Os desafios de implantar uma gestão que valorize os servidores públicos

Em artigo de opinião, o professor e secretário Alan Barbiero comenta o projeto lançado pela Prefeitura de Palmas para valorizar seus servidores

Não há como dissociar o desenvolvimento, seja ele em qual área for, do trabalho humano. Mesmo no campo da tecnologia, da ciência, dentre tantas outras, por mais automatizadas que sejam, o intelecto do Homo Sapiens é a peça principal nos resultados.

 

Nessa linha, já não é novidade que as empresas desenvolvam uma política de enaltecer o Capital Intelectual, um conceito que entende como patrimônio de uma organização o conhecimento, a criatividade e a inteligência de seus colaboradores. Um poderoso ativo intangível com capacidade de gerar desenvolvimento e sustentabilidade.

 

No serviço público não é diferente, composto pelo seu quadro de servidores, é nestes onde está o segredo do sucesso. O desafio, entretanto, é trabalhar uma gestão que motive as pessoas, condição que se torna possível com políticas que reconheçam o Capital Humano como o nosso maior patrimônio.

 

Com esse conceito, que vai além de apenas exaltar o intelecto, pautado no respeito ao servidor como um todo, enfrentamos esse desafio de implantar uma política de valorização do servidor público de Palmas. Uma proposta inovadora almejada desde o início da administração do Prefeito Carlos Amastha. A implantação de uma nova cultura, um conceito moderno e atual na gestão de pessoas.

 

Lançado no último dia 26 de março, o Capital Humano é um programa audacioso que contempla seis projetos:

- O Careira Justa, projeto de fortalecimento das carreiras que abrange a redução das distorções nos dez Planos de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) historicamente existentes no município;

- O PMAF – Plano Municipal de Aperfeiçoamento e Formação, projeto que busca investir fortemente na capacitação dos servidores.

- O Servidor Multiplicador, projeto de reconhecimento dos nossos talentos, investir na “prata da casa”. Os próprios servidores serão agentes de capacitação para a equipe, escolhidos via edital e remunerados por isso;

- A Escola de Governo, um espaço de capacitação com cursos, mestrados, bibliotecas, laboratórios, dentre outros;

- Tô Ligado, projeto de gestão da informação e do conhecimento. Busca da melhoria da circulação das informações estratégicas da gestão.

- SUPERHAR – Sistema de Bonificação por Mérito, um projeto que premia o  servidor público municipal pelo cumprimento de metas;

 

Sobre este último projeto detalho um pouco mais neste artigo. O SUPERHAR traz na sua assinatura: “Um prêmio ao talento e a dedicação dos servidores públicos municipais”, uma forma de estimular aqueles que trabalham com comprometimento, que incorporam o sentimento de que o seu trabalho faz uma cidade melhor para todos. Este projeto vem quebrar o paradigma histórico da não valorização do servidor que apresenta bons resultados. Nosso desejo é melhorar a profissionalização do serviço público.

 

No entanto, mais do que um sonho da gestão municipal, é fruto de muito planejamento e análise. Buscamos estudar os processos exaustivamente para construir metas palpáveis e reais. Cada órgão foi destrinchado nos seus mínimos detalhes, para entender a importância de cada função e seu respectivo ocupante.

 

O que propomos com o SUPERHAR não é uma política salarial, mas sim uma política de motivação e comprometimento. Para atingir as metas e consequentemente o teto da bonificação é de crucial importância saber conciliar o trabalho coletivo e individual. Nesse processo o servidor percebe que o seu trabalho interfere diretamente na sua equipe. Ele tem a oportunidade de avaliar o trabalho do seu colega e fazer a sua auto avaliação.

 

Somos realista e acreditamos que devemos trazer todos os envolvidos para o debate. Não temos a ilusão de acreditar que este projeto é perfeito, os próprios sindicatos colocaram seus pontos e resistências, algumas delas bem fundamentadas que nos forneceram novos direcionamentos e assim vamos continuar trabalhando para evoluirmos ainda mais.

 

Por fim encerro, acreditando que todo desenvolvimento social, nasce dos sonhos daqueles que desejam um ambiente melhor, da provocação daqueles que anseiam por este objetivo e da construção, feita por todos que acreditam que é possível materializar esses sentimentos. O desenvolvimento não é algo espontâneo e nem uma ação isolada e solitária. Por isso, a construção é coletiva e o desafio é de todos.

 

Alan Barbiero é secretário de Administração e Recursos Humanos no município de Palmas, doutor em sociologia e reitor da Universidade Federal do Tocantins – UFT de 2003 à 2012.

EMAIL: barbiero@uft.edu.br

 

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