O jovem quer oportunidade de viver - por Augusto Brito

Em meio ao caos político e econômico que está o Brasil e o Tocantins, esse último com sucessivas trocas de governo, os jovens têm cada vez menos oportunidades de projetar uma meta de qualidade de vida quando adulto. Nas últimas décadas o nosso país passou por inúmeras transformações sociais, deixando um rastro de desigualdade entre os diferentes grupos que compõem a nossa sociedade, incluindo a juventude.

 

A exemplo dessas transformações podemos citar a introdução da tecnologia no mercado brasileiro. Quando os computadores e a internet entraram no jogo, era impensável que um jovem de menor poder econômico teria acesso a esses artigos de luxo. Na verdade eles nem sabiam que isso poderia existir.

 

Fatores como esse permitiram que jovens de famílias com maior poder econômico tivessem acesso às melhores oportunidades disponíveis na sociedade (seja de estudo, de trabalho, de aceitação social).

 

Atualmente é aterrorizante a situação da juventude brasileira que vive em situação de vulnerabilidade social. De acordo com o Mapa da Violência de 2013, “os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 24 anos no Brasil e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias...”.

 

No Tocantins os dados repetem a realidade brasileira. De acordo com o Processamento do Mapa da Violência 2016, a taxa de homicídios por armas de fogo da juventude tocantinense foi de 26,1 (por 100 mil habitantes).

 

Na educação a maioria das escolas mantidas pelos governos estaduais, responsáveis pelo ensino médio, não atingem as metas propostas pelo Ministério da Educação, desqualificando o ensino dos jovens. No IDEB de 2017, a meta imposta pelo Governo Federal ao Tocantins foi de 4,2, no entanto o estado atingiu o índice de 3,7, ficando muito longe da meta nacional de 2021 que é de 5,2.

 

No intuito de entender, diagnosticar e criar mecanismos que mudem a realidade do jovem brasileiro, o Governo Federal criou a Secretaria Nacional de Juventude que é responsável por desenvolver e aplicar as políticas públicas para esse recorte da população com o auxílio dos demais entes da Federação.

 

Infelizmente isso não acontece no Tocantins. Por anos o estado permanece inerte as políticas públicas de juventude. O governo não segue nenhuma diretriz nacional. Não possui um Conselho Estadual de Juventude, Fundo Estadual de Juventude, Plano Estadual de Juventude e nem novos projetos que garantam e assegurem os direitos dessa população. Pelo contrário, o pouco que existe está desmoronando na cabeça dos jovens, como é o caso das Casas do Estudante.

 

A juventude tocantinense, principalmente a que mora no interior, não têm perspectiva de avanço. Não existe acesso à cultura, lazer e tecnologia, obrigando-os a escolher entre os espaços de interações sociais mais comuns: bar e igreja.

 

As escolas não possuem infraestrutura adequada e não garantem a entrada na tão sonhada universidade pública e de qualidade, fazendo com que municípios mais estruturados crie mecanismos educacionais para garantir o acesso ao ensino superior, a exemplo da capital Palmas, que desenvolve o cursinho preparatório para o vestibular e ENEM, Palmas Aprova.

 

O estado não conhece a sua juventude e não permite que ela se mostre, unicamente por falta de interesse dos governantes. Para levar dignidade ao jovem basta apenas criar os dispositivos já preconizados pela política nacional e acima de tudo, dar espaço para que ele atue como protagonista nas decisões que atingem diretamente a sua vida.

 

Até quando vamos continuar morrendo por causa do esquecimento dos nossos governantes?

 

Augusto Brito é estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFT e militante do movimento estudantil.

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