Quem ama abraça, cuida e protege

Desde que assumi o cargo de vice-governadora do Tocantins em janeiro deste ano, como a primeira mulher no Estado a assumir esse cargo, coloquei entre minhas metas nesta gestão um trabalho direcionado as mulheres Tocantinenses. Tenho uma preocupação enorme com o alto índice de violência doméstica que atinge as mulheres do nosso Estado, e também as brasileiras, com casos que chocam e nos convocam a uma reflexão.

 

As manchetes dos jornais diariamente revelam esta triste realidade. As mulheres estão morrendo vítimas da crueldade, da violência silenciosa dentro do seu lar, na frente de seus filhos, praticadas por quem deveria proteger.

 

Vendo todos os dias notícias de violência contra a mulher na imprensa nacional me faço sempre a mesmas perguntas. O porquê de tanta violência? Afinal, por que vivemos numa sociedade tão autoritária e ameaçadora? Por que tantos destinos são traçados pelo simples fato de sermos do sexo feminino? Por que tantas mulheres são vítimas de abusos de caráter físico, psicológico, emocional e/ou sexual?

 

Essas perguntas sempre me vêm à cabeça quando abro o jornal e vejo o caso da jovem tocantinense de 23 anos, Ana Lúcia, assassinada pelo seu companheiro na frente de seu filho de três anos. Não podemos mais admitir que mulheres como a professora Heidy, assim como a Irene, a Edilene, a Suely e a Teresa, e tantas outras tocantinenses sejam brutalmente assassinadas no Estado. Crimes que somados a outros casos no Brasil compõem uma triste realidade brasileira.

 

A violência física infligida por um parceiro íntimo, por alguém que deveria amar e proteger, é infelizmente uma das formas mais comuns desse abuso.

 

Essa realidade empobrece as famílias e comunidades, consome os recursos dos governos e entrava o desenvolvimento econômico. Temos que unir forças para mudar esse panorama ultrajante e assustador, esforço que depende de cada um de nós, mulheres e homens.

 

Aqui no Tocantins só neste ano, de acordo com levantamento da Secretaria de Segurança Pública, Palmas teve 117 casos de lesão corporal dolosa contra a mulher de janeiro a junho. Em todo o Tocantins, neste mesmo período, foram 579 casos.

 

Nossa capital teve o maior crescimento do País, proporcional ao número de habitantes, da taxa de homicídios, 951,6%, se considerado o período entre 2006 a 2013, mesmo tempo em que vigora a Lei Maria da Penha. Números que infelizmente aumentam a estatística nacional e estampam as manchetes dos jornais. Mas, principalmente causam dor, tristeza e revolta aos familiares.

 

A campanha Quem Ama Abraça, desenvolvida pelo e pelo Instituto Magna Mater, uma ONG do Rio de Janeiro, em parceria com Governo do Estado juntamente com a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, e o Ministério Público Estadual, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça, OAB, Igrejas e meios de comunicação do Tocantins vem com o objetivo de conscientizar os homens que a violência não resolve nenhuma relação, que a violência destrói uma família, causa dor, e é o contrário do amor.

 

Essa campanha somada às ações que o Governo do Estado vem desenvolvendo através de políticas públicas de apoio as mulheres vitima da violência irão contribuir para a redução de índices tão negativos. A casa da mulher brasileira que será inaugurada em 2016, em Palmas, será um espaço de acolhimento e ajuda para quem sofre com essa realidade dentro de seus lares.

 

Quando as mulheres vítimas de violência se vêem sem alguém para apoiá-las e acuadas dentro de seu próprio lar, não conseguem ver um futuro para si. Com isso a vergonha, o medo e a falta de perspectiva fazem com que muitas mulheres se sujeitem a situações de violência.

 

A ação para acabar com a violência contra as mulheres exige a união dos poderes executivo, legislativo e judiciário juntamente com as entidades civis de apoio á mulher e toda a sociedade.   Enquanto a violência contra as mulheres continuar a existir não poderemos afirmar que estamos avançando realmente em direção à igualdade, ao desenvolvimento e à paz.

 

O Brasil só se tornará mais justo e mais igualitário, quando todas, nós mulheres tivermos nossos direitos respeitados.

 

Vamos juntos, todos, abraçar todas as mulheres tocantinenses, que cada mulher que esteja nesta condição se sinta amparada, cuidada e protegida.

 

Claudia Lelis é vice-governadora do Estado do Tocantins

 

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