Resultado da eleição palmense analisado por uma mulher

Mesmo sendo a maioria dos eleitores da Capital, as mulheres não terão nenhuma representante na Câmara Municipal. Quais motivos que levaram a esta realidade? Como reverter este quadro?

 

Sair da condição de cidadã votante para o exercício da cidadania ativa – ser votada - foi um grande avanço na história da mulher brasileira, mas a finalização da “marcha” com a vitória no pleito eleitoral, ainda representa um “obstáculo”, um passo largo a ser dado. Após a conquista do direito ao voto pela mulher – 1932 – temos hoje um cenário onde o público feminino representa a maioria do eleitorado brasileiro, quadro esse confirmado em nossa capital.

Os dados positivos não param por aí. Temos na Presidência da República, na Presidência do TSE mulheres que transpiram saber, que inspiram justiça e representam com  dignidade e  firmeza, sem contudo prescindir da sensibilidade feminina.

O leitor ou leitora podem estar a perguntar: Por que tais colocações? Vou analisar alguns dos recentes fatos políticos da nossa cidade, para “buscar” a resposta desse questionamento.

Passado mais de um mês do pleito eleitoral, a população palmense depara com um quadro que externa a oportunidade para a mudança. Novos eleitos, novas culturas e enfim, um prefeito, um vice-prefeito e dezenove vereadores consumados pela escolha democrática. Mas, entre os escolhidos, nenhuma mulher.

Concorri às eleições como candidata a vereadora, mas esta fala não diz respeito exclusivamente à minha pessoa. Envolve uma gama de mulheres que, mesmo sendo maioria no eleitorado palmense, não conseguiram emplacar, sequer, uma representante nas últimas eleições municipais. Representante esta que poderia ter sido eleita,  independente  de   partido, credo,  cor.... Mas que tivesse sido contemplada, pelo menos, uma mulher.

Defendo a importância da presença feminina na política eletiva,  destacando que essa participação não fica limitada aos segmentos temáticos direcionados, culturalmente, a nós, mulheres, pois a atenção em um mandato,  exclusivamente a assuntos específicos, qualquer que seja ele, é um tanto quanto nocivo a qualquer parlamento.

Considerando que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, a mulher  defende, com maior propriedade e interesse,  projetos e ações que incluem os anseios e as necessidades coletivas dela -  mulher mãe, mulher empreendedora, mulher esposa, mulher...mulher - . Ela sai em busca, entre tantas lutas, de  políticas públicas que as contemplem nos benefícios sociais, bem como  nos espaços de poder e decisão.

Questiona-se os por quês desse resultado – nenhuma mulher eleita em Palmas-TO. Inexistência de incentivo partidário? Falta de formação e conscientização política para mulheres? Ausência de ambição política pelas mulheres? Inexistência de uma agenda política de afirmação positiva da pluralidade e heterogeneidade para inclusão de grupos sociais sub-representados na nossa sociedade?   As “colocações” são inúmeras, mas a resposta está distante de ser exata. Ficará para ser elaborada, subjetivamente, no íntimo de cada eleitor ou eleitora. 

De tudo, a certeza que fica, é que a ausência da participação feminina nos ambientes de poder político denota um déficit nessa luta, situação essa histórica, mas que poderá ser, provisoriamente, compensada com outras modalidades de representatividade política institucional, objetivando efetivar a democracia absoluta.

Em tempo, deixo, data vênia, uma humilde sugestão ao próximo gestor do “executivo” municipal –  criação de uma Secretaria Municipal de Políticas para mulheres – como ocorre de maneira produtiva em nível federal e em alguns estados da federação. Quem sabe assim poderão ser minimizados os “sintomas’ da inexistência da mulher eleita no parlamento nossa cidade.

Já que os exemplos da atuação feminina nos espaços públicos de decisão são, ainda que mínimos, presentes positivamente em nosso país, clamo aos partidos políticos, aos gestores de órgãos públicos, ....., para que permitam um trabalho compartilhado de consciência e  saber políticos às mulheres, no sentido de favorecer a inserção e  apoio à participação da classe feminina na luta eletiva. Como resposta,  construiremos de forma paritária  o desenvolvimento da nossa capital, onde todos, homens e mulheres integrem e executem conjuntamente as ações públicas visando o equilíbrio e  realização dos interesses sociais.

 

Iolanda Pereira Castro

Professora universitária CEULP/ULBRA, Farmacêutica / Advogada / E-mail: iolandacomprido@hotmail.com

 

 

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