Netflix resgata a importância histórica de Sérgio Vieira de Mello

Sérgio Vieira de Mello faleceu em 19 de agosto de 2003, na ocupada e devastada cidade de iraquiana de BagdáE ele era o principal nome para substituir o ganês Kofi Annan na Secretaria Geral das Nações

Crédito: Reprodução

Talvez os mais jovens não saibam, mas quando o carioca Sérgio Vieira de Mello faleceu em 19 de agosto de 2003, na ocupada e devastada cidade de iraquiana de Bagdá, ele era o principal nome para substituir o ganês Kofi Annan na Secretaria Geral das Nações Unidas, uma honraria sem precedentes no Brasil. Ocorre que um dos nossos maiores heróis nacionais teve sua carreira interrompida dramaticamente por um ataque terrorista, assumido pela nefasta organização Al Qaeda.

 

Na época especulava-se que a vida de Sérgio merecia ser contada pelo cinema, e foi exatamente o que fez a gigante multinacional Netflix, quando reuniu a talentosa atriz cubana Ana de Armas e nosso mais importante ator do cinema brasileiro Wagner Moura.

 

O Filme trata sobre os últimos anos de vida de Sérgio, primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da Organização das Nações Unidas (ONU), que é aqui espetacularmente representado por Wagner Moura. Wagner mostra um pouco das missões de paz, do trabalho de Sérgio em conflitos mundiais como Bangladesh, Camboja, Líbano, Bósnia, Ruanda e Timor-leste. Foi no Timor-Leste que Viera de Mello teve um papel preponderante na pacificação e independência do país frente a Indonésia.

 

 

A Produção contou com a direção do norte-americano Greg Barker, que também foi responsável pelo documentário homônimo sobre o diplomata lançado em 2009. O trabalho de Barker é acima da média, pois conseguiu transformar a vida de Sérgio num Thriller de ação que lembra os filmes de 007, com um ritmo de direção e edição ideal para o formato de narrativa apresentado.

 

 

No entanto,  o diretor opta por uma linguagem mais acessível, onde é focado o relacionamento do protagonista com a economista argentina Carolina Larriera, o que deixa o filme mais ágil e palatável para o público em geral, contudo, essa opção acaba deixando de contar momentos decisivos da vida Sérgio frente a missões de paz das Nações Unidas.

 

Interessante que a produção traz uma série de elementos pautados no texto da biógrafa Samantha Power, autora do livro “O homem que queria salvar o mundo: Uma biografia de Sérgio Vieira de Mello”, principalmente sobre as ações das Nações Unidas no Timor-Leste.

 

 

 

A escolha de Ana de Armas (Blade Runner 2049) para viver Carolina foi acertadíssima, a atriz cubana é a nova sensação do cinema mundial, confirmada inclusive para atuar no próximo filme de James Bond e na cinebiografia da icônica Marilyn Monroe, outra produção muito aguardada da Netflix.

 

 

A diversidade do elenco também agrada, são atrizes, atores e equipe técnica vindas dos quatro cantos do globo, de países como: Cuba, Brasil, Iraque, Jordânia, Tailândia, Angola, Irlanda, Alemanha e EUA.

 

 

 Esse processo multicultural da produção torna tudo ainda mais verossímil para o público, afinal temos aí um retrato fidedigno do cotidiano das missões da ONU na pacificação dos conflitos mundiais.

 

Por fim, assistir Sérgio é obrigatório para amantes da sétima arte, mas também essencial para o Brasil atual, que muitas vezes não valoriza seus personagens históricos e que dissemina mitos e lendas falsas sobre o papel das Nações Unidas, e mais recentemente se vira contra uma das entidades mais importantes do mundo na atualidade, a Organização Mundial da Saúde.

 

Veja mais:

 

“Sérgio viu mais guerra e conflito humano do que provavelmente qualquer um de sua geração, e ainda assim permaneceu otimista” Greg Barker( https://veja.abril.com.br/blog/radar/diretor-de-obra-do-netflix-fala-de-diplomata-brasileiro-morto-pela-alqaeda/)

 

https://www.youtube.com/watch?v=91b5TEbVTcQ&feature=youtu.be  Trailer oficial do Filme


 

https://www.youtube.com/watch?v=4L0zvbjsFyc&feature=youtu.be  ("In memoriam" é uma curta produzido pelas Nações Unidas em memória de Sérgio Vieira de Mello, brasileiro e experiente Representante Especial da ONU, morto em um atentado terrorista no Iraque juntamente com outros.)

 

Edy César, advogado, fotógrafo e amante da sétima arte. Dentre outras coisas, colabora no T1 com crítica de cinema, música, artes e outros assuntos aleatórios.

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