Reeleição x Pandemia: uma caminhada inglória

Cinthia Ribeiro caminhava para um projeto natural de reeleição com certa folga, mas o destino a surpreendeu.

Cinthia Ribeiro
Descrição: Cinthia Ribeiro Crédito: Reprodução

Todos sabem que sou fã incondicional da pessoa e da prefeita Cinthia Ribeiro. Também sou um soldado de primeira hora em sua defesa. Apoio sua reeleição. Dito isso, posso então emitir uma opinião sobre o atual cenário que vive seu governo, na visão de quem dele participa, mas que o analisa fora da bolha do Paço Municipal.

 

Voltando na máquina do tempo, no ano de 2018, ninguém do meio político, nem mesmo Cinthia Ribeiro, acreditava na renúncia do prefeito Carlos Amastha. Até apostas (dizem as más línguas) rolaram em Palmas. Com a renúncia, a pesada caneta do Paço caiu em seu colo e ela teve que aprender a gerir a cidade e, de quebra, herdar uma gestão eivada de dívidas do seu antecessor, principalmente com servidores municipais.  Aos poucos, a confiança da população foi se estabelecendo e sua gestão ganhando musculatura. O jeito de agir e a sensibilidade feminina de Cinthia Ribeiro, entretanto, incomodaram o meio político local, historicamente machista e preconceituoso. Ainda assim, diante desse cenário adverso, sua credibilidade se consolidou em vários setores da sociedade.

 

A Prefeita caminhava para um projeto natural de reeleição com certa folga, mas o destino a surpreendeu. O vírus que provoca a Covid-19 surgiu e pegou não somente ela, mas o mundo de sobressalto. No Brasil, com um agravante: ano eleitoral e opositores mesquinhos e desumanos tentam tirar proveito político do caos instalado, pessoas insensíveis como o antecessor Carlos Amastha. Ele, que tem um carimbo bem grande estampado no seu passaporte político: “Abandonei a capital Palmas por ganância de poder”, hoje tenta emplacar seu afilhado político, o vereador Tiago Andrino, como candidato a prefeito de Palmas. Digo aos dois que o carimbo será sempre lembrado, não tenham dúvida.

 

Cinthia tem um secretariado técnico avesso a política, que não consegue balanceá-la, prejudicando a própria chefe. Os que possuem uma vivência política mais apurada estão isolados. Fazendo um paralelo com a culinária, falta, na gestão da Prefeita, uma mistura, um tempero, para dar um sabor ao paladar do eleitor, dos aliados, dos analistas, e isso é nítido. Nas rodas políticas, é sempre um ponto debatido. Em meio a esta crise, ela está ilhada, sozinha. Tem que administrar a cidade, controlar a pandemia, a pressão dos empresários e comerciantes que precisam trabalhar e dos pais que estão com os filhos em casa porque as aulas estão suspensas.

 

E, agora, os pastores, que tem uma abertura significativa na gestão, por causa da fé que a própria prefeita professa, vendo a receita das igrejas caírem, estão loucos pelo dízimo dos fiéis e barganham apoio político para liberação dos cultos. Pensam na vida dos fiéis? Com certeza não! O deus deles me parece ser outro – o dinheiro, não o Deus e o Jesus da Bíblia Sagrada que tanto pregam nos púlpitos. Muito triste escrever isso sendo um cristão praticante, mas é a realidade nua e crua.

 

Cinthia também não tem um porta-voz político para contrapor ataques dos adversários. Tem uma bancada fraca na Câmara Municipal, que nunca vestiu a camisa como as de outras gestões. Não os condeno, pois é nítido o motivo: parte da equipe de secretariado é estritamente técnica e atrapalha muito a relação entre os dois Poderes. Vereador gosta de ser bem atendido, nem que seja apenas para ser ouvido. O Senador Eduardo Gomes, por sua vez, é um aliado de boca, mas, de prática, caminha longe. Está envolvido com as gigantes crises nacionais provocadas pelo Presidente Jair Bolsonaro e se esconde atrás disso, em tempos que poderia ser um defensor de peso da gestão. A única deputada federal aliada também pouco se manifesta em sua defesa.

 

Para alcançar sua reeleição, Cinthia Ribeiro tem um curto caminho, e uma reflexão ampla sobre tudo isso pode ajudar. Parafraseando o saudoso jornalista Salomão Wenceslau, “é. Pois é. É isso aí.”. O caminho parece inglório, mas com atitudes de uma mulher guerreira pode vir a se tornar glorioso. O tempo responderá!

 

LUCIANO COELHO DE OLIVEIRA – Professor efetivo da Rede Municipal de Palmas – Pedagogo – Orientador Educacional, Especialista em Gestão Educacional – Palestrante – Diretor da ETI Daniel Batista.

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