Professores em greve. Por quê?

Em artigo de opinião, o autor aborda as razões pelas quais os professores do Brasil e do Tocantins estão mobilizados em movimentos grevistas, em busca da garantia dos direitos da categoria.

Em vários estados do Brasil os professores estão em greve. Agora chegou a vez dos professores federais. Em nosso estado, a UFT já aderiu. Chegou a vez dos professores do IFTO? Vamos saber.

 

Nos últimos anos o modelo desenvolvimentista fez com que o poder do governo federal crescesse bastante, não é demais lembrar que foram as instituições do dinheiro federal que salvaram o Brasil da crise de 2008 – que demorou, mas agora chegou -, BNDES, Caixa Econômica, Banco do Brasil e Petrobras, são as marcas mais conhecidas, embora existam outras tantas instituições de irrigação da economia, como o nosso IFTO. Um momento raro na história do Brasil, em que todos realmente deram gargalhadas, todos gozaram da prosperidade.

 

O desequilíbrio orçamentário entre governos federal e estaduais foi sintomático, resultando numa grande pressão para a não reeleição de Dilma em 2014. Dai uma campanha tão agressiva e apartadora quanto o foi a de 1989! O desequilíbrio de forças entre o poder federal e as oligarquias regionais chegou a colocar o pacto federalista em situação delicada, como pudemos ver entre as vozes raivosas anti-nordeste, anti-pobre e volta da ditadura... Em momentos de medo o espírito animal aparece. A gritaria também foi dos governadores, que continua em 2015.

 

Governos federal e estaduais falidos? Não senhor! Isso é impossível, já que a sociedade continua a pagar seus impostos. Apenas orçamentos menores, conjugados a dívidas maiores! Resultado: uma briga feia pelo que resta. E não nos resta muito, só as migalhas. Sim, brigamos por migalhas. Aos pobres, as migalhas.

 

Mas pode ser pior! Nós professores brigamos para não perdermos mais, já que a inflação achata os salários. Daí tantas greves pelo país afora. Como na década de 1980, as greves são instrumentos de correção das perdas inflacionárias, além de uma lista enorme de reivindicações e acordos não cumpridos: 1) Queremos barrar a terceirização de professores; 2) Contra a precarização dos serviços públicos essenciais; 3) Pela redução da jornada de trabalho para 30 horas dos trabalhadores técnico administrativos; 4) Pelo fim do ponto eletrônico; 5) Por uma política salarial que reponha as perdas da inflação; 6) pelo direito a RSC a professores doutores e técnico administrativos; 6) Pelo estabelecimento da data-base em 1º de maio; 7) Pela revogação da lei de criação do FUNPRESP; 8) Pelo índice linear de 27,5%; 9) Pela isonomia salarial e de benefícios dos trabalhadores dos três poderes; 10) Pela paridade salarial entre servidores ativos, inativos e pensionistas.

 

Se esperarmos pela piedade, a mendicância é o passo seguinte. Direito não se ganha, se conquista! Por isso vamos ao limite da desobediência civil, emperrando um setor do estado com a paralisação das atividades e a união numa rede sindical. Temos até agosto para entrarmos no orçamento do ano seguinte, caso contrário poderemos amargar até 2018 a pagar uma conta que não é nossa!

 

Sérgio Henrique Moura Estevão é professor de história do IFTO no Campus Araguatins e membro do Sinasefe.

 

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