O Brasil mostrado e o que eu quero ver

Em artigo de opinião o técnico em enfermagem e estudante de Serviço Social comenta o Brasil apresentado na Copa do Mundo

No último dia 12 de junho de 2014, o Brasil teve os metros quadrados mais vistos em todo o mundo durante um período de 95 minutos.

 

Arena Corinthians, São Paulo, esta foi a exata localização deste fenômeno.

 

Com mais de 100 câmeras em torno do gramado, gerando imagens em potentes definições, 22 jogadores e mais de 69 mil pessoas nas arquibancadas, o time comandado pelo Técnico Filipão, estreou com vitória sobre a Croácia na copa do mundo da FIFA 2014, com 2 gols de Neymar e 1 do volante Oscar.

 

O Brasil se mostrou ao mundo! Será?

 

É algo para se pensar e como é subjetivo, não cabe a mim, responder sobre algo tão complexo.

 

O que sei, é que não foi filmado e muito menos mostrado ao mundo, foram os gritos conscientes (creio eu) por respeito, saúde pública de qualidade, moradia digna, atenção, menos corrupção dos políticos... Gritos estes, produzidos por centenas de cidadãos que do lado de fora do estádio não ganharam espaço diante das lentes e flash das câmeras dos responsáveis pela geração das imagens do “espetáculo”.

 

Seus apelos foram ofuscados por vibrações eufóricas de um povo que apaixonados por futebol, por alguns instantes esqueceram-se da dura realidade vivenciada diariamente nas vizinhanças dos caros estádios e em todo o território nacional.

 

Mostraram a todos que é com fé, raça e determinação que se vence uma batalha! E na execução do Hino nacional Brasileiro, ato obrigatório pela FIFA, tornou-se momento prazeroso e inigualável, instantes antes do jogo. Cantado a capela por milhares de vozes emocionadas, o povo brasileiro provou mais uma vez que ama aquilo que é feito com vontade, neste caso, o desejo de ver a seleção de nosso país entrar em campo.

 

Esta emoção em representar o país, a seleção, um povo, deveria também ecoar-se no congresso nacional, nos palácios, nas assembléias legislativas, prefeituras e câmaras municipais, nesta mesma intensidade por aqueles que nos representam ou no mínimo deveriam aproximar-se disso.

 

Enquanto os que se encontravam com pinturas faciais, cartazes e anseios de mudanças a flor da pele, não conseguiram chamar a atenção dos holofotes da mídia, talvez por impedimentos propositais ou influencias, dentro da Arena Corinthians foram calorosamente representados, quando os presentes fizeram duras vaias a aparição da presidenta Dilma no telão do estádio.

 

A única autoridade política brasileira que teve a coragem de correr os riscos e se expor (assumir) aquilo que vem dando (causando) ao nosso país.

 

Em fim, espero que torçamos, gritemos, pulamos... mas, não conformemos com aquilo que está sendo posto (imposto) em favorecimentos individuais ou de grupos.

 

E que assim como a torcida apresentou naquele momento, façamos ecoar as nossas lutas, e se for para sofrer calado que seja por uma derrota de um jogo de futebol, que é realizado dentro das 4 linhas e não por más escolhas onde viveremos as conseqüências por 4 anos.

 

E que diferentemente deste período de copa, onde o mundo vê apenas o campo e seus personagens, possamos mostrar um Brasil onde aparecerá de norte a sul, de leste a oeste e não mais reduzidos metros de terra em forma de campo de futebol.

 

Onde viverá melhor o cidadão, sendo cuidado, respeitado e com garantias de que seus direitos serão válidos.  

 

Comentários (0)