Palmas para Palmas!

Edmundo Lima de Arruda Júnior é Professor Doutor Titular aposentado da UFSC e presidente Honorífico do CESUSC

Pode parecer algo  banal, piegas ou brega. Mas tudo que emociona lembra que somos humanos. E quando a imagem volta e nos cobra mais uma lágrima temos o divino vivido, concreto, revolucionário.

 

Aconteceu em Palmas, Tocantins. Tiago Andrino, amigo há duas décadas, hoje vereador (um dos mais bem votados), mostrava-me essa jovem cidade de 29 anos. Precisamente, uma das duas dezenas de escolas públicas que colocam a capital do mais novo estado brasileiro em primeiro lugar nacional (IDEB). Das 40 mil crianças matriculadas 32 mil encontram-se em tempo integral, com cinco refeições diárias e uma estrutura surpreendente, com piscina, quadras, auditórios, horta, laboratórios, criação de peixes, etc.

 

Saímos sob o sol escaldante das 16h. Em frente à escola Almirante Tamandaré a prefeitura restaura residências populares de um projeto popular inacabado do governo anterior. Nem todos os blocos foram concluídos, mas em um dos já habitados meu olhar para a esperança e o amor foi renovado, provocando-me fé em tempo de desilusões.

 

Cena de cinco segundos envolvendo uma criança e seu pai. Este todo vestido com roupa manchada de tinta, carregando sacolas de supermercado. Subindo a escada na direção daquele trabalhador uma menina de seus cinco a seis anos, vestida com o uniforme escolar, saltitando com a mochila nos ombros.

 

Provavelmente essa pequenas deverá estudar na nova escola, viabilizada com o apoio da marinha. Os alunos inaugurarão a nova unidade de ensino em agosto, vestidos com uniformes brancos no melhor estilo dos marinheiros.

 

Talvez aquele operário braçal sequer tenha uma exata medida dos grandes problemas nos quais o Brasil  se encontra. Mas deve estar orgulhoso de sua filha e da nova escola em frente ao seu minúsculo apartamento.

 

Não sei se a garotinha tem irmãos nem se sua mãe se encontrava em casa. Se tivesse manos eles deveriam sair da escola juntos e chegariam todos com o pai. A mãe com certeza ainda devia estar trabalhando, pensei.

 

Mas o que importa é o que testemunhei em Palmas, o futuro numa cena na qual o lúdico deu um colorido no futuro em face de um cotidiano digno, a de uma família brasileira, enchendo-me de uma sensação de vida.

 

Sensação de vida por duas razões:  1ª) a Palmas daquela criança é uma realidade que registra em pleno centro geodésico brasileiro a possibilidade da boa política. Essa cidade vai plantando sementes para o Brasil do século XXI; 2ª) o fato relatado permite a pessoas como eu, anestesiadas na zona do conforto das decepções com políticos e com a política sair dessa condição e levar a boa nova por onde passar. De fato o Brasil já está mudando colocando os pés no seu destino, o de ser um país grande, integrado, feliz.

 

Obrigado a todos envolvidos com a prefeitura de Palmas, em nome do meu amigo Tiago Andrino. Parabéns por transformar o mundo e semear o futuro. Obrigado por me ajudar a superar meu cômodo pessimismo, sobretudo, por me emocionar. A pusilanimidade dos políticos tradicionais estava me embrutecendo. Tenho filhos menores. Agora estou mais seguro. Vocês em Palmas me fizeram renascer.

 

Palmas para Palmas. O futuro em suas mãos!

 

Edmundo Lima de Arruda Júnior é Professor Doutor Titular aposentado da UFSC e presidente Honorífico do CESUSC, possui Graduação em Direito pela Universidade de Brasília (1978), Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (1981) e Doutorado em Sociologia - Université Catholique de Louvain (1991), Pós-Doutorado em Sociologia Política na Universitè Paris 8 Saint Denis (1996), Pós-Doutorado em Sociologia na Universitè Paris X Nanterre (2009). 

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