína/TO. Após o crime, eles retornaram por via diferente, fazendo o trajeto: Araguaína/TO > Carolina/MA > Estreito/MA > Marabá/PA”, diz a polícia.

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